O militante islâmico radical, Abubakar Shekau, conhecido como líder do grupo extremista Boko Haram, teve sua morte confirmada pela facção rival ISWAP, que é filiada ao Estado Islâmico.
Por várias vezes, o governo da Nigéria alegou ter matado Shekau. Nos últimos anos, sua morte foi anunciada cinco vezes. A mais recente foi em 2015, quando teria sido abatido numa ofensiva pelas forças chadianas, o que o próprio líder negou pouco tempo depois através de uma mensagem de áudio.
Sobre a morte de Abubakar Shekau
O líder do Boko Haram suicidou-se durante um confronto com militantes jihadistas do Estado Islâmico na África Ocidental [ISWAP], segundo um áudio do grupo obtido pela agência de notícias France Presse [AFP], duas semanas depois de virem a público várias notícias sobre a sua morte.
A morte de Shekau é um marco significativo na insurgência islâmica na Nigéria, que em 12 anos já matou mais de 400 mil pessoas e deixou cerca de dois milhões de deslocados no nordeste do país, conforme a DW.
O Boko Haram ainda não comentou oficialmente a morte do líder, enquanto o exército nigeriano afirmou que já está investigando as alegações. "Shekau preferiu ser humilhado no além do que ser humilhado na Terra. Matou-se instantaneamente, detonando um explosivo", disse a voz que parece ser do líder do ISWAP, Abu Musab Al-Barnawi, na língua Kanuri. O áudio, que não tem data, foi cedido à AFP pela mesma fonte que enviou mensagens do grupo anteriormente.
"Estamos tão felizes", disse a voz, descrevendo Shekau como “um grande causador de problemas, perseguidor e líder destruidor da nação”.
“Shekau era visto pelo Estado Islâmico como causador de divisão por causa de seus ataques aos muçulmanos, enquanto o alvo preferido do ISWAP são os cristãos”, afirmou o analista da Portas Abertas na África Subsaariana.
A Igreja prevê mais perseguição
Falando sobre as implicações da morte do líder do Boko Haram, o analista afirma que “não é uma boa notícia”. Primeiro porque as pessoas esperavam que ele fosse preso e levado a julgamento. “Muitos agora podem lamentar a perda de uma oportunidade de justiça para as milhares de vítimas”, explicou.
Segundo porque o ISWAP [grupo que provocou a morte de Shekau] tem acesso a um grande número de armas, combatentes e território, o que é muito perigoso para a Igreja.
“Mas o Boko Haram é um dragão com muitas cabeças, por assim dizer. Assim como quando o fundador, Malam Yusuf, morreu, o grupo não desapareceu, alguém assumirá o lugar de Shekau e buscará continuar suas atividades”, disse.
“A igreja está prevendo mais pressões como resultado disso. Há uma expectativa de que o ISWAP incorpore membros das facções de Shekau. O ISWAP tem muitos membros treinados do Norte da África, cuja presença no país aumenta os ataques violentos e assassinatos brutais de líderes e membros da igreja”, também comentou um pesquisador cristão.
“A comunidade local no Nordeste, Centro-Norte e até mesmo no Sul da Nigéria podem ser alvo do grupo extremista, onde temos evidências de que em alguns casos eles se infiltraram e se camuflaram como militantes fulanis”, concluiu.