O sentimento que começa com uma paixão avassaladora ou que vai crescendo devagarinho até se tornar algo do tipo, se transformando nessa chama ardente que dispara no nosso coração e faz com que esqueçamos como respirar, passa. Ele não arde todo dia.
Mas quem aguentaria queimar a vida inteira? A chama ousada que começa o relacionamento, se estabiliza, ela se torna suave, leve e continua a manter ambos aquecidos.
Essa chama leve é que esquenta nossos corações quando olhamos para o nosso cônjuge e sentimentos aquela onda de afeto por saber que aquela pessoa agora é parte de nós, que podemos beijar quando quisermos, abraçar quando quisermos e que podemos partilhar de tudo na vida com ela.
Porém, o fogo, mesmo suave, precisa de combustível. Logo, é preciso adicionar lenha de tempo em tempo; lenha em forma de cuidado, de tempo intencional, de palavras, de lembranças, de ações, lenha que mostre que o fogo do amor continua aceso em seu coração, do contrário, a chama cessa.
Amor, você já deve ter ouvido por aí, não é sentimento, amor é ação, amor é escolha. Da mesma forma que uma fogueira não fica acesa sem interferência, o amor vai morrendo e se apagando se ninguém fizer nada. Amar precisa ser intencional, precisa ser todo dia. Com o passar dos dias e anos, precisamos nos tornar mais e mais íntimos dessa pessoa que amamos, e não mais e mais distantes.
E não basta e gente apenas ir até o outro, precisamos deixar o outro vir até nós também. O fogo não consegue se manter aceso sem oxigênio. Se começamos a nos fechar em nós mesmos, construindo paredes, nos isolando completamente, por mais que o outro esteja lutando, a chama vai apagar, porque ele está tentando sozinho.
O amor não arde todo dia. Precisamos aprender a ver a beleza da rotina, o privilégio que é acordar todos os dias e poder simplesmente virar para o lado e dizer bom dia, precisamos apreciar o tempo cheio de tarefas ou cheio de nada-para-fazer que temos com quem amamos. Não precisamos perder para dar valor, precisamos só lembrar de alimentar essa chama constante, de cultivar o outro e de nos mantermos abertos, e essa chama que aquece os corações, na medida certa, vai continuar acesa e nós vamos continuar lembrando que amar é muito mais sobre o outro do que sobre a gente.
Mariana Mendes, casada com Leandro, autora de O Relógio de Nina. Membro da IAP do Parque. Filha do Pai e filha de pastor. Apaixonada por livros, por culinária e por observar os detalhes da vida, a fim de enxergar a rotina com novos olhares.
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