Como uma missionária surda na África, Elizabeth Smith surpreende a muitos em Gâmbia — especialmente os muçulmanos. Por causa da crença islâmica de que a surdez é fruto de pecado, eles ficam impressionados ao ver a gratidão de Elizabeth a Deus apesar da deficiência.
“Eles normalmente são muito empáticos porque acreditam que estamos cheios de pecado e é por isso que Deus nos fez surdos”, conta Elizabeth ao site God Reports em relato por escrito. “É engraçado ver o que Deus faz na vida das pessoas quando elas veem as coisas de uma perspectiva diferente”.
Ambos surdos, Elizabeth, de 34 anos, e seu marido, Josiah, 36 anos, estão estabelecendo uma igreja para surdos na África. É uma das poucas denominação para deficientes auditivos da Gâmbia e nações vizinhas da África Ocidental.
O casal começou sua jornada missionária em fevereiro de 2017. Hoje, a igreja localizada nos arredores da capital Banjul se tornou um lugar de refúgio para gambianos que buscam preencher seu vazio. “Recebemos muitos visitantes curiosos na igreja. Alguns têm dúvidas sobre quem é Deus”, diz ela.
Por outro lado, a fato de serem surdos também apresenta desafios, especialmente quando é preciso se adaptar a um novo país, língua e cultura. “Há momentos em que precisamos nos comunicar e muitos não sabem ler ou escrever em inglês”, observa Elizabeth.
Ela tenta não pronunciar palavras em inglês e usa principalmente a escrita no papel ou gestos com as mãos. Em geral, as pessoas estão abertas a esse tipo de comunicação, embora muitas sejam analfabetas.
O casal usa a Bíblia em Ação ilustrada para ensinar as histórias e verdades bíblicas. “Mas nosso foco principal é a comunidade surda”, diz a missionária.
Elizabeth e Josiah (abaixo) plantaram igreja para surdos em Gâmbia, na África. (Foto: The Gambia Deaf Church)
Elizabeth e Josiah foram criados no Arizona (EUA), mas se conheceram em Washington D.C., enquanto trabalharam para JOCUM. Eles se casaram em 2015 e logo sentiram o chamado de Deus para a África.
Josiah se ofereceu como voluntário para dar aulas de ginástica em uma escola local para surdos, enquanto Elizabeth passou a ensinar ensinar inglês. Ex-colônia britânica, a Gâmbia adotou o inglês como idioma oficial, mas muitos falam apenas dialetos tribais, como wolof ou mandinka.
Assim como o inglês difere de outros idiomas, a língua de sinais difere de país para país — não existe uma língua de sinais universal. Sendo assim, Elizabeth e Josiah estão ganhando fluência na língua de sinais da Gâmbia.
Em 2018, eles voltaram para Washington para que Elizabeth pudesse ter seu segundo filho. As duas crianças também são surdas. No verão, a família estava de volta à Gâmbia com a orientação de Deus para abrir uma igreja. Eles começaram com reuniões em sua casa, mas sentiram a necessidade de iniciar os cultos em um local maior.
Mas quando eles começaram a preparar o templo, a pandemia de Covid-19 impediu as reuniões. Com a flexibilização das restrições, eles puderam causar um grande impacto na região.
Cerca de 90% dos gambianos são muçulmanos e apenas 9% nasceram em famílias cristãs. Desde a inauguração, sua igreja batizou pelo menos 20 pessoas.
Surdos foram batizados pelos missionários em Gâmbia, na África. (Foto: The Gambia Deaf Church)
“A maioria dos surdos se sentem isolados em casa e até oprimidos”, observa Elizabeth. “Então, vindo para nossa casa, eles se sentem seguros, protegidos, livres para falar em sua língua e sabem que não serão oprimidos. E, claro, eu amo alimentá-los [com a Palavra de Deus]”.