Pela primeira vez, arqueólogos israelenses descobriram os restos de um assentamento judaico do período do Segundo Templo na cidade de Berseba (Beersheva). O lugar é famoso nas Escrituras por conterem histórias ligadas aos patriarcas Abrão, Isaque e Jacó, e onde Jesus realizou um de seus milagres.
Em Gênesis 21, a cidade foi fundada por Abraão e Abimeleque depois que os dois resolveram suas diferenças sobre uma fonte de água e formaram uma aliança juntos.
Abrãao viveu durante muitos anos em Berseba, porém a cidade foi batizada com seu nome por Isaque. O nome Beersheva significa “Poço dos Sete” ou “Poço do Juramento”.
A Bíblia diz ainda que Isaque construiu um altar em Berseba e Jacó teve um sonho sobre uma escada para o céu depois de deixar a cidade.
Mais tarde, o profeta Elias se refugiou em Beersheva depois que Jezebel ordenou sua execução.
Jesus faz um de seus grandes milagres nesta cidade, onde ficava o Tanque de Betesda, rodeado por cinco terrações. Neste lugar, próximo à porta das ovelhas, Jesus fez um homem paralítico há 38 anos andar (João 5.1-23).
Descobertas
As escavações onde os objetos foram encontrados faziam parte de um plano para facilitar um novo bairro na cidade. No entanto, os pesquisadores israelenses descobriram os restos de um bairro antigo que já foi movimentado com a antiga vida judaica.
Objetos descobertos em Berseba. (Foto: Divulgação/Autoridade de Antiguidades de Israel)
O lugar é datado do século 1 dC até a Revolta Bar-Kokhba contra o Império Romano em 135 dC. Está localizado ao longo da fronteira sul do antigo reino de Judá.
Pesquisadores encontraram um pedaço de uma lamparina decorada com uma menorá de nove ramos, que é uma das primeiras representações da menorá a ser descoberta.
Eles também descobriram vasos de pedra calcária usados em antigos rituais de pureza judaica, uma torre de vigia e até passagens subterrâneas escondidas usadas por rebeldes judeus.
“Restos do assentamento cobrem uma área que inclui várias estruturas e instalações, como as fundações de uma grande torre de vigia, instalações de panificação, antigos poços de lixo e um sistema subterrâneo que provavelmente foi usado como um banho ritual judaico (“mikveh”)”, explicaram o Dr. Peter Fabian, da Universidade Ben-Gurion no Negev e Dr. Daniel Varga, da Autoridade de Antiguidades de Israel.
“Sinais de uma conflagração descoberta em algumas das estruturas evidenciam uma crise que o assentamento experimentou, provavelmente a da Primeira Revolta Judaica”, acrescentaram. Essa revolta ocorreu em 70 dC.
Os pesquisadores estão especialmente empolgados com a menorá antiga encontrada no cinturão da lâmpada a óleo.
“Esta é provavelmente uma das primeiras representações artísticas de uma menorá de nove ramos já descoberta”, disse o Dr. Vargas.
Os arqueólogos também encontraram dezenas de moedas de bronze que foram cunhadas pelo Império Romano.