Um historiador afirma ter descoberto o verdadeiro local do primeiro milagre de Jesus Cristo – e apresenta novas evidências arqueológicas que sustentam sua conclusão.
O relato bíblico sobre o primeiro milagre de Jesus é breve, indicando que ele ocorreu em Caná. Segundo o Evangelho de João, durante uma celebração de casamento, Jesus transformou água em vinho, marcando o início de seu ministério público.
"Perto deles, havia seis talhas de pedra, do tipo usado pelos judeus para purificações cerimoniais, cada uma com capacidade para 80 a 120 litros", diz o Evangelho. "Jesus disse aos servos: 'Encham as talhas com água', e eles as encheram até a borda."
A passagem continua: "Então ele lhes disse: 'Agora tirem um pouco e levem ao mestre-sala'. Eles assim fizeram, e o mestre-sala provou a água transformada em vinho."
‘Evidências mais sólidas’
A teoria mais aceita até hoje identifica Kafr Kanna, situada na região da Galileia em Israel, como o verdadeiro local de Caná. Segundo a Enciclopédia Católica de 1914, o sítio é reverenciado há séculos por peregrinos cristãos.
Entretanto, o historiador Tom McCollough defende que a verdadeira localização de Caná encontra-se cerca de oito quilômetros ao norte de Kafr Kanna.
Khirbet Qana, como é conhecido o sítio, foi uma vila judaica habitada entre 323 a.C. e 324 d.C.
McCollough, que atuou como professor de religião e história no Centre College até sua aposentadoria em 2017, afirmou à Pen News que Khirbet Qana reúne as evidências mais sólidas já encontradas sobre o local do milagre.
"[Nenhuma outra vila] tem o conjunto de evidências que constitui um caso tão persuasivo a favor de Khirbet Qana", disse ele.
A evidência mais significativa encontrada em Khirbet Qana consiste em uma rede de túneis utilizados por cristãos primitivos, adornados com cruzes e inscrições que fazem referência a Cristo, com origens que remontam a mais de 1.500 anos.
"Descobrimos um grande complexo de cavernas de veneração cristã que era usado por peregrinos cristãos que vinham venerar o milagre da transformação da água em vinho", disse McCollough.
"Este complexo foi usado a partir do final do século V ou início do século VI e continuou a ser usado por peregrinos até o período das Cruzadas do século XII."
Escavações
Durante as escavações em Khirbet Qana, McCollough encontrou também um altar e uma prateleira contendo um vaso de pedra, indícios que reforçam a antiga presença cristã no local.
"Nossas escavações mostraram que esta era uma próspera vila judaica localizada no centro de grande parte da vida e do ministério de Jesus."
Ele destacou a presença de espaço suficiente para mais cinco jarros, o que está em conformidade com o relato bíblico que menciona seis jarros de pedra utilizados no milagre.
Nas paredes do complexo arqueológico, a equipe liderada por McCollough identificou inscrições com a expressão "Kyrie Iesou", termo do grego koiné que se traduz como "Senhor Jesus" – evidência que aponta para práticas devocionais dos primeiros cristãos.
"Os textos de peregrinação que temos desse período que descrevem o que os peregrinos faziam e viam quando chegavam a Caná da Galileia correspondem muito ao que expusemos como complexo de veneração", disse ele.
Em entrevista ao Pen News, McCollough também recorreu aos escritos de Flávio Josefo – historiador judeu do século I – para fortalecer sua tese sobre a localização do primeiro milagre de Jesus.
"Suas referências a Caná se alinham geograficamente com a localização de Khirbet Qana e logicamente com seus movimentos", disse ele.
"A referência a Caná em Josefo, no Novo Testamento e nos textos rabínicos sugere que a vila era uma vila judaica, perto do Mar da Galileia e na região da Baixa Galileia."
Ele acrescentou: "Khirbet Qana atende a todos esses critérios".
McCollough também sustenta que Kafr Kanna só passou a ser reconhecido como destino de peregrinação associado a Caná no século XVIII – um dado que contraria a tradição estabelecida pela narrativa católica sobre o local.
"Naquela época, os franciscanos estavam administrando a peregrinação cristã e facilitando a passagem, em vez da precisão histórica", afirmou ele.
Historicidade bíblica
De modo geral, McCollough acredita que os achados de suas escavações podem reforçar a defesa da historicidade bíblica.
Segundo ele, as evidências “justificam ao menos uma reavaliação do valor histórico das referências feitas por João a Caná e à figura de Jesus”.
"Nossas escavações mostraram que esta era de fato uma próspera vila judaica localizada no coração de grande parte da vida e ministério de Jesus", disse ele.
McCollough acrescentou: "Para o Evangelho de João, Caná [era] de certa forma o lugar seguro ou centro operacional de Jesus. É um lugar para onde ele e seus discípulos retornam quando encontram resistência na Judeia."
A pesquisa mais recente acontece enquanto arqueólogos do mundo todo trabalham na descoberta de sítios da Bíblia.
Em março, um arqueólogo envolvido nas pesquisas da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, revelou à Fox News Digital evidências da existência de um antigo jardim no local – uma descoberta que se alinha aos relatos bíblicos.
No começo deste ano, arqueólogos israelenses anunciaram a descoberta de vestígios que indicam a ocorrência de uma batalha bíblica na antiga cidade de Megido, situada no norte de Israel.