A centésima ovelha

A centésima ovelha

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:26

Jesus, o bom pastor, contou uma parábola imortal, falando do pastor que foi buscar a centésima ovelha, e depois de achá-la festejou seu resgate e alegrou-se com seus amigos. Essa parábola enseja-nos três preciosas lições:

Em primeiro lugar, a ovelha perdeu-se porque afastou-se do rebanho. A ovelha é um animal míope, inseguro, indefeso e também rebelde. Ela não pode proteger-se contra os predadores. Ela não tem um bom senso de direção. Sua segurança está em ficar perto do pastor e junto do rebanho. Sempre que se desgarra e se afasta da companhia das outras ovelhas, está sujeita a cair e ferir-se. A figura da ovelha é sugestiva. Não é por acaso que Jesus viu os homens aflitos como ovelhas sem pastor. Mesmo depois de convertidos somos ovelhas. Não podemos caminhar fiados em nossa própria força. Dependemos de Deus e uns dos outros. Não podemos nos afastar da congregação. Não é seguro viver isolado do rebanho.

Em segundo lugar, o pastor não desistiu da ovelha pelo fato de ela ter se afastado do rebanho. O pastor poderia ter encontrado justificativas plausíveis para abandonar a ovelha perdida à sua própria sorte. Talvez, o pastor já tivesse alertado aquela ovelha sobre os perigos da solidão. Talvez, algumas vezes, o pastor já tivesse flagrado aquela ovelha se distanciando do rebanho e caminhando na direção de lugares perigosos. Talvez o pastor pudesse alegrar-se com o fato de que tinha ainda em segurança noventa e nove ovelhas que estavam debaixo do seu cuidado e proteção. O pastor não discutiu as razões da queda da ovelha. Ele foi buscá-la. Ele enfrentou riscos para resgatá-la. Ele não desistiu dela e não voltou para o aprisco até trazê-la em seus braços. Precisamos ter o mesmo empenho na restauração daqueles que se afastaram. Precisamos demonstrar pressa para resgatar aqueles que caíram. Precisamos amar aqueles que desobedeceram e se desviaram. Precisamos amá-los e trazê-los de volta ao rebanho de Cristo.

Em terceiro lugar, o pastor festejou a recuperação da ovelha perdida. O pastor não esmagou a ovelha com seu cajado ao encontrá-la; ele a tomou em seus braços. Ele não a mandou embora por ter lhe criado problemas; ele a carregou no colo. Ele não se aborreceu com o preço do resgate; ele festejou com seus amigos a restauração da ovelha perdida. Precisamos não apenas ir buscar a centésima ovelha, mas precisamos nos alegrar com sua restauração. Há festa nos céus por um pecador que se arrepende. A igreja é lugar de vida e restauração. A igreja é lugar de cura e perdão. A igreja é lugar de aceitação e reconciliação. A igreja é lugar de disciplina e recomeço. A disciplina é um ato responsável de amor. A disciplina visa a proteção do rebanho e a recuperação da centésima ovelha. Não basta nos alegrarmos com as ovelhas que estão em segurança no aprisco; devemos buscar a centésima ovelha que se dispersou. O Senhor Deus perdoou Davi e o restaurou depois de seu adultério com Bate-Seba. Jesus foi ao encontro de Pedro depois de sua queda para lhe restaurar a alma. Paulo ordenou à igreja de Corinto a perdoar o irmão faltoso, que havia se arrependido. Nós, de igual modo, devemos ir buscar aqueles que outrora estiveram conosco e hoje estão distantes. Essas pessoas devem ser alvos da nossa oração e do nosso cuidado pastoral. Não devemos descansar até vê-las restauradas por Deus e reintegradas em seu rebanho.

Rev. Hernandes Dias Lopes fez o seu curso de Bacharel em Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas-SP no período de 1978 a 1981 e o seu Doutorado em Ministério no Reformed Theological Seminary, em Jackson, Mississippi, nos Estados Unidos no período de 2000 a 2001. Foi pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Bragança Paulista no período de 1982 a 1984 e desde 1985 é o pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-IPB. É conferencista e escritor, com mais de 70 obras disponíveis em seu site: www.hernandesdiaslopes.com.br .

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