Veneza não é apenas a cidade sem carros, dominada pelas gôndolas e pelos prédios de fundações mergulhadas na água. A poucos minutos de vaporeto da Piazza San Marco está outra Veneza, menos monumental, de charme discreto e mais protegida das hordas de turistas.
O Lido é uma ilha comprida e estreita que fecha a laguna de Veneza e sempre foi ponto estratégico na proteção da cidade, uma antiga potência marítima. Tornou-se balneário famoso no século 19, quando abrigou o escritor Thomas Mann, que ali escreveu o romance Morte em Veneza, transformado mais tarde em filme por Luchino Visconti rodado ali mesmo, no Hotel des Bains, atualmente fechado para reforma que vai transformá-lo em condomínio.
Hoje o Lido é conhecido como a sede do Festival de Veneza e passa por uma revitalização que promete devolver-lhe o brilho dos tempos áureos. Enquanto isso, segue elegante e discreto. Descubra o há de interessante para se fazer por lá.
A praia de Veneza
Verdade que não é uma faixa de areia branquinha com coqueiros e mar azul. Mas a praia do Lido faz muito sucesso, principalmente na área do hotel Excelsior (Lungomare Marconi, 41), que sempre foi o point do Festival de Veneza e também está programado para passar por uma revitalização.
A praia é daquelas típicas da Europa, com suas barracas alugadas a preço de ouro. Tem seu charme. O terraço do hotel é onde os cineastas e atores se concentram durante o festival. O embarcadouro do hotel é o ponto de chegada de estrelas do porte de George Clooney, habitué do evento.
Caminhadas e passeios ciclísticos
Tudo bem que dá para andar de carro e até de ônibus no Lido, mas a graça mesmo é percorrer a pé ou de bicicleta as duas avenidas principais a Lungomare Marconi, à beira mar, e a Gran Viale Santa Maria Elisabetta, que corta a ilha entre a estação do vaporeto e o oceano. Ali concentra-se o comércio do Lido, com lojinhas de veraneio, cafés simpáticos e alguns lugares bons para se comer, como o tradicional Maleti (Gran Viale Santa Maria Elisabetta, 45), aberto até tarde na temporada e solução para aquela fominha ou vontade de tomar sorvete. O de iogurte com frutas vermelhas é imperdível.
Quem deseja fazer um piquenique também pode dar uma passadinha na Salumeria Da Ciano (Gran Viale Santa Maria Elisabetta, 47), com embutidos e queijos deliciosos a ricota é divina. Uma das joias do estilo liberty, o art noveau italiano, também fica na avenida: o hotel Hungaria (Gran Viale Santa Maria Elisabetta, 28), com sua fachada de cerâmicas multicoloridas e em alto-relevo. Saindo das vias principais, uma série de ruazinhas serpenteia ao longo dos canais ou em direções desordenadas, com casarões pelo caminho.
Para comer
O melhor restaurante da ilha é o La Favorita (Via Francesco Duodo, 33), que serve bons peixes em ambiente agradável, um terraço coberto. Outra boa pedida é o Andri (Via Lepanto, 21), com água servida em vidros de murano e o famoso e gigante antepasto de peixe, com vários tipos de frutos do mar típicos em Veneza, tudo fresquinho.
O Belvedere (Piazzale Santa Maria Elisabetta, 4), de frente para a estação do vaporeto, serve comida bem-feita no terraço, mas sua principal atração é o tiramisu della casa, de comer rezando. Pergunte antes se o cozinheiro teve tempo de fazer (o ritmo no Lido é outro). A Pasticceria Maggion (Via Dardanelli, 48), ao lado do Palazzo Del Cinema, é salva-vidas dos participantes sempre apressados do festival e agrada tanto por suas delícias quanto pela simpatia dos donos. Tortas doces e salgadas, pizzas, folhados e sanduíches são as especialidades de Sergio e Matteo Maggion, pai e filho, os únicos que sobraram na Itália o resto da família emigrou para o Brasil.
Onde ficar
Quem está atrás de glamour deve tentar o Excelsior mesmo. O Quattro Fontane (Via Quattro Fontane, 16), ao lado do Palazzo Del Cinema, é favorito de muita gente que frequenta o festival. O restaurante com mesas ao ar livre também é concorrido. Mais em conta, o simpático e renovado La Pergola di Venezia (Via Cipro, 15) fica numa ruazinha calma, travessa da Santa Maria Elisabetta.