No último fim de semana, um bispo católico foi espancado e roubado por militares no Sudão, após voltar de um evento religioso.
Membros das Forças de Apoio Rápido (RSF) espancaram Yunan Tombe Trille Kuku Andali, bispo da Diocese de El-Obeid no estado de North Kurdufan, logo após soldados das Forças Armadas Sudanesas (SAF) rivais o terem assediado e roubado.
Segundo o portal de notícias ACI África, o bispo retornava da cidade de Renk com um diácono da igreja identificado apenas como Joseph, que também foi espancado.
“As Forças Rápidas me deram inúmeros golpes no pescoço, na testa, no rosto e nos dois lados da cabeça”, escreveu Tombe ao Bispo Edward Hiiboro Kussala da Diocese Católica de Tombura-Yambio, no Sudão do Sul.
Tombe acrescentou que não conseguia mexer o maxilar: “Não consigo morder a comida. Eu e o diácono Joseph escapamos por pouco quando um líder disse que era o suficiente”.
Os cristãos foram assediados por soldados da SAF, que está envolvida em um conflito militar com a RSF.
O conflito deixou 61.000 mortos, incluindo 26.000 mortos diretamente pela violência, de acordo com um estudo divulgado em novembro pelo Sudan Research Group da London School of Hygiene and Tropical Medicine.
A segurança no país
Segundo a Catholic Radio Network (CRN), Matthew Remijo Adam, bispo da Diocese Católica de Wau, informou que os soldados da SAF também espancaram Tombe na cabeça e no pescoço quando o roubaram.
Ele destacou que inicialmente a RSF pretendia executá-lo antes que um membro os mandasse soltá-lo.
Após o ocorrido, Remijo pediu ao presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit, que exortasse o governo sudanês para garantir a segurança de Tombe ou, se necessário, facilitar sua transferência da diocese.
Tombe, conhecido por lutar pela paz no Sudão, escapou por pouco da morte em 20 de abril de 2023, quando foguetes atingiram a Catedral Mary Queen of Africa e a residência dos padres, onde ele e outros clérigos se reuniam no local. O bispo atuou na diocese de El Obeid por mais de 30 anos.
O Sudão ficou em 8º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024 da Missão Portas Abertas dos lugares mais difíceis para ser cristão.