Orgulho : Os dois lados desse sentimento

Orgulho : Os dois lados desse sentimento

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:32

Orgulho : Os dois lados desse sentimento

 "Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba.? Esta é a definição de orgulho fornecida pelo dicionário. Entretanto, especialistas não consideram o sentimento apenas como algo negativo.

A psicóloga Oziléa Clen explica que não analisa o significado do sentimento "ao pé da letra?, porque o orgulho faz parte da condição humana. "O que as pessoas vão fazer dele é que faz a diferença. Assim, não penso ser um sentimento sempre ruim, desde que seja moderado?, afirma.

Por outro lado, muitas vezes o orgulho faz a pessoa sofrer. Segundo a especialista, a questão do sofrimento encontra-se em outra esfera. "Se ela teve, na infância, uma convivência ruim, difícil, traumática, poderá cair no sofrimento, desvirtuando seus sentimentos, elevando-os até mesmo a este orgulho destrutivo, que se equipara à soberba e à própria inveja exagerada?, afirma.

A profissional completa informando que, diante de uma auto-imagem negativa, a pessoa pode lançar mão de um mecanismo de defesa que é usar esse orgulho exacerbado, direcionando-o aos outros e, assim, torná-lo destrutivo, avassalador.

"Esta pessoa pode passar sua vida toda sem se dar conta dos seus atos, ficando no lugar de vítima ou sempre culpando o outro pela sua condição de vida. É comum observarmos isso em crianças muito mimadas e sem limites. Por não terem interdições desde pequenas poderão viver desnorteadas para o resto de suas vidas, caso não consigam se dar conta dos seus sofrimentos e não se tratarem", revela.

O orgulho exagerado, destrutivo, pode ser considerado o contrário de humildade. "Caso contrário, onde entra o respeito, o gostar de si mesmo, sem entrar o individualismo, muito comum em nossos dias, ai estará inserida a humildade", acredita.

Personalidade

O orgulho faz parte da personalidade humana, que começa a se formar já na infância. "Desde a mais tenra idade, as crianças já vão se estruturando dentro do que para elas é passado pelas figuras parentais: pais, mães, avós e outras pessoas que cuidam dessa criança desde muito cedo. É nessa transmissão que se formam os sentimentos, vindos da interpretação que elas fazem do que observam, formando a sua auto-imagem através desse outro que com ela convive?, explica.

Oziléa ressalta que os pais (ou quem cuida da criança) são os pilares da base da estrutura emocional da criança, por ser um modelo para se constituir enquanto pessoa. "Isso acontece através das suas próprias experiências de vida, das suas histórias, das suas atitudes, da maneira como lidam com as situações da vida e como repassam isso para os filhos", declara.

Nesse caso, segundo ela, o orgulho é um sentimento positivo. "Por exemplo: os pais demonstram gostar do seu filho, cuidando bem dele, trocando experiências de vida com ele, ensinando-lhe o bom caminho e dando-lhe limites, sendo este último uma forma de amor. Isso pode ser interpretado pela criança como um sentimento de orgulho que seus pais têm por ela. Isso poderá ser construtivo para a vida dela. Ela vai ter uma auto-imagem boa e se tornar uma pessoa segura e firme nas suas decisões e, associada à questão do limite, ter condições de viver de forma civilizada dentro da sociedade, já com as noções de respeito internalizadas", ressalta.

Deixando de ser orgulhoso

É possível se livrar do orgulho exagerado e destrutivo. Para isso, a pessoa precisa tratar do seu emocional. "É necessário que a pessoa se sinta incomodada com tais questões e reconheça que precisa da ajuda de um profissional da área", afirma.

De acordo com a psicóloga, é muito difícil a superação desse problema sozinho por ser um tipo de sentimento que coloca o indivíduo numa condição ilusória de ter um amor-próprio, de se sentir superior, e isso lhe dá, muitas vezes, uma falsa sensação de estar sempre bem, como se sentisse que isso faz bem ao seu ego.

"É preciso mesmo que a pessoa sinta que essa suposta superioridade é enganadora e se dê conta que o convívio em sociedade é difícil em função dela mesma. Só assim ela pode tomar a iniciativa de se tratar e dar um melhor direcionamento a esse sentimento que só a destrói e destrói os seus relacionamentos", conclui.

 

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