No último sábado (8), terroristas das Forças Democráticas Aliadas (ADF) atacaram a vila de Ngite, no leste da República Democrática do Congo (RDC), e mataram quatro pessoas.
Segundo o International Christian Concern (ICC), entre os mortos, havia uma mulher que foi queimada viva em casa. Além disso, três residências foram incendiadas, animais foram levados e outras pessoas foram sequestradas.
“Eles chegaram por volta das 2h da manhã e começaram a matar pessoas com facões”, disse Jean, uma testemunha, ao ICC.
E continuou: “Os gritos permaneceram até às 5h da manhã”.
Osée Kambale, dos sobreviventes, compartilhou: “Os terroristas cercaram as propriedades antes de matar as vítimas. Passei a noite em uma casa queimada. Esta vila foi atacada várias vezes. Só no ano passado, em fevereiro de 2024, muitas crianças ficaram órfãs em um ataque semelhante”.
A violência recorrente na região deixou a população em luto e com medo. Katembo Kisaki Louis, presidente do grupo da sociedade civil Batangi-Mbau, foi até o local do ataque e relatou:
“A destruição foi devastadora. As pessoas estão em choque, a falta de segurança as deixa mais vulneráveis devido a esses ataques repetidos”.
Já o bispo anglicano da Diocese de Beni condenou o ataque, e pediu o fim da violência:
“Beni está se tornando um oceano de lágrimas. Todos os dias, pessoas inocentes são mortas. Os terroristas da ADF precisam vir ao Senhor e abandonar suas maneiras de matar pessoas inocentes. Estamos cansados dessa violência sem fim. Precisamos de paz”.
Conflitos
Em fevereiro deste ano, após a notícia do encontro de 70 cristãos decapitados dentro de uma igreja protestante na República Democrática do Congo (RDC), a missão Portas Abertas condenou o ataque e solicitou que as autoridades tomem medidas para proteger a comunidade cristã no país.
"A Portas Abertas apela às sociedades civis, governos e organizações internacionais para que priorizem a proteção civil no leste da RDC, onde grupos armados, como a ADF, estão operando”, declarou John Samuel*, especialista jurídico da missão na África Subsaariana.
E ressaltou: "A violência ocorre em um contexto de impunidade, onde quase ninguém é responsabilizado. Este massacre é um indicador claro de violações generalizadas dos direitos humanos contra civis e comunidades vulneráveis, muitas vezes visando cristãos, perpetradas pela ADF”.
A região nordeste do Congo sofre as consequência do conflito entre os grupos terroristas ADF e M23 com as forças do governo.
Desde 2014, a ADF intensificou os ataques na área. Somente no mês passado, o grupo matou mais de 200 pessoas em Baswagha.
A violência causou o deslocamento de 10.000 pessoas em 2024, com muitas vilas cristãs ficando totalmente desertas, e 355 cristãos foram mortos por sua fé, de acordo com dados da Portas Abertas.
“Pedimos à comunidade cristã internacional que permaneça em oração pelos cristãos e comunidades vulneráveis no leste da RDC", disse John Samuel.
A República Democrática do Congo ocupa a 35ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Missão Portas Abertas.