O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, questionou a existência do Holocausto e colocou em dúvida os relatos históricos sobre o massacre de 6 milhões de judeus.
“Os eventos históricos devem ser investigados por pesquisadores e historiadores. Há alguns sinais de que isso aconteceu. Se assim for, eles devem permitir que seja investigado e pesquisado”, disse ele em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS News.
O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, logo respondeu no Twitter com fotos de judeus em campos de concentração: “Alguns sinais”.
Some signs https://t.co/FhntllRxq5 pic.twitter.com/RgmjJmeJO3
— יאיר לפיד - Yair Lapid (@yairlapid) September 19, 2022
No contexto da resposta, Raisi foi questionado sobre as acusações feitas contra ele, de ter sido responsável por cerca de 3.000 mortes por enforcamento na década de 1980 sob as ordens do então líder supremo do Irã, Ruhollah Khomeini.
Raisi tinha 28 anos na época dos massacres e foi o membro mais jovem do comitê da morte de Teerã em 1988, quando membros do grupo Mujahedin-e Khalq (MEK) foram mortos por traição.
Ao ser questionado sobre essas acusações, a resposta de Raisi se transformou em uma série de ataques a Israel e aos judeus.
“É chocante ouvir os comentários do presidente iraniano Raisi questionando se o Holocausto aconteceu”, disse o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, no Twitter. “Peço a Antonio Guterres que negue a este negacionista um palco mundial para espalhar antissemitismo e o ódio. A ONU atingirá um novo patamar se der ao açougueiro do Teerã uma plataforma.”
O presidente do Museu Yad Vashem, o mais importante memorial do Holocausto, disse em resposta aos comentários de Raisi: “Há alguns sinais de que o presidente Raisi é um antissemita cruel”, afirmou Danny Dayan.
Questões políticas
Ao ser perguntado sobre o direito de Israel existir, Raisi afirmou que o povo da Palestina é uma realidade. “Este é o direito do povo da Palestina que foi forçado a deixar suas casas e sua pátria. Os americanos estão apoiando esse falso regime lá, para se enraizar e se estabelecer lá.”
Quanto aos Acordos de Abraão, que normalizou os laços de países árabes com Israel, ele comentou: “Se um Estado aperta a mão do regime sionista, então eles são cúmplices de seus crimes. Eles estão apunhalando a própria ideia da Palestina pelas costas.”
Sobre o programa nuclear, Raisi afirmou que Teerã levaria a sério a retomada ao acordo se houvesse garantias de que os Estados Unidos não se retirariam novamente. “Se for um acordo bom e justo, levaremos a sério a possibilidade de chegar a um acordo”, disse.