Fernando Moreira é formado em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação. Doutorado em teologia. Membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil. Associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Pelo que o direito se retirou, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas praças, e a retidão não pode entrar. Sim, a verdade sumiu... (Isaías 59:14)
Vivemos dias em que a verdade tropeça nas praças e a integridade não pode entrar. A mentira veste terno, fala manso e se apresenta em HD.
O engano hoje não é um sussurro; é um algoritmo. O “espírito do erro” ganhou corpo digital e bocas que buscam autopromoção e endeusamento: os falsos mestres e falsos profetas modernos.
Que de tempos em tempos surgem afirmando que são o único a terem a plena revelação de Deus e que ninguém tem mais sabedoria e conhecimento Bíblico do que eles. Na realidade são estagiários do diabo. Como Jesus disse: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (João 8:44).
A Bíblia advertiu que, nos últimos dias, o engano seria tão sofisticado que, “se possível fora, enganaria até os escolhidos” (Mateus 24:24). Esse espírito — que “nasceu” com a serpente no Éden — está ativo, reconfigurado pela tecnologia, pelos falsos mestres e pela frieza espiritual de uma geração anestesiada pela indiferença a Deus.
O pai da mentira e seu “novo” rosto
Desde o Éden, o inimigo opera com a mesma tática: distorcer a verdade e plantar dúvida. Hoje, ele não usa apenas serpentes — usa telas, e amplia sua voz pelos métodos antigos: líderes vaidosos, orgulhosos e que se autodenominam “enviados” de Deus para manifestar falsos ensinos e dúvidas no coração das pessoas desinformadas, i.e., que não conhecem a Bíblia.
O “pai da mentira” (João 8:44) agora fala por influenciadores espirituais, pastores digitais e aplicativos que prometem respostas divinas instantâneas. A velha tentação de ser “como Deus” (Gênesis 3:5) ressurgiu em forma de inteligência artificial: máquinas que prometem criar, decidir e julgar como se fossem divinas.
Num estudo recente, veio a alarmante constatação do número crescente de crianças, adolescentes e até adultos se “aconselhando” com os bots de Inteligência Artificial pastorais, psicólogos ou até de “pais ideais”. Enquanto isso, corações frios trocam discernimento por conveniência e verdade por conforto emocional.
O engano se tornou conveniente — e é por isso que ele prospera.
Os falsos profetas de ontem e de hoje
Do Antigo Testamento às redes sociais, a voz do engano é a mesma: “Assim diz o Senhor”, quando o Senhor nada disse (Jeremias 23:31). Antigamente, falsos profetas falavam em praças. Hoje, falam em Lives.
Alguns vendem “profecias personalizadas”, outros preveem o arrebatamento em contagens regressivas. Muitos criam comunidades digitais onde qualquer correção bíblica é chamada de “julgamento” ou contextualização.
O mesmo espírito mentiroso que enganou o rei Acabe (1 Reis 22:22) agora engana milhões de usuários através de espíritos digitais — vozes sedutoras que se disfarçam de sabedoria espiritual, mas negam a centralidade de Cristo.
O espírito do Anticristo e o coração frio da humanidade
O apóstolo João alertou: “O espírito do anticristo... já está no mundo” (1 João 4:3). Hoje, esse espírito se manifesta em três dimensões:
Na mente humana, que chama o mal de bem e o bem de mal (Isaías 5:20).
Nas plataformas, que promovem o engano e censuram a verdade (Provérbios 6:12).
Na frieza dos corações, que se acostumaram à mentira (Marcos 7:21-23).
O anticristo não surgirá apenas como uma figura política, mas como uma ideia global: a promessa de um mundo sem Deus, governado pela razão e pela tecnologia. O fim da fé e o advento da razão religiosa universal. Cada um será arquiteto do seu próprio deus, culto e “fé”. Santidade será um tema de chacota, não mais motivo para posicionamento diário. Porque a Bíblia diz: “... sem santidade ninguém verá a Deus” (Hebreus12:14).
A IA será o novo oráculo; os algoritmos, os novos sacerdotes. E os poucos líderes tementes ao verdadeiro Deus, zelosos pela Palavra e que lutam diariamente para ser santos e irrepreensíveis diante de Deus e dos homens. Contrapondo com a cultura dos “pastores modernos” que pregam enganos, como:
- Halloween é uma questão cultural americana, não há problema algum para o Cristão festejar.
- Carnaval é só uma expressão cultural, não há problema do Cristão festejar.
- “Acabei de beber minha cervejinha e meu whisky para subir no púlpito e pregar. Os fanáticos e religiosos que me apedrejem. Os fariseus modernos devem estar me condenando agora.”
- Jesus vai voltar no dia 23 de setembro de 2025 na celebração do Rosh Hoshana. Ano novo judaico.
- A Bíblia é um livro obsoleto que precisa ser contextualizada para as modernidades sociais da nossa época.
- A Bíblia não fala só sobre famílias tradicionais.
- Falar palavrão? Não há problema algum para o Cristão se expressar em todas as formas expressivas da Língua Portuguesa.
E assim inúmeras expressões de ódio à Palavra, a Deus e a tudo que se diz Jesus (Mateus 10:22; 24:9) surgem a cada dia, por estagiários do diabo, que por suas vaidades, ensinam mentiras, como Paulo disse em II Timóteo 4:3, “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos.”
A engenharia do engano: Bots, Deepfakes e a Ilusão da Verdade
A estratégia é antiga, mas agora industrial. Bots criam “consensos artificiais”, fazendo parecer que todos pensam igual. Deepfakes já geram vídeos de “Jesus” pregando doutrinas que Ele nunca disse.
Pastores virtuais são treinados para ensinar teologias de prosperidade sintéticas. Tudo soa convincente — até bíblico — mas é o espírito do erro, reprogramado em linguagem de máquina.
A IA não é má em si, mas nas mãos erradas torna-se uma arma espiritual de distração. Ela não precisa convencer as pessoas de que Deus não existe — basta fazê-las viver como se Ele fosse irrelevante.
Hoje, “influenciadores espirituais” prometem libertação emocional e terminam promovendo idolatria moderna. A fórmula é a mesma: carisma + promessa + engano. E a multidão, como no século XVII, segue o falso salvador — só que agora em tempo real, com milhões de seguidores.
O antídoto: discernimento e verdade
A resposta divina é simples e poderosa: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). O verdadeiro discernimento não vem de processadores, mas do Espírito Santo. Ele é o “Espírito da Verdade” (João 16:13), aquele que guia, convence e protege.
Sem intimidade com Ele, o cristão se torna presa fácil de qualquer voz que soe espiritual. O apóstolo Paulo nos avisou que viria “a operação do erro” (2 Tessalonicenses 2:11).
Essa operação hoje é digital, emocional e ideológica, mas quem ama a verdade não será levado pelo fluxo do engano. O grande desafio da igreja moderna é: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo” (I João 2:15-6).
O exemplo da paciência do Inimigo
O mal não é impaciente. Ele é estratégico. Como no filme Nefarius, o diabo não destrói de uma vez — ele corrompe aos poucos. Primeiro ridiculariza a fé, depois relativiza a verdade, até que o erro pareça razoável.
Assim também o engano digital: começa com distração, evolui para confusão e termina em apostasia.
A humanidade está sendo fervida lentamente — e poucos percebem o aumento da temperatura.
Quem perseverar até o fim: será salvo!
O espírito do engano é real, mas o Espírito da Verdade é eterno. Em um mundo onde as mentiras são programadas, a comunhão com Deus e uns com os outros, é o novo ato de resistência.
É na mesa da igreja, não na tela do celular, que o coração é reaquecido. É no estudo fiel das Escrituras, não nos vídeos virais, que a fé é fortalecida. Jesus já nos alertou: “Acautelai-vos; eis que de antemão vos tenho dito tudo.” (Marcos 13:23).
A verdade não está desaparecendo — está sendo substituída por versões mais confortáveis, mas os que amam a Palavra e andam no Espírito reconhecerão a diferença entre luz e sombra (Malaquias 3:18).
O espírito do engano tem novas ferramentas, mas a mesma missão: afastar o homem da Verdade que liberta. A IA pode simular emoções, mas não pode gerar arrependimento. Pode prever comportamentos, mas não pode discernir corações. Pode criar imagens que falam, mas nunca criará vida.
No fim, a batalha não é entre tecnologia e fé, mas entre mentira e Verdade. E a Verdade não é um conceito — é uma Pessoa. Seu nome é Jesus Cristo.
“Permanecei, pois, firmes, cingidos com o cinto da verdade.” (Efésios 6:14)
Jesus está voltando! Desperta, tu que dormes e Cristo te iluminará!
Fernando Moreira (@prfernandomor) é Pastor, Doutor em Teologia e Mestre em Computação. MBA em Vendas e Marketing. Membro da Academia de Letras. Une o conhecimento técnico, teológico e executivo. Escritor.
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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