O adolescente Sonny Rodriguez morreu aos 16 anos baleado por um membro de uma gangue na Califórnia, em 1990, enquanto aprendia a dirigir. O pai da vítima, no entanto, não reagiu com rancor, mas sim com perdão.
William “Blinky” Rodriguez foi movido por Deus a perdoar David Carmona, de 19 anos, durante seu julgamento dois anos mais tarde. O criminoso foi condenado a 37 anos de prisão e estava acompanhado por mais de 30 familiares e amigos vinculados à gangue.
“Eles olhavam para minha esposa e eu como se tivéssemos feito alguma coisa errada, como se fôssemos um pedaço de lixo”, lembra Blinky, afirmando que entrou no tribunal disposto a perdoar.
Dirigindo-se para Carmona, o pai da vítima declarou: “David, nós te perdoamos, cara. Você pode ter tirado a vida do Sonny, mas você não tomou a alma dele. Você lida com Deus agora”. Foi uma demonstração extraordinária de redenção e misericórdia.
Esse momento desencadeou um ministério para resgatar jovens da criminalidade e evitar que outras famílias sejam afetadas pela violência nas ruas de Los Angeles. Blinky fundou a Communities in Schools, uma organização que trabalha na prevenção de gangues em escolas públicas.
“Haverá avivamento neste vale. Deus permitiu que uma luz fosse colocada em uma colina que não seria escondida. É tudo para a propagação do Reino. A igreja deveria ser atuante. Temos que administrar nossa influência”, disse Blinky.
Blinky Rodriguez discursa em nome da Community in Schools, na Califórnia. (Foto: John McCoy/Los Angeles Daily News)
Blinky lembra que, na noite anterior à sentença, sentiu Deus falar ao seu coração: “Diga a eles que você os perdoa”. Sua esposa acolheu a mãe do assassino quando a viu chorando no banheiro do tribunal.
Perda transformada em ganhos
Certa noite, ele visitou o local onde seu filho foi assassinado e, ao encontrar jovens bandidos, testemunhou sobre o poder de Deus para transformar vidas. Blinky passou a pregar o Evangelho semanalmente nas ruas, organizar torneios de futebol entre gangues rivais e envolvê-los nas artes marciais. Por causa de seu trabalho, houve uma trégua na guerra de gangues locais.
Quase 30 anos depois, Blinky continua vivendo no bairro, Pacoima. Sua equipe é formada por 37 assistentes sociais que oferecem remoção de tatuagens, aconselhamento e treinamento profissional para jovens “em risco”.
“Este é o ministério do campo inimigo”, afirma Blinky. “Estamos preparados no meio disso. Estamos atrás das linhas inimigas. Estamos em seu acampamento”.
A Communities in Schools vem intercedendo por jovens envolvidos com a criminalidade na prefeitura e nos tribunais, com promotores distritais e assistentes sociais. Eles atuam em bairros afetados pelo crime, onde os rapazes crescem sem estrutura familiar.
Para Blinky, medidas punitivas por si só não resolvem o problema. Ele acredita que é preciso haver programas para orientar e treinar esses jovens. “Tem que haver equilíbrio, não apenas punitivo ou probatório. Tem que haver um pouco de humanidade nisso”, opina.