Em média, na maioria das igrejas, os cultos duram mais ou menos duas horas. Uma semana tem 168 horas, são sete dias de 24 horas, por mais que a cantilena sobre não ter tempo continue, é muito tempo, tempo demais.
A verdade é que arrumamos tempo para muitas coisas. Via de regra, coisas que nos interessam. Nem sempre pelos motivos certos, as vezes são perda de tempo, outras são puro desperdício de tempo e, em alguns casos, é só o absurdo exercício de jogar fora o tempo, essa matéria preciosa, única, que jamais volta.
Muita gente se satisfaz com aquela solitária ida semanal ao templo, entende que a conta está correta, que basta, e vida que segue. O problema é como segue a vida? É aqui que as coisas se complicam. Pois o dilema, de fato, não é se vou uma vez ou dez vezes ao templo, é como vou. Qual a motivação, qual o conteúdo, qual a intenção, qual a submissão?
Ser um cara legal, um modelo de marido, um ótimo pai, um sujeito compreensível, durante duas horas por semana é relativamente fácil. E vamos combinar, a maioria das pessoas consegue desempenhar esse papel. Gestos e caras de piedade aprende-se rapidinho. E impressionam. Mas não resolvem.
Sobre a mulher de César, diz-se que não bastava ela ser honesta, ela tinha que parecer honesta! Isso porque no Império Romano a valorização da aparência era altíssima. Séculos se passaram, porém o jogo das aparências continua letal em nossa sociedade. Servos de Cristo, no entanto, não jogam o jogo que o mundo joga, antes se pautam e caminham pelos valores do reino. E um destes valores cardeais diz exatamente o contrário do que se dizia sobre a mulher de Cesar. Ou seja, os que são discípulos de Cristo não podem apenas parecer, eles têm que ser.
A qualidade do culto que presto e ofereço a Deus quando estou no templo, está intimamente ligada à qualidade do culto que presto a Cristo nesta paróquia chamada mundo. Como O sirvo, como O adoro, como testemunho Seu amor, como, enfim, os meus próximos enxergam Cristo em mim e, como de fato vivo o evangelho nas 24 horas de cada dia determinará a profundidade do meu relacionamento com Deus em todo tempo, inclusive naquelas duas horas.
Foi isso que expressou o salmista quando no Salmo 113:3 declarou com toda sua força e emoção: “Desde o nascer até o pôr do sol, que o nome do Senhor seja louvado!” É isso! Louvo a Deus quando atendo bem um cliente, quando caminho ombro a ombro com meu cônjuge, quando sirvo meus filhos, quando sou gentil com os trabalhadores que me atendem no comércio, quando respeito as regras de trânsito, quando não furo a fila, quando caminho segundas milhas, quando consigo perdoar, quando... enfim, louvamos o Senhor do nascer ao pôr do sol sempre que vivemos uma vida que lhe agrada. Sim, dá pra cultuar ao Senhor nas 168 horas semanais!
Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".
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