Evangelista é espancado e turistas cristãos são mortos por extremistas em Uganda

Os terroristas atacaram um evangelista, que foi brutalmente espancado; posteriormente, eles mataram um guia turístico e um casal cristão.

Fonte: Guiame, com informações do Morning Star NewsAtualizado: segunda-feira, 23 de outubro de 2023 às 15:18
Carro do guia turístico cristão Eric Alyai incendiado após ele ser morto junto com dois turistas em Uganda. (Foto: Força Policial de Uganda X)
Carro do guia turístico cristão Eric Alyai incendiado após ele ser morto junto com dois turistas em Uganda. (Foto: Força Policial de Uganda X)

Três indivíduos foram assassinados na terça-feira (17), no oeste de Uganda, sob acusações de 'apoiar atividades cristãs'. Segundo fontes locais, anteriormente um evangelista também havia sido brutalmente espancado até perder a consciência, em 10 de outubro, após ser atacado por extremistas muçulmanos.

Em ambos os casos, a motivação dos crimes foi a fé cristã das vítimas, consideradas como "infiéis".

Em Kawaala, na região de Kampala, seis extremistas muçulmanos gritando "Kafir” (infiel, em português) e o lema jihadista "Allah akbar” (que significa ‘Deus é maior’] atacaram o evangelista Robert Settimba.

O jovem de 27 anos estava retornando para casa após pregar na rua por volta das 19h. A informação foi relatada por um amigo, cuja identidade não foi divulgada.

"Os muçulmanos o agarraram e começaram a chutá-lo e socá-lo, enquanto outros se aproximavam para espancá-lo com pedaços de pau, enquanto eu assistia de longe, sem poder fazer nada", relatou o amigo ao Morning Star News.

"Algumas pessoas que passavam gritaram para que eu fosse embora, caso contrário os agressores também me atacariam. Por isso, tive que deixar meu amigo caído no chão."

Hospitalização

O amigo de Settimba buscou socorro em uma igreja nas proximidades e, com a ajuda de outros cristãos, retornou ao local onde encontraram o evangelista inconsciente. Imediatamente, eles o levaram para um hospital nas proximidades.

Settimba é bem reconhecido entre a comunidade cristã como um pregador de rua, por compartilhar sua fé com muçulmanos em vários lugares de Kampala, entre eles: Kisenyi, Wandegeya e Kawaala.

Seus ferimentos apontavam intensas dores no peito, hematomas na coxa, na mão esquerda e no ombro, além de inchaço e inflamação no tornozelo esquerdo.

"Durante a minha missão missionária, muitas pessoas se converteram a Cristo, principalmente homens jovens e mulheres de negócios, estudantes e até alguns líderes muçulmanos", disse Settimba ao Morning Star News, enquanto estava hospitalizado.

E continuou: "Eu não sabia que estava magoando os muçulmanos ao falar sobre Cristo e usar o Alcorão durante a minha evangelização."

Settimba disse que recuperou a consciência no hospital.

“Quando recobrei a consciência, me vi no hospital com cristãos ao redor da minha cama”, disse ele. “Eles me apoiaram e me deram 50.000 xelins ugandeses [13 dólares] para tratamento médico.”

Settimba disse que ainda não decidiu se seria muito perigoso registrar um boletim de ocorrência à polícia sobre o ataque que sofreu.

Assassinato em parque

No Parque Nacional Rainha Elizabeth, uma área enorme localizada no oeste de Uganda, um guia turístico cristão local chamado Eric Alyai e um casal estrangeiro foram mortos a tiros na terça-feira (17).

O crime é atribuído por supostos terroristas islâmicos membros da Forças Democráticas Aliadas (ADF), segundo fontes.

Eric Alyai, de 40 anos, o turista britânico David Barlow e sua esposa sul-africana, Celia Barlow, de 51 anos, foram mortos por volta das 18h30 ao longo da estrada Katwe, dentro do Parque Nacional Rainha Elizabeth, segundo agências de segurança.

Testemunha

Uma moradora da região, que estava presente durante o ataque enquanto procurava lenha, relatou ao Morning Star News que ouviu tiros e buscou refúgio.

Ela observou que quando os extremistas muçulmanos se aproximaram do veículo dos turistas, eles gritaram: "Sabemos que vocês são aquelas pessoas que apoiam os cristãos em Uganda e estão aqui em nome dos turistas", conforme relatado pela testemunha, cujo nome não é revelado por motivos de segurança.

“Ali mesmo, eles atiraram contra as pessoas e depois reduziram o veículo a cinzas”, disse ela ao Morning Star News.

Alyai era conhecido por levar os turistas a hotéis de propriedade cristã em Kasese, contribuindo para a gerar renda para a igreja local. Além disso, ele costumava guiar turistas cristãos a igrejas em Kasese, de acordo com as fontes.

As autoridades suspeitam que os terroristas pertencentes às ADF estiveram envolvidos nos assassinatos, conforme informado pelo grupo de segurança Crisis24.

Grupo extremista

Originalmente com sede no oeste de Uganda, as ADF têm operado na província vizinha de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, desde o final da década de 1990.

As ADF são consideradas como um dos grupos armados mais letais dentre os mais de 120 atuantes no leste da República Democrática do Congo.

Em 2019, a ADF se dividiu em duas facções, com uma delas se afiliando à Província do Estado Islâmico da África Central. Em 2021, o governo dos Estados Unidos classificou a ADF como uma organização terrorista estrangeira, estabelecendo conexões com o Estado Islâmico.

Alyai, que era residente no município de Entebbe, no distrito de Wakiso, deixa para trás sua esposa, Ruth Mutamba, e um filho pequeno.

“Muitas pessoas em Kasese estão agora de luto pela morte de Eric Alyai”, segundo a fonte informou ao Morning Star News.

“Ele era conhecido por seu bom trabalho no turismo e também por apoiar a obra de Deus no oeste de Uganda.”

Perseguição e massacres

Um grupo dissidente das ADF é suspeito do massacre de 37 estudantes, a maioria deles cristãos, em 16 de junho, nos dormitórios de uma escola privada em Mpondwe, distrito de Kasese.

Os ataques ocorridos neste mês são os mais recentes de muitos casos de perseguição documentados aos cristãos no Uganda pelo Morning Star News.

A constituição do Uganda e outras leis do país garantem a liberdade religiosa, incluindo o direito de propagar a própria fé e converter-se de uma fé para outra.

A população muçulmana no Uganda não ultrapassa 12% do total, com maiores concentrações nas regiões orientais do país.

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