No tabernáculo havia um candelabro, com hastes de ouro. O candelabro é feito para espargir luz. Esse mobiliário do santuário é um emblema da igreja. Existimos para refletir a luz de Cristo. Somos a luz do mundo. Somos luzeiros na escuridão deste mundo tenebroso. Precisamos entender, porém, quem somos para não nos gloriarmos em nós.
Em primeiro lugar, a luz que brilha em nós e através de nós não procede de nós mesmos. Somos os dutos do candelabro. Somos o pavio de estopa. Esse pavio é o canal por onde passa o azeite e produz o fogo. Não temos luz própria nem produzimos o fogo. Um pavio de estopa sem azeite queima e vira um borrão encarvoado, produzindo fumaça e não luz. Embaça o ambiente em vez de iluminá-lo. Oh, como é triste quando o pavio de estopa, arrogantemente, imagina que é a fonte da luz! Sem azeite, o pavio fica chamuscado. Sem o banho do azeite, a luz que o pavio produz logo se apaga. Sem azeite o pavio nada produz senão fumaceira e carvão. O pavio não tem luz para dar. Não é o pavio que queima, mas o azeite que o satura. Somos apenas o veículo entre o azeite e o fogo.
Em segundo lugar, a luz que brilha em nós e através de nós procede do azeite. O azeite é um símbolo do Espírito Santo. Só por meio do Espírito é que podemos brilhar. É o Espírito Santo quem nos transforma na imagem de Cristo. Nós não temos luz em nós mesmos. Apenas refletimos a luz de Cristo, o Sol da Justiça. Somos como a lua, ela só brilha na medida em que reflete a luz do sol. Quando o pavio de estopa imagina que pode produzir fogo sem o azeite, inevitavelmente se tornará carvão que nada mais serve senão para sujar o ambiente e poluí-lo.
Em terceiro lugar, a luz que brilha em nós e através de nós mantém o fogo aceso. Se o fogo que arde em nós não é produzido pelo azeite, então, é um fogo falso. Porém, se somos um pavio de estopa encharcado de azeite, então, o fogo arderá em nossa vida e o mundo verá a luz de Cristo em nós e através de nós. Deus se manifestou muitas vezes através do fogo. Ele é fogo. Sua palavra é fogo. Ele faz de seus ministros labaredas de fogo. Ele batiza com o Espírito Santo e com fogo. O Espírito Santo foi derramado em línguas como de fogo. Esse fogo não pode apagar no altar da nossa vida. O fervor jamais pode extinguir-se em nosso coração.
Em quarto lugar, a luz que brilha em nós e através de nós precisa de pavios de estopa limpos. Espevitadeiras de ouro eram usadas para tirar os borrões dos pavios de estopa e limpá-los. Pavios encarvoados produzem poluição. Entenebrecem o ambiente em vez de iluminá-lo. Precisamos constantemente de azeite e aparagem na estopa do nosso pavio. Precisamos ser limpos para brilharmos com a mesma intensidade até o final. Se o pavio de estopa não for limpo periodicamente e se as pontas carbonizadas não forem removidas, ele produzirá uma fumaceira tóxica. Assim é com a nossa vida. Precisamos ser purificados. Precisamos nos desvencilhar daquelas borras de carvão que vão se instalando em nossa vida, tirando de nós o brilho da glória de Cristo e o calor espiritual.
Em quinto lugar, a luz que brilha em nós e através de nós precisa de azeite puro. Deus deu instruções claras a Moisés acerca do azeite que deveria ser usado. Azeite falso produz uma luz bruxuleante. Não podemos imitar a obra do Espírito. Não podemos substituir a ação do Espírito por simulacros humanos. Usar azeite falso, manipulado pela artimanha humana, é produzir uma fumaceira lôbrega em vez de espargir a luz. Mais do que insensatez, é consumada rebeldia contra Deus tentar substituir a obra Espírito Santo pelas imitações humanas. Que jamais nos esqueçamos que somos apenas um pavio de estopa. Somos o canal entre o azeite e o fogo. Nossa vocação é espargir a luz, a luz de Cristo!
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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