Eu sigo a Jesus e não a Lutero, mas comemoro a Reforma Protestante todo final de outubro. A reforma precisava ser conduzida por um homem de grande fibra, mas não necessariamente perfeito. Davi, Salomão, Samuel, Moisés e muitos outros personagens bíblicos não foram perfeitos em tudo. A seu favor, devo dizer que viveram em outra época, em meio a outros valores, problemas e pressões. É sabido que ele queria trazer a reforma para dentro da Igreja Papal e não começar um outro grupo. Como não foi aceito, acabou caindo na graça dos príncipes alemães, que desejavam se libertar do julgo romano. Ali começou uma nova Igreja, ficou conhecida como Luterana.
Quanto às frases acusatórias dirigidas por Lutero aos judeus, ele não foi o primeiro nem o único a dizer o mesmo. O desprezo de Lutero pelos judeus, era uma das heranças romanas, que ele conservou, pois era um sacerdote romano até então. O próprio Deus disse isso sobre judeus: Isaías 57: 17. “Por causa da cobiça do meu povo, fiquei furioso e os castiguei. Afastei-me deles, mas continuaram a seguir seu caminho obstinado. Tenho visto o que fazem, mas ainda assim irei curá-los. Eu os guiarei, consolarei os que choram, porei em seus lábios palavras de louvor. Que eles tenham muita paz, tanto os que estão perto como os que estão longe”, diz o Senhor, que os cura. “Os perversos, porém, são como o mar agitado que nunca se aquieta e revolve lama e sujeira sem parar. Para os perversos não há paz”, diz o meu Deus.
Os judeus se tornaram sanguinários durante uma boa parte da sua história. O próprio Cristo os chamou de hipócritas, assassinos e sepulcros caiados. Eles abandonaram ao Senhor e se entregaram a perversidades. Foram avisados pelos profetas, de que perderiam a sua terra, caso insistissem em seus pecados.
Lutero mesmo foi o principal alvo da Igreja da época, dos judeus e dos teólogos da contrarreforma. Ele não era manso nem suave, como Jesus. Somente uma pessoa geniosa, agressiva e determinada poderia levar adiante a chamada Reforma Protestante.
Devo esclarecer que, não sou seguidor de Lutero e posso avaliar friamente algumas de suas declarações mais provocadoras. Jesus Cristo é aquele a quem procuro imitar em todos os detalhes.
Às vezes ultrapasso a fronteira do bom senso e me irrito. E olha, que não passei pelas mesmas dores pelas quais ele passou.
Antes de acusar um líder religioso antigo, irritadiço e talvez grosseiro, devo perguntar a mim mesmo se me manteria doce caso passasse pelas mesmas perseguições que ele passou.
Os defensores de Lutero tentam abafar o seu lado obscuro e seus inimigos supervalorizam seus erros. Os extremos estão sempre errados.
Quanto a mim, dou graças a Deus por ele aceitar um pecador como eu, mas tento melhorar.
Por Ubirajara Crespo, pastor, conferencista, editor, autor das notas de rodapé da Bíblia do Guerreiro e dos livros “Qual o limite para o sofrimento” e “Rota de colisão”.
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