Responda rapidamente: qual sua reação ao encontrar os objetos fora do lugar ao chegar à sua casa? Se você deixa suas atividades habituais de lado para arrumar toda a bagunça, cuidado. Os pequenos rituais tipicamente ligados às mulheres podem ser válvula de escape da ansiedade. E, por isso, merecem atenção. O ideal é controlar suas manias para conquistar uma vida cada vez mais tranquila.
Muitas vezes confundida com capricho, as manias rondam as mulheres, principalmente no ambiente familiar. Briga com o marido porque os sapatos estão fora do lugar, acordar durante a noite para ver se o bebê está respirando, mexer na fechadura mais de uma vez para checar se a porta está trancada ou colocar as crianças de castigo por que derramaram água no piso que acabou de ser limpo são algumas delas. Vale lembrar que determinadas situações, de tão repetitivas, chegam a ser desgastantes para o relacionamento.
O principal fator que joga a favor das repetições é a ansiedade em excesso. Portanto, controlá-la é a melhor maneira de relaxar. Como a mania funciona como escape para a ansiedade, o tratamento deve começar por ela, explica Dayse Maria Mota Borges, psicóloga do Hospital Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
Xô, manias
Para quem está com o tempo ocioso, trabalhar é a melhor indicação. Isso mesmo, ocupar as horas vagas é uma boa alternativa para distrair a mente e deixá-la esquecer do que precisa ser arrumado. Trabalho funciona como terapia, mas nada em excesso para não agravar. O ideal é ter o período de trabalho alternado com descanso e se desligar da atividade quando estiver fora do expediente, recomenda a Dra. Dayse.
Exercícios físicos, alimentação balanceada e técnicas de relaxamento ajudam a controlar a ansiedade. Outra forma de deixar as manias para lá é treinar o pensamento com frases do tipo tudo tem seu tempo, pois de acordo com a especialista isto distrai o pensamento, não deixando a mulher ligada em outras atividades.
Quando a mania vira obsessão
De acordo com especialistas, quando as manias não são controladas, podem se agravar e levar ao Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Ele é comum e caracterizado pela presença de pensamentos, medos, dúvidas ou imagens repetitivas, desagradáveis e difíceis de afastar, mesmo que a pessoa tente ignorar, afirma Ricardo Cezar Torresan, psiquiatra e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Em resposta ao sofrimento resultante de pensamentos recorrentes como a dúvida sobre o gás desligado, comportamentos repetitivos aparecem.
Estudos apontam que uma pessoa leve até 18 anos para procurar ajuda especializada, por não considerar a mania um problema. O portador de TOC é muito crítico em relação ao que sente. Apesar de perceber o excesso, não há o controle até mesmo por vergonha, causando um grande sofrimento e impacto para a vida, explica Torresan.
Os tratamentos para o transtorno envolvem o uso de medicamentos antidepressivos que agem principalmente no equilíbrio da serotonina e a psicoterapia, que pode ser feita de forma individual ou em grupo.