Após o reinado do rei Xerxes (também conhecido como Assuero), que governou de 486 a.C. a 465 a.C., o ministério do profeta Malaquias ocorreu durante os reinados de Artaxerxes I (464 a.C. a 423 a.C.) e Dario II (423 a.C. a 404 a.C.).
Diversos eventos significativos já haviam ocorrido antes do ministério de Malaquias, entre eles:
- A queda da Babilônia em 539 a.C., durante o reinado de Belsazar.
- A ascensão de Dario I ao trono do Império Medo-Persa em 538 a.C.
- O retorno de aproximadamente 50.000 judeus à Palestina em 538 a.C., liderados por Zorobabel.
- A conclusão da reconstrução do Segundo Templo em Jerusalém em 515 a.C.
- A viagem de Esdras a Jerusalém em 457 a.C.
- A chegada de Neemias a Jerusalém em 445 a.C.
- A reconstrução dos muros da cidade em 444 a.C.
A segunda leva de judeus para repovoar Judá e Jerusalém ocorreu por volta de 464 a.C., durante o reinado de Artaxerxes I.
Do período do Profeta:
Já se haviam passado cerca de cem anos desde o retorno dos judeus à Palestina, e mais uma vez a apostasia havia se espalhado por Judá.
Eis que o povo, endurecido em seu coração, começou a trilhar novamente os caminhos da transgressão à torá. Lentamente, voltaram às mesmas práticas que outrora provocaram a ira do Senhor e lançaram a nação ao cativeiro da Babilônia. Como o cão que retorna ao seu vômito, assim Judá se afastava da aliança, desprezando os estatutos do Altíssimo.
A corrupção alastrou-se como lepra entre os líderes religiosos e o povo; o roubo, a feitiçaria e a idolatria tornaram-se práticas comuns, como se o Senhor não visse. Os casamentos mistos profanaram a aliança, e os pobres, as viúvas e os necessitados foram explorados sem misericórdia.
Da mensagem:
Muitos têm se apegado a trechos isolados do livro de Malaquias, especialmente ao capítulo 3, para sustentar doutrinas distorcidas sobre o dízimo. Com interpretações parciais e descontextualizadas, impõem fardos pesados sobre os fiéis, ameaçando-os com maldições e medo, como se a bênção de Deus estivesse à venda.
Esquecem-se de que o profeta Malaquias não falava apenas ao povo, mas principalmente aos sacerdotes corruptos, que haviam negligenciado a aliança mosaica e profanado as leis do Senhor. O chamado ao arrependimento era uma convocação à fidelidade, à justiça e à restauração da verdadeira adoração — não uma ferramenta para manipulação financeira.
O Senhor, que sonda os corações, não se agrada de ofertas forçadas nem de sacrifícios motivados pelo temor de maldição. Ele deseja obediência sincera, generosidade voluntária e um coração íntegro diante d’Ele.
“Porque Eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Malaquias 3:6).
O coração do povo havia se corrompido, pois só desejava ofertar se houvesse promessa de retorno. O dízimo tornara-se uma moeda de troca, e a adoração, um negócio. Se o Senhor não os abençoasse materialmente, julgavam que Ele não merecia ser servido. Assim, transformaram o culto em barganha, esquecendo-se de que Deus é digno de louvor não por aquilo que dá, mas por quem Ele é.
Malaquias ergue sua voz, dedicando seu ministério a conclamar os líderes religiosos e o povo ao arrependimento. A nação havia se corrompido: exploravam os pobres, profanavam o Templo, desprezavam o sistema sacrificial e se entregavam ao adultério e à hipocrisia.
O profeta, movido pelo zelo do Senhor dos Exércitos, denuncia com firmeza:
“Vós desprezastes o Meu Nome, e Me oferecestes pão imundo; vossos sacrifícios são indignos, e vossa conduta, abominável.” (Malaquias 1:6,7)
A mensagem de Malaquias é um chamado à purificação, à restauração da verdadeira adoração e ao retorno à fidelidade da aliança.
Os líderes eram orgulhosos e não admitiam que estavam em pecado, a adoração passou a ser um ritual mecânico e hipócrita.
Como ovelhas sem pastor, o povo seguiu os passos dos seus líderes corrompidos. Em Judá, a injustiça tornou-se rotina: a corrupção se espalhou como praga, os pobres foram explorados sem piedade, a idolatria voltou a ocupar os altares, e os casamentos com pagãos profanaram a santidade da aliança. O divórcio, tornou-se prática comum, e a nação já não distinguia o santo do profano.
Os maridos abandonavam as esposas da sua mocidade, desprezando o matrimônio. Tomavam para si outras mulheres, movidos pelo desejo, e deixavam suas primeiras esposas entregues à miséria, à fome e ao desprezo.
Após o povo retornar às mesmas práticas que outrora os levaram ao cativeiro — e mesmo depois das mensagens insistentes de arrependimento proclamadas por Malaquias — a nação permaneceu endurecida, indiferente à voz do Senhor. A corrupção, a idolatria, a injustiça e a profanação da aliança continuaram como se Deus não estivesse entre eles.
Então, o Deus de Israel, silenciou Sua voz.
Por quatrocentos anos, o céu permaneceu em silêncio. Nenhum profeta se levantou, nenhuma revelação foi dada, nenhum novo oráculo foi pronunciado. Era como se o Senhor tivesse se retirado, frustrado pela obstinação de Seu povo, aguardando o tempo determinado para manifestar sua glória.
Após quatrocentos anos de silêncio, quando os céus pareciam fechados e a esperança rareava entre os filhos de Israel, eis que surge Aquele que mudaria a história do mundo para sempre — Jesus!
“E o povo que andava em trevas viu uma grande luz.” (Isaías 9:2)
O silêncio foi quebrado. A graça foi revelada. O tempo da redenção havia chegado.
No vídeo abaixo, uma introdução a Malaquias. Assista:
Silas Anastácio é fundador do Ministério Davar, evangelista e expositor bíblico com sólida atuação há mais de uma década em temas relacionados ao Estado de Israel e à comunidade judaica. Também desempenha papel estratégico nos bastidores da mídia evangélica, contribuindo para a articulação e divulgação de conteúdos que fortalecem os valores da fé cristã.
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