Maran tem uma carreira de sucesso na Jordânia. Como engenheira bem-sucedida, ela se desdobrava entre sua profissão e os três filhos. Mas, algo lhe chamou atenção quando os refugiados do Iraque começaram a chegar em Amã (capital). A forma como esse povo era tratado a deixou em estado de choque.
Os refugiados recebiam comida vencida e para poder conseguir novas roupas precisavam vasculhar uma grande pilha de itens usados que as pessoas deixavam no chão. Ela conta: “Eu fui visitá-los e vi como eles eram tratados. Eu não gostei do que vi, então tinha duas opções: chorar ou fazer alguma coisa. Então eu escolhi fazer alguma coisa”.
Então, há três anos ela fundou a ONG Al-Hadaf (O propósito), com o suporte da Organização Portas Abertas. Sua missão era de ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade. “Minha meta é restaurar a dignidade desses refugiados e tratá-los como eu gostaria de ser tratada, como eu gostaria que meus filhos fossem tratados”, ressalta ela.
Mas, ela sabia que sozinha não iria tão longe. Por isso, contou com a ajuda de voluntários de igrejas da Jordânia. Hoje a ONG oferece uma loja de roupas de segunda mão, uma sala para aconselhamento pós-trauma e uma sala de arteterapia para crianças. Por meio desse trabalho e também de clínicas médicas, a Al-Hadaf já alcançou quase 2.500 iraquianos. Isso só em 2016.
Fica evidente a importância do trabalho voluntário para o resgate de vidas. Devemos agir unidos, a favor das pessoas mais vulneráveis da sociedade. Para se ter uma ideia, a ONU inclui a solidariedade como um dos valores fundamentais que devem permear as relações internacionais no século XXI. Vidas podem ser transformadas por meio de gestos solidários.
Um exemplo disso é o da professora iraquiana Anahed. Em 2006, extremistas islâmicos sequestraram seu esposo. “Eles vieram à nossa casa e disseram que pelo fato de meu marido ser cristão, eu tinha que pagar um resgate. Nós pagamos, mas eles nunca o trouxeram de volta”.
Anahed passou cerca de 10 anos esperando pela volta do esposo, mas a situação em Bagdá só piorava. Foi quando ela resolveu fugir para a Jordânia com seus filhos. “Deixar meu país e me tornar uma refugiada foi doloroso, mas aqui na Al-Hadaf eu encontrei um porto seguro. As pessoas são tão amáveis. Através das palavras e cuidados, elas trouxeram o sorriso de volta ao meu rosto”.