Nesta semana, foram encerradas as comemorações da Hanukkah — Festa das Luzes — ou Chanukah como também é conhecida a festa judaica. “Foi do pôr do sol de domingo retrasado até o pôr do sol de segunda-feira, dia 6”, disse o hebraísta e escritor Getúlio Cidade.
Ele explica o significado da festa de forma bem simples: “É a vitória da luz sobre as trevas”. Poucos cristãos buscam associações das festas judaicas com as Escrituras, mas o hebraísta afirma que é necessário para um entendimento bíblico mais real e profundo.
Para ele, é preciso dar um mergulho mais profundo nas raízes judaicas. “As festas do Senhor apontam de maneira inequívoca para o Messias e aprender sobre elas é vital”, escreveu em seu livro “A Oliveira Natural (volume 1)”.
Contexto da Hanukkah
A Hanukkah fala da vitória do povo judeu contra seus dominadores gregos. “Uma batalha de valores morais e espirituais contra a opressão profana, o materialismo e a degeneração moral, além da luta de liberdade de culto”, explicou ao Guiame.
A batalha que durou oito dias possui uma história inspiradora, conforme o hebraísta, mas só foi registrada nos livros de Macabeus e no Talmude. “Tudo começa quando um rei selêucida toma o Reino da Judeia e proíbe o povo de praticar o judaísmo”, explicou.
Ele conta que, na ocasião, os judeus deveriam adorar aos deuses gregos. “A cultura judaica foi completamente helenizada e afastou muitos judeus da fé no Deus de Abraão”, continua.
Ao citar a profanação do templo por Antíoco, que chegou a oferecer sangue de porco no altar do sacrifício, lembra também que os pergaminhos foram confiscados e queimados, e que a observância da lei de Deus podia ser punida com morte.
Por que Festa das Luzes?
Conforme a história, os macabeus entraram em Jerusalém para retomar o Templo e decidiram consagrá-lo, dedicando-o novamente a Deus. “Após realizarem uma limpeza ritual de todo o complexo, restauraram o serviço diário de adoração — e daí vem o nome Hanukkah”, esclareceu.
O hebraísta conta que durante essa fase, os sacerdotes descobriram apenas um pequeno jarro de azeite selado, que não havia sido profanado e, portanto, estava qualificado para o uso na menorá — candelabro de sete braços.
A menorá do Lugar Santo deveria manter as luzes acesas continuamente. “Havia, porém, um problema. “O azeite encontrado era suficiente apenas para prover iluminação por um dia, mas a menorá ficou iluminada por oito dias consecutivos”, contou Getúlio.
“Foi um verdadeiro milagre de Hanukkah e esse tempo foi suficiente para que se produzisse mais azeite. A ocorrência desse milagre foi motivo da hanukkia (menorá especial para hanukkah) ter nove pavios — oito para cada dia do milagre e um para acendê-los”, explicou.
‘Jesus comemorou a Festa das Luzes’
A Festa da Dedicação ou Festa das Luzes foi celebrada por Jesus, de acordo com João 10.22-23. “O fato dessa festa não constar na Torá e, ainda assim, Jesus subir a Jerusalém para celebrá-la mostra que Ele vivia intensamente suas raízes judaicas”, disse o hebraísta.
“A primeira lição que se extrai da Hanukkah é que nunca devemos ter medo de nos posicionar a favor do que é correto e justo. Não importa se somos perseguidos ou sofremos danos diante dos homens. Deus sempre honra aqueles que o honram”, enfatizou.
“O óleo na Bíblia é um símbolo do Espírito Santo e aqui está a segunda lição — sem esse azeite diário sendo reposto em nosso interior, é impossível fazer brilhar sua luz. A comunhão diária com o Espírito Santo é essencial para resplandecer sua esperança, fé e amor”, relacionou.
Assim como no milagre de Hanukkah, quanto mais fizermos uso desse óleo, mais ele se multiplicará, tornando mais intenso o brilho da luz de Cristo em nossas vidas”, continuou.
“E a terceira lição é que as trevas não devem ser motivo de temor, mas de estímulo para aqueles que conhecem a luz. Quanto maior a escuridão, maior o brilho da luz de hanukkia. Ele é a luz maior e nós somos o hanukkiot, pequenas menorás e lamparinas que brilham neste mundo, através da luz de Cristo. Não há como ocultá-la”, concluiu.
“A vereda do justo é como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até à plena claridade do dia”. (Provérbios 4.18)