Luxuosos condomínios enfileirados a perder de vista. Culinária contemporânea, japonesa, bistrôs, pizzarias.
Todo o conforto a que os paulistanos estão acostumados é encontrado também na praia de areias brancas e mar azul de Juqueí (litoral norte de SP). Uns ocupam casas de veraneio nos quase cem condomínios fechados. Outros, lotam cerca de 50 pousadas.
Mas a estrutura que reproduz as comodidades paulistanas está levando para a badalada praia um dos maiores problemas da capital: os alagamentos. Nos últimos três anos eles aumentaram, dizem moradores e veranistas.
Eles, e associações consultadas pela Folha, apontam que os motivos para isso são a impermeabilização do solo trazida pelos novos empreendimentos e a falta de investimentos na estrutura de escoamento pluvial, que não acompanhou o boom de construções.
"Agora, qualquer chuvinha alaga", diz César Arnaldo Zimmer, 35, presidente da OAB local e morador de Juqueí há 18 anos. "As tubulações não suportam o montante de água. Com chuva de 30 mm, até já sei onde vai alagar: a região do shopping Monjolo", diz o chefe da Defesa Civil local, Carlos Eduardo dos Santos.
A pequena "meca" do consumo local fica no centrinho comercial, onde está o supermercado, a delegacia, a subprefeitura, e algumas pousadas e restaurantes.
Há dez dias, uma enchente de cerca de cinco horas, bem ali, transtornou o fim da temporada. Alguns gerentes de pousadas dizem que clientes ficaram presos sem poder sair ou entrar. Outros, remanejaram hóspedes para o andar de cima pois a água entrara nos quartos.
De acordo com o presidente da Samju (Associação Comunitária Amigos do Juquehy), Aloysio de Camargo Filho, o crescimento de Juqueí se acelerou a partir de 2000. Apenas de 2008 para cá, a prefeitura autorizou a construção de 41 condomínios e sete hotéis e pousadas.
A administração de São Sebastião informou, em nota, que tem feito levantamentos da drenagem de Juqueí e que "aguarda a finalização do processo que culminará com a pavimentação de diversas ruas do bairro para adotar as medidas cabíveis".
OUTROS PROBLEMAS Com o boom de condomínios, outros problemas surgiram, dizem moradores, veranistas e empresários.
Eles afirmam que houve migração de trabalhadores para atender as demandas da construção e de hotelaria, o que gerou ocupação desordenada e favelização do outro lado da Rio-Santos.
Também houve aumento na ocorrência de furtos e de roubos, dizem eles.