Centenas vão às ruas protestar na Nigéria após ataque islâmico que matou 200 cristãos

Os manifestantes denunciaram a falta de ação do governo contra terroristas fulani que têm atacado comunidades cristãs.

Fonte: Guiame, com informações de The Christian PostAtualizado: segunda-feira, 4 de agosto de 2025 às 13:05
Os manifestantes denunciaram a falta de ação do governo contra terroristas fulani. (Foto: Reprodução/YouTube/TVC News Nigeria).
Os manifestantes denunciaram a falta de ação do governo contra terroristas fulani. (Foto: Reprodução/YouTube/TVC News Nigeria).

Centenas de cristãos saíram às ruas da Nigéria para protestar contra a perseguição após o massacre de 200 crentes em junho, no estado de Benue.

Os manifestantes, a maioria mulheres e crianças que estão vivendo no campo de deslocados de Maga em Mbayongo, pediram proteção para os cristãos e denunciaram a falta de ação do governo para deter ataques de grupos islâmicos, na última quarta-feira (30).

Os participantes do protesto usaram galhos de árvores para bloquear a rodovia Makurdi-Lafia-Abuja, interrompendo o trânsito perto do campo de deslocados. Em uma só voz, os cristãos cantaram: "Queremos voltar para casa; sem segurança, sem comida".

Nos dias 13 e 14 de junho, terroristas Fulani atacaram a comunidade Yelewata, no condado de Guma, matando 200 cristãos e forçando milhares de moradores a deixarem suas casas.

Famílias inteiras foram mortas no ataque, incluindo bebês. “Os militantes incendiaram suas casas enquanto as pessoas dormiam e atacaram com facões qualquer um que tentasse fugir", revelou Micheel Odeh James, jornalista do Truth Nigeria.

“Eles trancaram algumas pessoas e depois os encharcaram com gasolina e depois os incendiaram. Bebês foram queimados”.

Ele classificou o ataque como “um massacre genocida” contra a comunidade cristã local. "Somos cerca de 6 a 7 milhões de nigerianos vivendo em Benue, e mais de 97% deles são cristãos. Eles são batistas, são metodistas, são católicos”, disse.

Hoje, os deslocados estão sobrevivendo em vários acampamentos improvisados em todo o estado de Benue, enfrentando falta de alimentos, remédios e segurança.

"Nosso povo parou de ir a fazendas distantes por medo de ser emboscado e cortado até a morte pelos terroristas. Mais uma vez, os terroristas estão se aproximando de nossos moradores, mas não houve resposta dos militares ou da polícia. Não estamos seguros”, relatou Thomas Ukumba, um morador local de Yelewata.

Precariedade nos campos de deslocados

Rebecca Awuse, uma cristã que participou do protesto, disse que está cansada da vida no campo de deslocados e deseja voltar para casa, conforme o Vanguard.

Nas últimas semanas, doenças e falta de suprimentos médicos provocaram a morte de oito moradores em dois campos de deslocadas em Makurdi.

Abraham Taa, presidente do Campo de Ichwa, afirmou que os deslocados ainda enfrentam a insegurança devido à deterioração da infraestrutura do local, com cercas caídas em diversos pontos.

O governo federal da Nigéria havia prometido mais segurança para as comunidades cristãs após o massacre em julho. Porém, conforme moradores locais, nada foi feito e a violência continua.

Perseguição sem fim na Nigéria

Nos últimos anos, comunidades cristãs têm sofrido com uma onda de ataques de pastores jihadistas Fulani contra comunidades cristãs.

Iorapuu do jornal Catholic Star, afirmou que, seguindo seu histórico de inação, o governo nigeriano falhou novamente em agir, apesar dos alertas de que os ataques provavelmente se intensificariam após o testemunho do bispo Wilfred Anagbe nos EUA.

Em 14 de fevereiro de 2024, o bispo de Makurdi falou perante os legisladores americanos, afirmando que os cristãos na Nigéria estavam sendo vítimas de genocídio e pedindo à comunidade internacional que intervisse.

Tragicamente, seu depoimento levou a um aumento da violência em sua cidade natal, com jihadistas chegando a ameaçar sua vida.

“Esperávamos que os ataques se intensificassem após o testemunho do bispo Wilfred Anagbe nos EUA sobre a Igreja perseguida, mas acreditávamos que o aviso dos EUA faria o governo ser proativo; erramos novamente”, disse Iorapuu.

Mais de 10 mil mortos desde 2023

Desde maio de 2023, pelo menos 10.217 nigerianos foram mortos em ondas de violência em várias partes do país, de acordo com dados reunidos por organizações da sociedade civil e da imprensa.

Segundo a Anistia Internacional Nigéria, mais de 6.896 dessas mortes ocorreram no estado de Benue, enquanto o estado de Plateau registrou cerca de 2.630 vítimas.

O mesmo relatório revela que 672 aldeias foram saqueadas apenas nos estados de Benue, Plateau e Kaduna. Muitas dessas comunidades eram assentamentos agrícolas de maioria cristã.

A crise humanitária provocada pela violência continua se intensificando. Milhares de pessoas deslocadas estão refugiadas em escolas, igrejas e áreas abertas, enfrentando escassez de água potável, alimentos e atendimento médico.

A Nigéria ocupa o 7° lugar da Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.

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