O termo "antissemitismo" não encontra menção na Bíblia, sendo uma forma de ódio embasada em estereótipos, preconceitos e discriminação direcionada aos judeus, com raízes complexas e multifacetadas, fruto de fatores históricos, religiosos, sociais e políticos. Neste artigo, exploraremos suas origens e evolução ao longo do tempo.
Antes da cunhagem do termo "antissemitismo", o ódio aos judeus existia há muito tempo. Wilhelm Marr, jornalista nacionalista e político alemão, foi o responsável por criar o termo em 1879, referindo-se ao ódio judaico. A utilização do termo "antissemitismo" tornou-se mais abrangente para expressar a hostilidade em relação aos judeus.
Origens Antigas: Antes do Cristianismo e do Islã
O antissemitismo teve origem não nos judeus em si, mas na inveja da promessa de Deus a Abrão, o primeiro hebreu monoteísta. A história de Abrão revela uma conexão profunda entre a fé e a terra que Deus prometeu a ele e à sua descendência. Esse conflito, na verdade, possui raízes espirituais profundas.
Como está escrito: Disse o Senhor a Abrão... porque toda essa terra que vês (Canaã), eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. (...) e Abrão levantou ali um altar ao Senhor. (Gênesis 13:14-18). Deus disse a Abrão, Eu sou o Senhor que te tirei de Ur dos Caldeus, para dar-te por herança esta terra (Gênesis 15:7).
Sendo conciso, Abraão não criou uma religião. Não escreveu um livro sagrado. Não foi a pessoa mais perfeita da terra, entretanto, teve um encontro com Deus que mudou toda a história da sua vida, ao ponto de Deus falar: Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra (Gênesis 12:3).
Abraão teve vários filhos, mais os dois mais conhecidos são: Ismael e Isaque. O primeiro foi o primogênito de Hagar, serva de sua esposa Sara. O segundo, Isaque, filho de Sara. A Bíblia diz: Quanto a Ismael, eu te ouvi: abençoá-lo-ei, fá-lo-ei fecundo e o multiplicarei extraordinariamente; gerará doze príncipes, e dele farei uma grande nação. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo tempo, daqui a um ano.
De Ismael, irmão de Isaque, descende os árabes (Gênesis 25:12–18), enquanto de Isaque, os israelitas (que vem do no nome do seu filho, Jacó, que foi mudado por Deus para Israel, conforme Gênesis 32:28). Jacó teve doze filhos e uma filha. Dessas doze tribos, dez se tornaram o reino de Israel (reino do Norte), e duas formaram o reino de Judá (reino do Sul) (1 Reis 12:25-33).
O termo judeu vem de Judá, neto de Abraão, o quarto filho de Jacó e Lia (irmã de Raquel, vide Gênesis 29-49), do qual o reino do Sul, passou a ser chamado de Judá. Com a destruição do reino do Norte pelos Assírios (aprox. 722 a.C.), sobrou somente o reino do Sul, Judá. A partir daí, os babilônios denominaram os moradores da região de judeus. Depois os romanos, na época do imperador Adriano, diante de tantas revoltas judaicas, chamaram-na de Palestina, referindo-se aos Filisteus, antigos inimigos dos judeus.
As raízes do antissemitismo podem ser rastreadas até a Antiguidade, muito antes do cristianismo e do islã. As tensões entre os judeus e outros grupos étnicos frequentemente resultavam em hostilidade e discriminação. Conflitos com povos antigos como os egípcios, filisteus, assírios, babilônios, medos, persas, gregos, romanos, turco-otomanos e outros contribuíram para a hostilidade histórica em relação aos judeus.
Primórdios do Antissemitismo
A perseguição dos judeus está intrinsecamente relacionada com o crescimento do povo e com a sua religião em vários momentos da história. No entanto, esse conflito esconde uma dimensão espiritual que muitas vezes transcende a lógica, tornando-se uma questão demoníaca que promove a divisão entre os povos.
Alguns livros da Bíblia que narram as perseguições aos judeus:
1. Livro de Êxodo: Descreve a escravidão dos israelitas no Egito e sua subsequente libertação liderada por Moisés.
2. Livro de Ester: Narra a trama de Hamã para exterminar os judeus, que foi frustrada pela intervenção de Ester e Mardoqueu.
3. Livro de Lamentações: É um lamento poético sobre a destruição de Jerusalém e o exílio dos judeus.
4. Livro de Daniel: Contém histórias sobre a perseguição dos judeus durante o cativeiro babilônico.
5. Outros Profetas: Isaías, Jeremias e Ezequiel contêm previsões de eventos adversos que afetariam os judeus, incluindo invasões estrangeiras. Todos os profetas, de Moisés a tantos outros, profetizaram que se o povo abandonasse a Deus, praticando o que desagradava ao Senhor, geraria consequências catastróficas.
A Idade Média e a Expulsão dos Judeus
A Idade Média testemunhou a perseguição e a expulsão dos judeus de vários territórios europeus. A Inquisição espanhola, a Peste Negra e a associação dos judeus com usura exacerbaram o antissemitismo. Leis que restringiam seus direitos e mobilidade também eram comuns.
1. Difamação religiosa: O antissemitismo estava ligado a difamações religiosas, incluindo acusações infundadas de deicídio (morte de Cristo) que culminaram em perseguições e restrições à vida judaica.
2. Expulsão dos judeus da Inglaterra (1290): O rei Eduardo I emitiu um édito de expulsão que forçou os judeus a deixar a Inglaterra. O antissemitismo estava ligado a preocupações econômicas, bem como à propaganda que retratava os judeus como inimigos financeiros do Estado.
3. Expulsão dos judeus da Espanha (1492): A Inquisição Espanhola resultou na expulsão dos judeus que se recusaram a se converter ao cristianismo. Isso foi um reflexo da intolerância religiosa da época.
4. Expulsão dos judeus de vários territórios europeus: Expulsões semelhantes ocorreram em outros lugares, como na França e na Sicília, frequentemente relacionadas a preconceitos religiosos e acusações de usura (cobrança de juros).
O Antissemitismo na Era Moderna
O antissemitismo adquiriu novas dimensões com o surgimento de teorias pseudocientíficas que promoviam a superioridade racial, frequentemente denegrindo os judeus. O Holocausto nazista, um dos capítulos mais sombrios, resultou no genocídio sistemático de seis milhões de judeus. Isso destacou a necessidade de combater o antissemitismo para evitar a repetição de tais horrores.
O antissemitismo também permeou regimes totalitários como o nazismo, o socialismo, o comunismo e o fascismo, sempre encontrando um "bode expiatório" para justificar perseguições, expropriação de bens e abusos de poder. Hoje, o antissemitismo persiste em várias formas, incluindo discriminação, vandalismo e ataques violentos. Organizações e governos em todo o mundo trabalham para combater essa intolerância e promover a tolerância religiosa e étnica.
É essencial reconhecer a complexidade das raízes do antissemitismo e lembrar os horrores do Holocausto como um lembrete constante de que o preconceito e a discriminação nunca devem ser tolerados.
Um dos pontos mais sombrio da história do antissemitismo é o Holocausto, durante o regime nazista na Segunda Guerra Mundial, quando seis milhões de judeus foram assassinados. Esse evento chocante deixou cicatrizes profundas na consciência global e destacou a necessidade de combater o antissemitismo. E mais recentemente na invasão do grupo terrorista, Hamas, invadindo Israel, matando inúmeros civis e sequestrando crianças, idosos etc.
Enquanto as autoridades globais ficarem em cima do mundo, defendendo os seus próprios interesses econômicos, políticos e religiosos, atrocidades como essa continuarão a se repetir. É tempo de orarmos para que, Haja paz (Shalom) em Israel!, para que essa benção atinja todas as nações.
Maranata, ora vem, Senhor Jesus! Yeshua Hamashiah!
Fernando Moreira é bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), pastor na Igreja Batista do Povo, executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, membro de conselhos administrativos, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.
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