Dez favelas, que reúnem cerca de 120 mil moradores, são reconhecidas em Islamabad. No entanto, as Autoridades de Desenvolvimento da Capital (CDA) passaram a demolir os assentamentos ilegais na periferia da cidade no fim do ano passado, segundo denuncia a imprensa local.
A CDA alegou em um relatório que os cristãos vindos de diversas cidades do Paquistão estão ocupando "as terras do governo ousadamente, como se tivessem sido atribuídas a eles, sendo que este ritmo de ocupação do solo pode afetar a maioria muçulmana da capital."
A remoção destas favelas é "muito urgente", pois poderá "proporcionar um ambiente melhor para os cidadãos de Islamabad e proteger a beleza do Islã", acrescentou a CDA. "Elas parecem aldeias feias, enquanto Islamabad foi considerada como uma das mais belas cidades do mundo."
Reação política
A fim de conter a ação do governo, uma manifestação foi realizada na terça-feira (8) por ativistas que acusam as autoridades de promover o sectarismo. O protesto foi conduzido pelo líder da oposição, Syed Ahmed Shah Kurshid, do Partido do Povo Paquistanês (PPP).
Shad afirma que seu partido "nunca apoiou qualquer ação que deixe os pobres sem teto". O secretário de informações do PPP, Qamar Zaman Kaira, disse que seria vital que o Paquistão acolhesse todos os cidadãos, independentemente de sua fé, relata o site Dawn.
O Partido dos Trabalhadores de Awami levou a questão para a Suprema Corte, mas o assunto ainda será discutido.
Cenário religioso
A perseguição contra os cristãos é um problema crescente no Paquistão — um país de maioria muçulmana. Este ano, a Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional afirmou que o Paquistão representa "uma das piores situações do mundo para a liberdade religiosa", e recomendou que o governo americano o classifique como um "país de preocupação particular".
No relatório emitido em 2014 pelo Departamento de Estado dos EUA, sobre a "Liberdade Religiosa Internacional", o governo paquistanês foi acusado de falhar nas investigações, detenções e processos contra os responsáveis pelos abusos de liberdade religiosa promovidos em um ambiente de impunidade.
"As políticas do governo não garantem uma proteção igualitária aos membros de grupos religiosos minoritários. Devido à legislação discriminatória, como as leis de blasfêmia, as minorias, muitas vezes, têm medo de professar livremente suas crenças religiosas", aponta o relatório.