A literatura bíblica, da qual faz parte o livro do Êxodo, está repleta de situações milagrosas, das quais fazem parte o relato incrível da abertura do mar e a travessia dos israelitas, fugindo da perseguição do faraó e de seu exército.
Segundo o livro de Êxodo, os israelitas saíram do Egito após 430 anos de escravidão, o relato da abertura do Mar é extremamente interessante. Após sete dias de caminhadas pelo deserto, ocorreu este episódio que é um dos mais espetaculares narrados pela Bíblia hebraica: a abertura do mar e a travessia dos israelitas por entre as muralhas formadas pelas águas, através de um caminho de chão seco, e a subsequente destruição do exército egípcio devido ao retorno das águas à sua posição original.
Portanto, sem querer trazer dúvida a sua fé, gostaria de esclarecer que nos textos originais diz que os israelitas atravessaram o Yam Suf (Mar de Junco ou Mar de Cana, Ex 15.4), que possui diversos significados possíveis, segundo diferentes estudiosos:
- Suf é um nome de lugar. Yam Suf é o oceano que vai até o fim do mundo. Mas o mar em questão é o mar oriental de frente para o Egito.
- Suf é um tipo de planta aquática, phiom enshari.
- A palavra hebraica suf é derivada da egípcia ptwfy, que significa “papiro (cana, junco)”. Junco ou Papiro ou Cana, cresce somente em água doce.
Literalmente, Mar Vermelho deveria ser traduzido como Yam Adom, e não Yam Suf.
Então, de onde vem a ideia de que o povo atravessou o Mar Vermelho?
Na mais antiga tradução conhecida da Bíblia – do hebraico para o grego – a Septuaginta (aproximadamente de 300 a.C.), a tradução de Yam Suf é Erythra Thalassa, que significa “Mar Vermelho.” Na Vulgata (cerca de 400d.C.), Yam Suf é traduzido como Mare Rubrum, “Mar Vermelho”. Esta tradução se manteve na tradição ocidental.
A primeira tradução da Bíblia do latim para inglês foi ordenada pelo Rei James em 1611. Supõe-se que na hora de traduzir a palavra Junco para (Reed), que significa Junco em inglês, esqueceu-se de um “e” e Reed virou Red (Vermelho), consequentemente este erro se alastrou por muitos países europeus.
Suf surge nas Escrituras como nome de vegetal ou de algumas espécies que crescem nas margens do Nilo. Em Ex 2:3 é lembrada por meio do material do qual foi feita a cesta de Moisés.
Suf nunca significou “vermelho”, mas sim, “juncos” (plantas)”.
Yam Suf pode ser traduzido como “mar/lago de juncos”.
Entendendo esta imprecisão, e estudando os textos originais em hebraico, podemos, sem muita hesitação, até localizar melhor o Yam Suf, o que na verdade poderia ser um lago de água doce.
As referências que temos ao Mar de Junco é em Êxodo 15:4, que é um texto poético, e Ex 13:18, os outros textos que se referem a travessia, fala apenas o “Mar”.
Para a exata localização do Yam Suf, devemos entender também que, em alguns milhares de anos, ocorreram mudanças geográficas na região, como o assoreamento de canais do Nilo e a mudança na posição das margens de Suez. Lagos secaram. Arqueólogos e construtores do canal de Suez encontraram restos de animais anfíbios em locais secos, e há evidências de que havia um canal fronteiriço no leste do Egito, dificultando a entrada de asiáticos.
Como podemos saber, então, onde ocorreu este evento? Através das diferentes conclusões dos estudiosos sobre a localização do mar da travessia, é possível verificar que há algo em comum entre os estudos: há uma grande probabilidade de que a travessia tenha ocorrido em algum ponto da linha norte-sul que liga o Mediterrâneo ao Golfo de Suez, ou nas suas proximidades, entre os lagos que existem ou que já existiram próximos ao Delta do Nilo.
Os estudos mais recentes apontam para a região dos Lagos/ Pantanos Timsah, Ballah, Bardawil ou Lagos Amargos, perto de Gósen, hoje são salgados devido à ligação com o canal de Suéz. O Mar Vermelho ficaria mais ao Sul destes Lagos.
Os israelitas não deixaram vestígios, matérias para arqueólogos poderem escavar (descobrir), pois eles eram nômades em uma jornada apressada. Mas vale ressaltar que as buscas nos textos originais podem aumentar nosso horizonte de conhecimento dos textos bíblicos, trazendo, portanto, mais riqueza de detalhes para o nosso entendimento.
Por Adriane Ferretti Salvitti, pastora da Igreja Apostólica Restaurando Nações - IARN Japão, palestrante nas áreas de saúde e espiritualidade fisioterapeuta e Health Coach e
Rodrigo Salvitti, pastor da Igreja Apostólica Restaurando Nações - IARN Japão, palestrante na aérea de espiritualidade e fisioterapeuta.
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