Quem passa pelo movimentado terminal de ônibus em Thousand Oaks, na Califórnia, conhece bem o pastor David Jeffery. Todas as manhãs de sexta-feira ele distribui café e biscoitos para motoristas, passageiros e moradores de rua.
Jeffery, de 55 anos, é pastor da Assembleia de Deus Freedom Church, mas é considerado o pastor de muitas dessas pessoas que o encontram no terminal de ônibus.
“Estávamos procurando uma maneira de nos conectar com as pessoas”, disse Jeffery à AG News. No início, ele montou uma mesa portátil em seu carro com uma placa que dizia “Café Grátis”. Não houveram respostas calorosas, mas ele decidiu continuar.
Na semana seguinte, ele levou mais café e biscoitos. As pessoas que passaram — trabalhadores, estudantes, moradores de rua, entre outros — começaram a esperar para vê-lo. “São pessoas normais que lutam para sobreviver e pessoas que vivem nas ruas”, diz Jeffery.
Oito anos depois, as pessoas que passam no ponto de ônibus se tornaram a segunda congregação de Jeffery. Ele aconselhou os filhos dos motoristas de ônibus por telefone, realizou um funeral para um morador de rua e visitou alguns dos contatos na prisão. As pessoas começaram a ligar para o escritório da igreja pedindo para “conversar com meu pastor do ponto de ônibus”.
Nas manhãs de sexta, muitos motoristas pedem oração e tomam um café com o pastor Jeffery nos intervalos das viagens. Uma delas é a motorista Luz Gomez.
“David começa a orar por pessoas que precisam de oração e incentivo”, diz ela. “Há muitas pessoas quebradas por aí — sem-tetos, pessoas que estão revoltadas com o mundo —, mas um sorriso muda o dia delas”.
Pastor do ponto de ônibus
Jeffery atua mais como pastor do que como evangelista no ponto de ônibus, cuidando e orando pelas pessoas. “Tenho muito mais conversas espirituais no ponto de ônibus do que no meu escritório. De certo modo, sair do meu pequeno círculo e entrar em outro mundo entre as pessoas era a minha motivação”.
Em oito anos, quase ninguém recusou uma oferta de oração. “As pessoas compartilham suas mágoas e histórias. Elas pedem oração, conselhos. Eu estive em suas casas e hospitais. Eles não são projetos, são meus amigos. As pessoas que vão me ver no ponto de ônibus muitas vezes não vão à igreja”, explica.
A igreja faz doações para ajudar o pastor em seu ministério. Sua esposa, Kim, 53 anos, acorda às 5 da manhã antes do trabalho todas as sextas para preparar o café. David assa os biscoitos nas quintas à noite.
“Se eu não tivesse feito isso, minha vida seria muito limitada”, diz Jeffery. “Qualquer pastor ou pessoa sentada no banco pode fazer isso. Você não precisa de muito treinamento. Você só precisa aparecer toda semana”.