Evangélicos Supersticiosos?!?
Estamos vivendo um tempo singular na história dos evangélicos no Brasil. Há um grande crescimento numérico nas igrejas e um fervor evangelístico notório na vida dos cristãos. Praticamente não há templos vazios. Uma série de denominações novas estão surgindo e às vezes existem várias igrejas em uma mesma rua. Nomes interessantes como: "Igreja do Cuspe Santo", "Jesus foi ali e já Volta", "Diadema de Glória" e tantos outros proliferam revelando a diversidade e criatividade dos evangélicos.
Mas, a despeito dessa visibilidade e quantidade de igrejas, precisamos questionar se estamos de fato pregando um Evangelho firmado na Bíblia ou um "outro evangelho", fundado em tradições e costumes humanos. Como sabemos, a nação brasileira foi constituída através de três raças diferentes: o branco europeu, o negro africano e o índio sul-americano. Cada grupo trouxe sua contribuição religiosa, por isso, temos um catolicismo ibérico misturado com as religiões africanas e indígenas. Essa bagagem sincrética fez do brasileiro uma pessoa extremamente mística e crédula sobre tudo que versa a respeito da espiritualidade. É comum alguém acreditar em Cristo, ao mesmo tempo que acredita em São Jorge, Yemanjá e Padre Cícero. Acredita-se na Bíblia, no terço, no copo d'água, na mandinga e na figa. Ouve-se a palavra do Padre, da Mãe de Santo, do Pastor e da benzedeira. Tudo é aceito sem questionar se é verdade ou mentira. Não importa se está na Bíblia, o importante é se dá certo ou não. Essa é a condição daquele que não teve um encontro pessoal com Cristo e ainda está buscando saciar sua sede em cisternas rotas e sujas.
Porém, mais grave ainda, é a atitude de alguns evangélicos que, sem conhecimento da Palavra de Deus, utilizam aspectos das religiões populares em seu culto e prática. Temos visto com receio o que se prega em nome de Deus por aí. Parece que já existem evangélicos supersticiosos usando sal grosso, arruda, fitinhas, amuletos e rezas. Revelações estapafúrdias de pessoas desequilibradas e ignorantes da Palavra de Deus. Além da mercantilização das bênçãos de Deus nos intermináveis apelos, ou leilões, de dinheiro. Alguns pastores prometem curas, milagres, carros, felicidade nos relacionamentos interpessoais através de alguns trocados dados semanalmente.
Temos dois caminhos pela frente: o caminho largo que conduz à perdição ou o caminho estreito que nos leva à salvação. Não acredite em promessas instantâneas regadas a dinheiro. Tenha cuidado com os falsos profetas. A única forma de nos livrarmos dos enganos do inimigo é conhecendo a Palavra de Deus. Só assim teremos balizas seguras para separarmos o que é de Deus e o que é do homem e do Diabo.
Tenhamos em mente a advertência dada pelo Espírito santo através do apóstolo Paulo: "Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério."
Deus nos abençoe.
Maurício Abreu de Carvalho é pastor batista, professor de Teologia e História.