“Se esta obra é de Deus...”

Existe uma grande tendência no meio da atual “febre” em busca de experiências espirituais, na intenção de provar biblicamente muitas manifestações como sendo provenientes de Deus.

Fonte: Guiame, Roberto CruvinelAtualizado: segunda-feira, 24 de junho de 2019 às 14:49
(Foto: Daniel Leeves)
(Foto: Daniel Leeves)

Em nossos dias quando os fatos são processados rapidamente; o que era novidade, em pouco tempo torna-se obsoleto, sendo substituído por algo mais moderno.

Da mesma forma, este espírito de modernização está de maneira sutil, porém metódica, adentrando em diversas (não poucas) igrejas. Não estou me referindo ao aspecto administrativo, e sim, à forma de adoração a Deus.

Muitos teólogos e pregadores leigos estão optando pela modernização, não só da administração da igreja, mas também, tentando adaptar a Palavra de Deus às circunstâncias que se apresentam em nossos dias.

Muitas manifestações estão acontecendo no meio evangélico, levando muitos cristãos a, no mínimo, não se definir e se posicionarem a respeito desta ou daquela manifestação pseudo espiritual, não sabendo se atribuem o acontecimento a Deus ou não. Esta realidade dá-se devido a um conhecimento superficial da Palavra e a falta de disposição para a pesquisa séria da Bíblia.

Preocupa-me observar que existe uma grande tendência no meio da atual “febre” em busca de experiências espirituais, para a pseudologia na intenção de provar biblicamente muitas manifestações como sendo provenientes de Deus.

Sem dúvida alguma, podemos observar que há um grande derramamento do Espírito Santo acontecendo em vários lugares, todavia, podemos ver também movimentos espúrios com relação à sã doutrina. Sejam em escritos ou movimentos religiosos, observamos o joio crescendo de maneira vertiginosa no seio da igreja e, apesar da similitude entre joio e trigo, eles não são necessariamente iguais (MT 13.24-30; 36-43), e para  diferenciá-los urge estarmos abalizados e alicerçados nas Escrituras., pois a Palavra de Deus coloca limites ao homem (1 Co 4.6; Dt 29.29).

É espantosa a velocidade com que algumas inovações estão entrando nas igrejas, e mais espantoso ainda é ver soldados de Cristo agirem de forma inoperante diante da batalha que se lhes apresenta. Muitos não querem comprometer-se, isto quando não estão contaminados pelo evangelho sensacionalista, heterodoxo, regado e dirigido por experiências espirituais que não encontram respaldo bíblico.

Interessante observarmos que para alguns a Bíblia ficou em segundo plano e, quando propomos julgar determinados movimentos à luz da Palavra de Deus, os arautos do modernismo teológico, colocam sempre as suas convicções à base de manifestações sobrenaturais particulares ( o que não quer dizer que sejam oriundas de Deus), acima da autoridade bíblica, da mesma maneira que o romanismo tem feito por séculos e séculos.

A Bíblia declara sua própria autoridade (2 Co 13.8), e, devido  a atual confusão que certas doutrinas fermentaram no meio evangélico é que propomos esta reflexão uma vez que é nossa responsabilidade propagar a mensagem do evangelho de modo sadio e com denodo (1 Pe 3.15; Fp 1.27).

Alguns irmãos encontram refúgio no parecer de Gamaliel (At 5.38,39) para não tomarem uma posição definida sobre as aberrações doutrinárias e manifestações sobrenaturais que estão surgindo em diversos lugares. Baseados neste texto, advogam que, se alguns movimentos ditos evangélicos, não provém de Deus, certamente perecerão, caso contrário permanecerão e crescerão, como se o crescimento representasse a aprovação de Deus, deixando assim, de proferir opinião.

Partindo deste ponto de vista, poder-se-ia dizer que as doutrinas do sabatismo, romanismo e russelismo, entre tantas outras, têm a aprovação de Deus uma vez que continuam crescendo. Porém sabemos que, escrituristicamente, estas seitas esposam postulados doutrinários que são verdadeiras heresias, afrontando o verdadeiro cristianismo. Quero salientar a forte tendência judaizante esposada por várias igrejas, não no sentido didático de estudar a tipologia bíblica, mas ensinando o uso de elementos e objetos judaicos como necessários à igreja (o que em outro artigo explicarei melhor).

Para não incorrermos no erro do julgamento, perseguindo nossos irmãos que não abraçaram os mesmo costumes e pontos de vista que não são fundamentais para a salvação, como ocorreu cruelmente durante todo período histórico da Igreja, é necessário analisarmos todo e qualquer movimento espiritual ou doutrinário de um ponto de vista profundamente bíblico e não de maneira dogmática, para que não ocorram injustiças e surjam celeumas no corpo de Cristo.

Por outro lado, não podemos, a título de manter a comunhão, permitir que haja infiltração de doutrinas e procedimentos espúrios e a igreja seja contaminada com ensinos que não encontram respaldo bíblico, ou se estribem em textos sofismaticamente interpretados.

Por Roberto Cruvinel, pastor da Igreja AD Pleroma e O Brasil para Cristo, mestre em Teologia, especialização em Filosofia Cristã, Professor de grego bíblico - Diretor da Escola Teológica Pr. Virgílio dos Santos Rodrigues.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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