Depressão: uso indiscriminado de medicamentos pode piorar o quadro

Depressão: uso indiscriminado de medicamentos pode piorar o quadro

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Pessoas com baixa autoestima, pessimistas e facilmente dominadas pelo estresse são mais propensas à depressão. Isso é o que indica a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, que esclarece que uma perda grave, uma relação difícil, problemas financeiros ou qualquer mudança estressante nos padrões de vida pode desencadear um episódio depressivo. Fique atento, pois uma combinação de fatores genéticos, psicológicos e ambientais está envolvida no desencadeamento de um transtorno depressivo.

Há cerca de um ano, o supervisor de telemarketing Carlos Pacheco estava passando por um período turbulento, no qual vinha enfrentando muitos problemas em casa, no trabalho e com a namorada. Tanto estresse levou o rapaz a um sentimento de tristeza profunda, desgosto e falta de vontade de fazer até as coisas de que mais gostava. Após observar o seu comportamento, uma colega de trabalho sugeriu que ele fosse a um especialista para verificar se havia a necessidade de iniciar algum tratamento. Ao procurar um psiquiatra, ele recebeu orientação para tomar um antidepressivo e um ansiolítico (Rivotril e Bup).

"Logo de cara eu já não gostei do médico. Só me fez duas perguntas: 'o que está acontecendo?' e 'por que você está vindo aqui?'. Não é isso que você quer ouvir quando está numa situação dessas. A consulta durou menos de cinco minutos, mas os efeitos do remédio foram devastadores. O psiquiatra não marcou nenhuma consulta para revisão e eu tive que parar de tomar os remédios e buscar melhorar por conta própria", conta.

Não tenha medo ou vergonha de fazer perguntas sobre as qualificações do profissional, que tipo de tratamento ele irá indicar e quais podem ser os efeitos colaterais dos remédios. "Tomei os remédios durante dois meses. A primeira reação foi a pior possível. Tomei e fiquei mais deprimido ainda. Eu dormia três dias seguidos e não conseguia parar de chorar. Sentia muito sono, mas todo mundo dizia que até o organismo se acostumar ia ser assim mesmo. Depois vi que aquilo não era mais necessário e nem voltei no médico".

Segundo a ABP, graças a anos de pesquisas, já existem medicações e terapias como a cognitiva-comportamental, a interpessoal e terapias baseadas na fala, que aliviam a dor da depressão. "Um transtorno depressivo é uma doença que envolve o corpo, o humor e os pensamentos. Afeta a maneira de a pessoa se alimentar e dormir, como ela se sente em relação a si própria e como pensa sobre as coisas. Um transtorno depressivo não é o mesmo que uma tristeza passageira", sugere o órgão.

Algumas pessoas com formas mais leves podem evoluir bem somente com psicoterapia. A ABP informa que os medicamentos antidepressivos não causam dependência. Entretanto, os antidepressivos têm de ser monitorados cuidadosamente e o médico deve verificar a dose e sua eficácia regularmente.

Fique atento aos sintomas

Sentimentos de culpa, desvalia, impotência; Energia diminuída, fadiga; Dificuldade de se concentrar, recordar, tomar decisões; Insônia, despertar precoce ou dormir demais; Perda de apetite e/ou peso ou comer demais e ganho de peso; Pensamentos de morte ou suicídio; tentativas de suicídio; Inquietação, irritabilidade; Sintomas físicos persistentes que não respondem ao tratamento, como cefaleias, transtornos digestivos e dores crônicas Não se deixe enganar

"O primeiro passo para um tratamento apropriado da depressão é um exame físico", alerta a ABP, que explica ainda que algumas medicações ou condições médicas podem causar os mesmos sintomas da depressão. Portanto, o médico deve afastar essas possibilidades por exame, entrevista e testes laboratoriais; a seguir, uma avaliação psicológica deve ser feita pelo médico para avaliar a necessidade de medicar o paciente.

Para um diagnóstico seguro, a avaliação médica deve considerar os seguintes pontos:

Histórico completo dos sintomas (quando começaram, quanto tempo duram, qual sua gravidade, se o paciente já os teve antes e, em caso afirmativo, se foram tratados e que tratamento foi dado); Uso de álcool e drogas e se o paciente pensa em morte ou suicídio; Histórico familiar (se há casos de doença depressiva e, caso tenham sido tratados, que tratamentos eles receberam e quais foram eficazes); Uma avaliação diagnóstica deve incluir um exame do estado mental, para determinar se os padrões de fala ou pensamento foram afetados, tal como ocorre ocasionalmente no caso de uma doença depressiva ou maníaco-depressiva. Postado por: Felipe Pinheiro

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