“Apenas levar seus filhos à igreja no domingo não é o suficiente”, alerta pastor Tim Keller

O pastor Tim Keller alertou que o secularismo moderno está investindo na doutrinação dos cristãos com um novo 'evangelho sem Deus'.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: sexta-feira, 4 de setembro de 2020 às 14:32
Pastor Tim Keller é o fundador da Igreja Presbiteriana Redentor, em Nova York. (Imagem: Youtube / Reprodução)
Pastor Tim Keller é o fundador da Igreja Presbiteriana Redentor, em Nova York. (Imagem: Youtube / Reprodução)

A cultura secular moderna está em marcha para doutrinar os cristãos e a Escola Dominical, os cultos religiosos e os grupos de jovens não são mais suficientes para proteger as crianças cristãs des novo ‘evangelho sem Deus’, avisa o pastor Tim Keller, fundador da Igreja Presbiteriana Redentor na cidade de Nova York.

Em um debate online da Sessão Q com o moderador e fundador do ‘Q Ideas’, Gabe Lyons, na última quarta-feira (2), Keller advertiu que a cultura secular na América está agora em um ponto no qual "o único pecado é dizer às pessoas que elas pecam", e o catecismo protestante tradicional precisa preparar melhor as crianças cristãs para que prosperem em um mundo onde são constantemente bombardeadas com o ‘novo evangelho secular’ nas redes sociais.

“A grosso modo, todas as outras culturas sempre ensinaram que a verdade é algo fora de mim, pode ser família, Deus, morrendo pelo meu país; e para ser uma pessoa de honra e valor, autenticidade, você tinha que encontrar essa verdade e alinhar seus sentimentos com a verdade. Agora o entendimento é: ‘a verdade está dentro de você. Você busca dentro de si mesmo para encontrar as grandes profundezas e depois sai e diz a todos que agora precisam te acomodar”, disse Keller.

“Isso significa que somos a primeira cultura que não acredita que existe uma verdade aqui, é tudo subjetivo. Além disso, é a primeira cultura que não somente pensa que os cristãos estão errados, mas também que eles [cristãos] são o problema”, explicou ele.

A cultura secular moderna, disse Keller, está agora no ponto em que as pessoas querem se livrar da ideia de que precisam da salvação em Deus. E para que isso aconteça e perceba seu tipo de salvação, os cristãos devem ser ‘evangelizados’ [doutrinados].

“A cultura pós-cristã é baseada na libertação do Cristianismo. Se você for para a China ou África e estiver conversando com animistas, confucionistas ou pessoas assim, eles podem pensar que você está errado. Eles podem até querer te matar, porque sentem que você é ‘imperialista’. Mas as pessoas seculares modernas estão na verdade dizendo que precisamos ser salvos da ideia de que precisamos ser salvos. Precisamos de redenção da ideia de que precisamos de redenção”, disse Keller a Lyons.

“[Para o secularismo moderno] O único pecado é dizer às pessoas que elas pecam, o que significa que a única maneira de ser livre é realmente se libertar do Cristianismo, o que significa que nossa cultura secular moderna não é apenas pós-cristã. De certa forma, é realmente muito cristã, porque tem todos os mesmos valores cristãos. Mas ela os quer sem Deus [e] para isso, tem que mudar os cristãos”, continuou Keller. “Tem que nos atingir. Nós realmente não podemos estar lá porque somos o problema, e então basicamente isso está nos doutrinando. Talvez eu não devesse dizer isso: eles estão tentando nos converter em secularistas”.

Narrativas

Embora muitos dos ensinamentos dos secularistas modernos sejam incoerentes, Keller disse, suas muitas narrativas subjetivas estão sendo fortemente despejadas sobre os jovens cristãos e estes precisam de proteções mais inovadoras além do catecismo protestante tradicional para responder com firmeza a esse secularismo moderno.

“O grande filósofo Charles Taylor diz que o secularismo avança, não com argumentos, mas com dizer coisas que são axiomaticamente tidas como verdadeiras. Por exemplo, ele as chama de estruturas de mundo fechadas, mas eu as chamo de narrativas. A narrativa da identidade é: ‘você tem que ser verdadeiro consigo mesmo’; ‘Você tem que olhar para dentro, ver quem você é e ser verdadeiro consigo mesmo’. A narrativa da felicidade é: ‘você nunca deve sacrificar sua felicidade por outra pessoa’. No final, ‘você não pode sacrificar sua felicidade por outras pessoas’. A narrativa da liberdade é que, ‘contanto que eu não esteja prejudicando alguém, devo ser realmente livre para viver minha vida da maneira que escolher’", disse ele.

“A ‘narrativa da verdade’ é que todas ‘as afirmações da verdade são socialmente construídas e ainda assim a ciência é a nossa salvação’. A alegação de moralidade é que ‘toda moralidade é socialmente construída e, ainda assim, precisamos trabalhar por justiça’. Charles Taylor diz que essas afirmações não são argumentos. Na verdade, elas são meio incoerentes, mas são apresentadas como pressupostos de fé religiosa e, por causa da mídia social, elas são colocados em você como um dado e apenas pessoas más discordam delas”, acrescentou.

Alerta aos pais

Keller afirmou que diante deste cenário preocupante, montado pelo secularismo moderno e a promoção desse ‘evangelho sem Deus’, os pais precisam estar ainda mais atentos.

“Não temos tanto controle sobre o que nossos filhos ouvem agora. ... E a mídia social leva esses catecismos, o que significa ser um eu? O que significa ser livre? Ser feliz? E vai atrás de seus filhos. Então, basicamente, eles estão sendo catequizados. Então, se você apenas levá-los à igreja e à escola dominical ou grupo de jovens, isso não é nada comparado ao que eles estão recebendo [do secularismo]”, explicou o fundador da Igreja do Redentor.

Keller considerou ultrapassadas as abordagens para formar crianças cristãs.

“Todos os nossos catecismos agora são doutrinas bíblicas, você está apenas divulgando coisas. Você está dizendo que Deus é triuno, Jesus é o filho de Deus, mas você não está realmente conectando isso a essas narrativas que acabei de mencionar, então você não está inserindo esses valores de fato em seus filhos", disse ele.

“Quando Jesus diz que você tem que se perder para se encontrar, você tem que ‘pegar sua cruz e me seguir’, isso vai diretamente contra a narrativa da identidade. Isso deveria estar no cerne da maneira como fazemos nossa doutrina, mas não está. Na verdade, não estamos ensinando nossos filhos de uma forma que os ajudemos a analisar a cultura. Estamos dando a eles esses tipos abstratos de doutrina que foram formulados 300 ou 400 anos atrás”, explicou ele. “Eu não mudaria a doutrina, a Bíblia é a Bíblia. É tudo a mesma doutrina, mas a forma como você a apresenta tem que mudar, caso contrário, não estaremos realmente preparando nossos filhos para a cultura. Não os estamos formando como cristãos”.

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