Um cristão de 28 anos, preso sob falsas acusações, encontra-se em estado crítico após enfrentar intensa perseguição em uma prisão de segurança máxima em Hohhot, na Mongólia Interior.
A Mongólia Interior, também conhecida como Nei Mongol, é uma região autônoma da República Popular da China. Apesar do nome, a Mongólia Interior não faz parte do país independente da Mongólia, sendo uma região autônoma situada ao norte da China.
Segundo a ChinaAid, organização de vigilância de perseguição sediada nos EUA, o cristão Alamus, também conhecido como Alamusha, originário da Liga Xilingol na Mongólia Interior, era estudante na Academia de Teatro de Xangai.
Durante as férias de inverno em 2013, ele participou de uma reunião com colegas de classe em sua cidade natal, onde ocorreu um tumulto. Apesar de Alamusha não ter se envolvido na briga, foi acusado como o principal agressor e condenado a 15 anos por lesão intencional.
Denúncia nas redes sociais
A situação de Alamusha veio à tona após sua tia fazer um vídeo, que começou a circular nas redes sociais chinesas, denunciando a situação do sobrinho.
No vídeo, ela conta que Alamusha foi torturado enquanto estava confinado em uma solitária por quase dois meses, colocando sua vida em perigo, devido à sua recusa em se declarar culpado pelos seus "crimes".
Vídeo gravado pela tia de Alamusha. (Captura de vídeo/RFA)
Segundo a tia, o rapaz foi agredido pelo policial Nie Yonggang e por um membro de uma gangue, o que o deixou com um dos tímpanos perfurado.
No entanto, após ela registrar uma reclamação junto às autoridades penitenciárias, Alamusha teria sido colocado em confinamento solitário, algemado e privado de alimentação e calor adequados, provocando queimaduras graves em seu corpo.
Tortura
Um relatório do Bitter Winter observa que Alamusha recebia apenas um pão cozido no vapor para comer e um pequeno copo de água para beber todos os dias. Ele também foi forçado a beber água do banheiro para sobreviver.
Apesar das inúmeras queixas, os apelos de Alamusha ficaram sem resposta e a insistência da sua família na justiça teria levado a novas retaliações e tortura.
“Somos os pastores mais indefesos, todos vocês não podem intimidar pessoas assim. Uma criança tão miserável não pode ser tratada assim, certo?”, disse a tia de Alamusha no vídeo.
“Todos vocês não podem torturar a criança até a morte, pedimos ao governo comunista que leve este assunto a sério.”
Du Wen, ex-detento e ex-vice-diretor do Gabinete de Consultoria Jurídica da Mongólia Interior, descreveu a tortura como ultrapassando amplamente o que foi mencionado no vídeo.
Ele retratou Alamusha como uma pessoa honesta, corajosa e espiritualmente resiliente, que adotou o cristianismo durante seu tempo na prisão.
A China Aid observa que o histórico de Alamusha como órfão criado por sua avó, sem conexões significativas, parece ter desempenhado um papel em torná-lo um bode expiatório e contribuído para sua sentença severa. Sua recusa em se declarar culpado teria causado ofensa às autoridades prisionais, especialmente ao agente da polícia Nie.
A prisão de Hohhot, conhecida por encarcerar indivíduos envolvidos em crimes graves, é descrita por Du como um local onde "todas as leis se tornaram ineficazes", levando sérias preocupações sobre o estado de direito e o tratamento dos prisioneiros na China, especialmente entre as minorias religiosas, como os cristãos.
Atenção internacional
Este caso chamou a atenção internacional, com organizações de direitos humanos apelando para uma investigação imediata, justa e transparente sobre as alegações de tortura e prisão injusta.
O cristianismo na Mongólia, um país situado entre a China e a Rússia, é uma religião minoritária, com os cristãos representando apenas 1,94% da população, conforme indicado pelos dados do censo de 2020.
Desde o fim do regime comunista no início da década de 1990, aproximadamente 40.000 mongóis converteram-se a diferentes denominações cristãs, incluindo protestantes, católicos, adventistas do sétimo dia e outros.
O budismo lamaísta e o xamanismo são as religiões tradicionais da Mongólia. Segundo a Mission Eurasia, a maioria dos grupos étnicos da Mongólia, especificamente 23 dos 28, ainda é considerada não alcançada pelo Evangelho.