Bebê sobrevivente de ataque extremista islâmico completa 5 anos: ‘Deus tem propósito’

Conhecida como Baby Ruth, ela perdeu toda a família, incluindo sua mãe, assassinada por extremistas islâmicos na Nigéria.

Fonte: Guiame, com informações do ICCAtualizado: quarta-feira, 15 de outubro de 2025 às 16:07
A pequena Ruth, sobrevivente de ataque de extremistas na Nigéria. (Foto: ICC)
A pequena Ruth, sobrevivente de ataque de extremistas na Nigéria. (Foto: ICC)

Em 2 de agosto de 2021, militantes islâmicos Fulani fortemente armados atacaram diversas aldeias na região de Irigwe, no estado de Plateau, na Nigéria, assassinando 65 pessoas, incluindo cinco membros da família de Ruth, uma bebê de dois meses na época.

Passados cinco anos, “Baby Ruth”, como ela ficou conhecida, se tornou um símbolo vivo de esperança em meio à longa e sangrenta guerra contra cristãos nigerianos vítimas de ataques bárbaros.

A história de sobrevivência da pequena menina continua inspirando outros cristãos que também enfrentaram ataques brutais, escreve a International Christian Concern (ICC), organização dedicada a apoiar cristãos perseguidos ao redor do mundo.

Mesmo após ter vivido uma violência indescritível, o sorriso de Ruth hoje reflete uma força que supera os traumas e ilumina aqueles ao seu redor, aponta a ICC.

Ruth nasceu em 2021, mesmo ano em que sua aldeia natal, Maiyanga, noroeste de Jos, no estado de Plateau, foi alvo de um ataque devastador por militantes Fulani fortemente armados.

Nas primeiras horas daquela manhã trágica, tiros ecoavam pelas colinas enquanto os moradores corriam desesperados para salvar suas vidas.

Entre eles estava Hannatu, mãe da pequena Ruth, de apenas dois meses, que segurava a filha com braços trêmulos enquanto fugia pela escuridão.

Ao chegar às margens de um rio caudaloso, foi encurralada pelos agressores. Com o coração em desespero, implorou que poupassem a vida da bebê. Eles arrancaram Ruth de seus braços, assassinaram Hannatu ali mesmo e deixaram a criança chorando na lama.

Pouco depois, outros membros da família de Ruth, incluindo seu pai e vários parentes, também foram mortos a tiros. Naquela noite, apenas Ruth e sua avó sobreviveram.

Adotada por família cristã

“Das cinzas daquele momento de terror, a graça de Deus resplandeceu. Ruth foi resgatada por sobreviventes que a encontraram ao amanhecer, fria e coberta de lama, mas milagrosamente viva”, conta a ICC.

A bebê foi acolhida com amor por Danjuma John, um construtor local, e sua esposa, Talatu Danjuma, irmã de Hannatu. Mesmo já tendo filhos, o casal abriu não apenas sua casa, mas também seus corações para Ruth, criando a menina como parte da família.

“Sabemos da importância das crianças”, disse Talatu. “É por isso que a adotamos para ficar conosco. Agradecemos a Deus por nos dar condições de cuidar bem delas. Não tem sido fácil, mas acreditamos que Deus continuará nos guiando.”

A pequena Ruth no colo de sua mãe adotiva. (Foto: ICC)

Para a família Danjuma, a fé é o que os sustenta durante as tempestades da vida. Eles já enfrentaram sua própria parcela de tragédias. Em junho de 2024, Talatu perdeu seu irmão em outro ataque à vila.

“Milícias Fulani mataram cinco membros da nossa família”, relembrou com lágrimas nos olhos.

“Apenas Ruth e nossa avó sobreviveram. Agora, só nossos avós permanecem na vila. Já enfrentamos tantos ataques, mas mantemos nossa fé em Deus, porque tudo o que tem um começo certamente terá um fim.”

Hoje, a casa da família em Jos oferece a Ruth um ambiente seguro e cheio de amor, mas as lembranças da perda ainda permanecem vivas. Danjuma disse que a perseguição fortaleceu e moldou sua fé.

“Isso nos tornou mais fortes”, disse ele. “Isso nos aproximou de Deus. Não oramos por vingança, mas por perdão – para que os agressores encontrem Cristo. Só Deus pode transformar o coração de um homem.”

Desafios

Apesar dos desafios enfrentados, é uma alegria acompanhar o crescimento de Ruth. Atualmente, ela estuda na Escola Primária ECWA, em Kabong, Jos, onde sua professora, Regina Adu, a descreve como uma criança doce e curiosa.

“Ruth é calma e gentil”, disse Adu. “Ela tem um pouco de dificuldade nos estudos, provavelmente por tudo o que passou, mas acredito que vai melhorar. Está aprendendo a escrever com capricho, e estamos trabalhando seu inglês. Ela é uma boa menina com um futuro brilhante.”

Os cuidadores de Ruth contam que ela adora cantar na escola dominical, especialmente hinos que falam sobre o amor de Deus.

Mesmo sendo ainda muito jovem para compreender plenamente o significado de sua perda, a família Danjuma tem ajudado Ruth a cultivar valores como o perdão e a esperança em Cristo.

“Ela pode não se lembrar do que aconteceu”, disse Talatu, “mas garantimos que ela cresça sabendo que Deus a ama profundamente”.

A comunidade em torno de Jos continua vivendo sob constante ameaça. A região do Cinturão Médio – que abrange os estados de Plateau, Benue e Kaduna – tem sido, há anos, palco de uma violência marcada por motivações religiosas.

Segundo observadores locais, centenas de aldeias cristãs foram atacadas por extremistas Fulani, deixando dezenas de milhares de pessoas desabrigadas. Comunidades inteiras são dizimadas da noite para o dia, igrejas são reduzidas a escombros e muitas crianças ficam órfãs.

Casos comuns

Gata Moses, defensora comunitária que atua diretamente com famílias como os Danjumas, explicou que a história de Ruth, embora comovente, não é um caso isolado.

“Essa é a realidade de muitas crianças cristãs na Nigéria”, disse ele. “Elas viram seus pais serem assassinados e suas casas destruídas. A violência é sistemática – é uma forma de genocídio. Ainda assim, o governo permanece em silêncio. Estamos clamando para que o mundo veja nossa dor e nos ajude.”

Para os pais adotivos de Ruth, a maior oração é pela paz – e pela oportunidade de educar a próxima geração.

“Pedimos ajuda com a educação de Ruth”, disse Talatu. “Queremos que ela aprenda e se torne alguém que possa ajudar os outros um dia. Não conseguimos concluir nossa própria educação devido às dificuldades. Mas acreditamos que Ruth pode ir mais longe se tiver oportunidade.”

Mesmo diante da incerteza, a fé deles permanece firme. Todas as noites, continuam se reunindo em oração, agradecendo a Deus por Sua provisão e pedindo forças para seguir em frente.

“Perdemos tanto”, disse Danjuma, “mas também sabemos que Cristo está conosco. A perseguição nos lembra que este mundo não é o nosso lar. Ela nos ensina a depender completamente de Deus.”

Memórias da mãe

A recuperação de Ruth tem sido também um processo de cura para toda a sua família. Sua avó, que sobreviveu por um triz, a visita com frequência e compartilha memórias da mãe de Ruth, mantendo viva sua presença através das histórias.

“Ela me chama de ‘mamãe’ e me abraça sempre que venho”, disse a idosa. “Quando a vejo sorrir, sei que Deus ainda tem um propósito para nós.”

Hoje, Ruth tem 5 anos. Embora ainda traga no corpo as marcas das dificuldades – como a perna afetada pela desnutrição – ela vem se fortalecendo graças ao cuidado médico adequado.

Com o apoio de cristãos generosos e parceiros humanitários, a família Danjuma recebeu alimentos, roupas e assistência médica da ICC, garantindo que Ruth permaneça saudável e continue na escola. Ainda assim, como tantas outras famílias no Cinturão Médio, eles vivem sob o constante receio de uma nova onda de violência.

“Às vezes ouvimos tiros vindos de vilarejos próximos”, disse Talatu. “Isso nos lembra daqueles dias sombrios. Mas confiamos na proteção de Deus. Ele nos trouxe até aqui e não nos abandonará agora.”

Enquanto seguem firmes em sua jornada de fé e reconstrução, a família Danjuma compartilha uma mensagem clara com o mundo: orem pelos cristãos perseguidos na Nigéria. Orem pela paz no estado de Plateau.

“Agradecemos”, concluiu Talatu, com os olhos cheios de tristeza e esperança. “Que Deus mude o coração daqueles que fazem isso, para que possamos desfrutar da paz novamente. Acreditamos que um dia, todas as lágrimas serão enxugadas.”

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