Neste Natal, 13 jovens brasileiros não celebrarão o nascimento de Jesus em casa com suas famílias. Mas será por uma boa causa. Os voluntários da ONG cristã CACEMAR (Centro de Acolhimento Casa Esperança e Missão Refúgio) embarcaram nesta segunda-feira (20) para Burkina Faso, na África, rumo a uma expedição missionária.
Os cristãos passarão 44 dias no país africano fazendo o amor de Jesus nascer no coração dos burquinenses. Já é sua terceira edição, o projeto de voluntariado “Let’s go to Africa" irá desenvolver ações de inclusão e justiça social com os garibous, meninos escravizados pela cultura islâmica, e mulheres em situação de extrema pobreza.
A equipe formada por jovens missionários do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, oferecerá atendimento de saúde, alfabetização, alimentação e recreação para centenas de burquinenses, na base da CACEMAR e em aldeias de Burkina Faso.
Todos os anos, a equipe do “Let's go to Africa'' leva doações ao país. Nesta expedição, os missionários estão levando materiais pedagógicos de alfabetização, equipamentos esportivos e tendas para montar um ambulatório de saúde.
O assessor jurídico Leonardo Venturato, de 25 anos, um dos voluntários da expedição, está com muita expectativa para sua primeira viagem missionária fora do Brasil. “Eu creio que grandes coisas o Senhor irá fazer em Burkina. Tenho sonhado muito com isso”, disse.
Para o diretor da CACEMAR, Jefferson da Silva, a equipe de voluntários de 2021, que conta com profissionais de áreas específicas, é resposta de oração da ONG, que pedia a Deus pessoas vocacionadas para atuarem em setores de necessidade no país africano.
“Vamos retornar a Burkina com um grupo muito bom, atendendo a área de saúde e outras também. É a mão de Deus colocando pessoas com grande potencial no projeto”, afirmou.
Meninos garibous, os escravos modernos
A principal frente de atuação da CACEMAR é com os Garibous, conhecidos como “escravos modernos”, são meninos de 5 a 17 anos, que são submetidos a condições análogas à escravidão em Burkina Faso. Essas crianças foram levadas pela família para viverem em escolas islâmicas, localizadas em grandes galpões numa situação deplorável.
Ali eles são obrigados pelos mestres islâmicos, chamados marabous, a acordarem muito cedo para decorar os versos do Alcorão. Se eles não decoram, são castigados apanhando ou torturados com moedas aquecidas, colocadas sobre suas costas.
No período da tarde, precisam mendigar moedas para os marabous. Eles perambulam quilômetros e quilômetros para conseguir esmolas. Levam consigo uma velha lata vermelha pendurada por um fio a tiracolo para guardar as moedas e os restos de comida que ganham pelo caminho. E se não arrecadam o valor estipulado pelos marabous, são castigados novamente. É uma questão cultural islâmica muito arraigada; os pais acreditam que enviando seus filhos para essas escolas islâmicas a família herdará os céus.
Equipe da expedição da CACEMAR de 2021. (Foto: Divulgação/CACEMAR)
A ONG possui o Centro de Acolhimento Casa Esperança, que recebe cerca de 300 meninos garibous toda semana. Durante três vezes na semana, eles recebem café da manhã, e duas vezes ao mês é servido um almoço. A Casa Esperança conta também com atendimento ambulatorial para atender os meninos que, por muitas vezes, chegam com ferimentos, e com um espaço de recreação e descanso para que possam ser crianças de verdade.
A CACEMAR também possui um segundo espaço chamado Casa Refúgio, onde são abrigados meninos garibous que pedem asilo. Essas crianças são acolhidas e passam a morar na Casa, recebendo educação, alimentação, refúgio e carinho.
Sobre o Let’s go to Africa
O projeto “Let’s to go Africa” já está em sua terceira edição e desenvolve diversos projetos humanitários na base da ONG CACEMAR, em Burkina Faso.
Os voluntários da expedição terão a oportunidade de contribuir com a missão, que já atua na África há mais de 20 anos, trabalhando em ações sociais como: Projeto Ballet, Projeto Esporte, Projeto Saúde, Oficinas de culinária e Projeto Alfabetização. Os participantes do voluntariado também atuarão em aldeias de Burkina e na igreja local.
Burkina Faso é um país de maioria muçulmana e, apesar de ser uma nação democrática e de sua constituição garantir liberdade religiosa, a população islâmica tem se radicalizado e grupos extremistas têm ganhado força no país. Nesse contexto, Burkina Faso está na 32° posição na Lista de países perseguidos do Portas Abertas de 2020, classificando o país na janela 10X40, a região no mundo mais fechada para o Evangelho.