Os últimos membros da tripulação para o resgate de imigrantes chegaram ao navio de Sea Watch 4 na terça-feira (11). Os treinos e exercícios já começaram, e na mesma semana foi dada a partida do porto de Burriana (Valencia, Espanha) para o centro do Mediterrâneo.
A missão se tornou possível devido à iniciativa da Igreja Protestante Alemã e ao apoio de mais de 500 organizações que participaram na campanha "Nós enviamos um navio", que recolheu os fundos necessários para a operação.
O novo navio foi comprado por 1,3 milhão de euros com o apoio financeiro de uma aliança de cidadãos, a United 4 Rescue, fundada pela Igreja Protestante na Alemanha.
"Juntamos todas as instituições sociais e grupos que não querem ficar de braços cruzados vendo milhares de pessoas morrer no Mediterrâneo", explica a organização em seu site. "Com a recolha de donativos, apoiamos as organizações de resgate que atuam humanitariamente onde os políticos falham".
O projeto tinha já sido apresentado em fevereiro, numa cerimônia que decorreu na cidade portuária alemã de Kiel, e que contou com a presença de voluntários e líderes religiosos. "Não deixamos nem um ser humano se afogar. Ponto final", afirmou o bispo Heinrich Bedford-Strohm, responsável máximo da Igreja Protestante no país, citado pelo The Guardian. "Este navio tem de partir, porque os Estados europeus não querem, nem planejam, resgatar pessoas no Mediterrâneo".
Salvamento
A partida do Sea Watch 4 deveria ter acontecido em abril passado, mas a pandemia de Covid-19 atrasou os preparativos, obrigando a tripulação a adiar a sua missão, que terá início esta semana, numa altura em que não existe nenhum navio de resgate no Mediterrâneo.
"O Sea Watch 4 é desesperadamente necessário, com os diversos naufrágios das últimas semanas e nenhum barco de resgate no Mediterrâneo Central", afirmou Mattea Weihe, porta-voz da missão.
"No entanto, este navio não é apenas um objeto de salvamento, mas também uma forte declaração contra a política mortífera da Europa. É um enorme sinal de solidariedade de 60,8 metros, enviado por mais de 500 organizações da sociedade civil, com a igreja na primeira fila”, disse.
Mattea Weihe disse que a ação “demonstra que a sociedade civil, na Europa, discorda do fato de os governos optarem por permitir que as pessoas se afoguem, em vez de permitir que cheguem às costas europeias".