
Por muito tempo, decorar a casa com uma árvore de Natal foi visto com maus olhos por muitos evangélicos. Até hoje, todo o final de ano, se discute sobre os significados das decorações natalinas.
Algumas pessoas afirmam que a origem da árvore de Natal vem de cultos pagãos. Porém, segundo um artigo do jornal alemão Deutsche Welle (DW), o uso da árvore natalina sempre foi cristão e surgiu nos autos (peças de teatro) medievais católicos, onde se erguia a "Árvore do Bem e do Mal", para encenar a queda de Adão e Eva, no dia 24 de dezembro.
"Do lado que simbolizava a redenção, a árvore era enfeitada com maçãs e outras guloseimas; do outro lado, pecaminoso, não havia nada", afirmou o historiador e etnólogo Alois Döring, especialista em costumes e folclore, ao DW.
Tradição criada por protestantes
Segundo Döring, o costume de decorar árvores de Natal dentro de casa foi criado pelos protestantes na Alemanha.
Por volta de 1800, as famílias protestantes passaram a adotar o pinheiro enfeitado como decoração caseira para o Natal, se tornando uma tradição luterana.
"Os católicos zombavam da admiração deles por Lutero da mesma forma que do costume da árvore de Natal", contou o historiador.
Na época, uma das expressões sarcásticas que os católicos chamavam o protestantismo era "a religião da árvore de Natal".
Lutero monta árvore de Natal para os filhos
Para alguns estudiosos, a tradição de decorar uma árvore para o Natal veio de Martinho Lutero, o pai da Reforma Protestante.
Segundo a autora Dorothy Haskins da Visão Mundial, que escreveu o livro infantil “As Crianças de Lutero Celebram o Natal”, o reformador criou o costume para celebrar o nascimento de Jesus com seus seis filhos: Hans, Elizabeth, Magdalene, Martin, Paul e Margaret.
Certo dia, Lutero percebeu a beleza das árvores perto de sua casa. Elas resistiam ao inverno rigoroso e à neve, e continuavam verdes.
Então, ele cortou uma árvore e a levou para casa. Conforme Dorothy Haskins, Martinho usou a árvore de Natal como um lembrete para os filhos de que, quando o mundo estava na escuridão por causa do pecado, Deus enviou seu Filho, para trazer luz e esperança.
Decoração com velas
De acordo com o Dr. Jim Denison, cofundador do grupo de mídia cristão “Denison Forum”, Lutero decorou a árvore com velas.
"Ele trouxe para casa uma árvore e velas", explicou ele, falando sobre tradições natalinas no "The Pure Flix Podcast”.
"Ao colocar velas nas árvores, Martinho Lutero queria replicar aquela bela natureza. Jesus morreu em uma árvore, morreu em uma cruz. A árvore de Natal era algo da natureza para nos levar ao Deus da natureza”, acrescentou.
Já para o historiador Alois Döring, a criação da árvore natalina por Lutero não passa de uma lenda que se espalhou através da gravura do artista Carl August Schwerdgeburth, intitulado “Lutero e família na noite de Natal de 1536, em Wittenberg”.
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Lutero e família na gravura de Carl August Schwerdgeburth. (Foto: Wikimedia Commons/Domínio Público).
O estudioso ponderou: "Lutero jamais se sentou ao lado de uma árvore de Natal".
Döring observou que o teólogo, que viveu entre 1483 a 1546, nem mesmo conhecia o símbolo natalino porque o uso da árvore nas casas só se popularizou na Alemanha por volta de 1800.
No final do século 19, o pinheirinho de Natal ultrapassou a fronteira protestante e foi adotado por famílias de outras religiões em todo o mundo.
A difusão da tradição para fora da Alemanha aconteceu graças à guerra franco-prussiana de 1870.
"Na época, por ordem das lideranças militares [alemãs], árvores de Natal foram dispostas nas trincheiras, como sinal dos laços com a pátria”, relatou Döring.
A primeira árvore de Natal pública foi montada em 1910 em Nova York, nos Estados Unidos.
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