Nesta parceria do casamento temos o homem como cabeça e a mulher como sua ajudadora. Isto significa não apenas o auxilio da esposa por meio de conselhos, como também envolve distribuição de tarefas a cada um dos cônjuges. O fato do homem ser o responsável pelas decisões não significa que ele tenha que centralizar as tarefas. Algumas delas são claramente designadas às mulheres. Por exemplo, de quem é a responsabilidade de administrar o lar?
A Bíblia refere-se às mulheres como “donas de casa”; encontramos este tipo de afirmação tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. A viúva que hospedou Elias foi chamada assim (1 Re 17.17) e na epístola de Paulo a Tito, as mulheres, de forma generalizada também são assim denominadas (Tt 2.5). Isto não quer dizer que a casa seja só delas, mas que o dever e a responsabilidade do cuidado e condução do lar (com suas tarefas) pertence à esposa.
Encontramos textos bíblicos que falam do homem cuidando dos “trabalhos de fora” (Pv 24.27), que na época envolviam a lavoura, a caça e os negócios a serem feitos. É por isso que a mulher adúltera mencionada no Livro de Provérbios refere-se ao marido que foi viajar (Pv 7.19,20), porque isto era dever do homem e não da mulher. E quem cuidava da casa e dos filhos na ausência do marido (que tem como um dos seus deveres ser o provedor do lar) era a mulher.
O trabalho da mulher sempre foi uma parceria com o homem. Ele caça e pesca, ela cozinha. Ele apascenta o rebanho e ela cuida da tosquia e de recolher o leite. Ele colhe o fruto da terra e ela prepara. Ele traz tecido ou couro e ela confecciona as roupas. Os detalhes da economia, do funcionamento da industria e do ganho do pão diário mudaram muito, mas a ideia divina de parceria permanece a mesma!
O Livro de Provérbios apresenta uma mulher que conduz com maestria a administração de seu lar:
“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias. O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho e de bom grado trabalha com as mãos. É como o navio mercante: de longe traz o seu pão. É ainda noite, e já se levanta, e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas. Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com as rendas do seu trabalho. Cinge os lombos de força e fortalece os braços. Ela percebe que o seu ganho é bom; a sua lâmpada não se apaga de noite. Estende as mãos ao fuso, mãos que pegam na roca. Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado. No tocante à sua casa, não teme a neve, pois todos andam vestidos de lã escarlate. Faz para si cobertas, veste-se de linho fino e de púrpura. Seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra. Ela faz roupas de linho fino, e vende-as, e dá cintas aos mercadores. A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações. Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça”. (Provérbios 31.10-27)
Penso que a frase “atende ao bom andamento da sua casa” deixa muito claro este papel da administração do lar. Fico cansado só de ler esta lista de trabalho! É por isso que o texto diz acerca da mulher virtuosa: “e não come o pão da preguiça”. O trabalho do lar não é leve e nem tampouco insignificante. Não é tarefa para alguém despreparada. Se a mulher ajudar o marido na administração financeira, certamente fará com os ganhos familiares se multipliquem!
A mulher ser boa dona de casa é algo que se aprende. E também era parte da mensagem pregada pela Igreja do Senhor Jesus desde o seu início:
“Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada”. (Tito 2.3-5)
Alguns grupos cristãos são contrários à ideia das mulheres trabalharem fora. Não estou advogando isto, em hipótese alguma. A parceria de trabalho do casal, que apresentamos há pouco, mostra as mulheres desempenhando tarefas de alta responsabilidade e, com a mudança de configuração atual do modelo de trabalho e sustento, é justo que o envolvimento da mulher num mercado de trabalho também mude. Por exemplo, é evidente que elas já não tecem com as mãos toda a roupa da casa!
Penso que a questão a ser abordada não é a esposa trabalhar ou não fora, e sim se o fato de trabalhar fora irá interferir em seus deveres como esposa (e mãe). Ao falar sobre o dever dos maridos, como provedores do lar, comentei que há muitas situações em que a mulher também trabalha fora e coopera com o sustento da casa. Não creio que isto seja errado desde que o cuidado do marido e dos filhos não seja comprometido (o que, infelizmente, não tem acontecido com muitos casais que trabalham fora).
Quando Kelly e eu nos casamos, ela cursava a faculdade pelas manhãs, trabalhava às tardes e me ajudava no ministério às noites. E é lógico que eu, por outro lado, a auxiliava nas tarefas do lar, limpando a casa, fazendo compras, cozinhando (muito pouco), lavando a louça e as roupas (a exceção ficava por conta de passar a roupa que, antes de casar, prometi a ela só fazer em situações de extrema emergência). Acredito que se é correto a mulher ajudar o marido a trazer o sustento para o lar, também é correto que o marido a auxilie com os filhos e as tarefas da casa. Embora vale ressaltar que nossos acordos nesta distribuição de tarefas sempre se ajustou em períodos em que pudemos contratar alguém para trabalhar em nossa casa ajudando-nos principalmente com as questões da limpeza.
Porém, quando nossos filhos nasceram, ajustamos algumas coisas para que a Kelly não negligenciasse seu papel de mãe (o que ela sempre fez fantasticamente bem); ela concluiu seus estudos e passou a trabalhar somente às tardes e sair bem menos do que antes às noites. Como minha esposa é pedagoga e trabalhava sempre no horário em que matriculamos as crianças na escola, seu tempo fora de casa nunca interferiu no cuidado das crianças (aliás as crianças só estudavam na escola em que ela trabalhava, portanto sempre estavam indo e voltando juntos). Mesmo hoje, no ministério em tempo integral, salvo raras exceções, a Kelly dedica as manhãs para os filhos e a casa.