O governo ditatorial da Coreia do Norte executou em público dois adolescentes por distribuírem filmes estrangeiros.
De acordo com a UCA News, a execução aconteceu na cidade de Hyesen, perto da fronteira com a China, em outubro.
As autoridades alegaram que os “crimes” de assistir e tentar vender filmes sul-coreanos, cometidos pelos adolescentes, de cerca de 16 anos, eram "perversos". Um terceiro adolescente foi morto, acusado de assassinar sua madrasta.
“Eles disseram: 'Aqueles que assistem ou distribuem filmes e dramas sul-coreanos, e aqueles que perturbam a ordem social assassinando outras pessoas, não serão perdoados e serão condenados à pena máxima – morte'”, relatou uma moradora local, à Radio Free Asia (RFA).
Os soldados ainda obrigaram os moradores a assistirem ao fuzilamento, em um aeródromo da cidade.
“Residentes de Hyesan se reuniram em grupos na passarela. As autoridades colocaram os estudantes adolescentes na frente do público, os condenaram à morte e imediatamente atiraram neles”, disse a moradora.
Os dois adolescentes mortos por tentarem vender produções proibidas em pendrives teriam sido descobertos por espiões do governo ultracomunista.
“Os alunos foram pegos em uma armadilha desta vez”, disse a moradora da cidade de Hyesen.
Cultura ocidental vista como ameaça
Observadores afirmam que o governo norte-coreano está preocupado com o aumento do contrabando de filmes, músicas e programas de TV sul-coreanos e ocidentais nos últimos anos.
As autoridades temem que o consumo da cultura ocidental pela juventude seja uma ameaça ao regime comunista e possa se tornar uma força revolucionária.
Segundo a RFA, qualquer pessoa pega assistindo a um filme estrangeiro na Coreia do Norte é enviado a campos de trabalho forçado ou condenados à pena de morte, mesmo se for menor de idade.
“Apesar do controle intensivo e da repressão para erradicar o pensamento e a cultura reacionários, os jovens ainda são pegos assistindo secretamente a filmes sul-coreanos. Portanto, agora as autoridades estão embarcando em um reinado de terror por meio de execuções públicas”, explicou a moradora.
Paranoia ditatorial
Após uma recente promulgação da “Lei do Pensamento Anti-Reacionário”, a punição contra pensamentos ou “produtos externos” se intensificou, e isso tornou ainda mais difícil para os cristãos e líderes da igreja clandestina manterem seus cultos e reuniões de oração, já que o cristianismo é visto como uma ameaça ocidental ao regime comunista.
No segundo pior país do mundo para os cristãos, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2022, adorar a Deus é estritamente proibido. Todos são obrigados a prestar culto pessoal à família Kim.
O cristianismo é a ameaça número 1 ao governo. Desde o início do país, quando Kim Il-Sung estava no poder, o Partido Comunista intensificou a opressão contra os cristãos secretos.
A perseguição nunca parou durante gerações de líderes supremos, nem mesmo durante a “Marcha Árdua”, nos anos 1990, em que milhões de norte-coreanos morreram de fome devido ao fracasso da economia. A Portas Abertas pede orações pelos cristãos perseguidos na Coreia do Norte que estão em constante risco de morte.