Pastor sobrevive a incêndio criminoso em igreja e continua ministério: "Não tenho medo"

O pastor Raman destacou que vive pelo propósito de levar a Índia a se entregar a Cristo.

Fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas (EUA)Atualizado: sexta-feira, 23 de agosto de 2019 às 13:43
Extremistas hindus usam a prática de incêndios criminosos para intimidar cristãos na Índia. (Foto: World Watch Monitor)
Extremistas hindus usam a prática de incêndios criminosos para intimidar cristãos na Índia. (Foto: World Watch Monitor)

 

Foi preciso um terrível acidente para que Raman se tornasse crente em Jesus. Foi preciso que houvesse a cura da doença e pensamentos demoníacos. Foi preciso rejeitar a fé de sua família e sua aldeia. Em resumo: Foi preciso que Deus não parasse de perseguir Raman. Hoje ele é um corajoso pastor, que planta igrejas e desafia a intolerância religiosa na Índia.

Hoje, Raman* é um cristão na Índia, e todo dia sua fé em Jesus o leva a arriscar tudo pelo salvador que o resgatou. Mas antes disso ele teve que lidar com doenças, ferimentos e uma família especializada em praticar feitiçaria e lançar maldições.

"Por que eu tenho que sofrer assim?"

Raman cresceu em uma família onde ele viu em primeira mão o lado mais sombrio de um ramo do hinduísmo. "Meu avô era um feiticeiro", diz Raman, que agora tem 29 anos. "Ele sacrificava animais e convidava os deuses. Quando as pessoas queriam amaldiçoar alguém, davam dinheiro a ele e ele lançava uma maldição. Quando eu era jovem, as pessoas vinham até mim e diziam: 'Sofremos por causa do seu avô'", contou Raman.

Quando ele tinha apenas oito anos de idade, seu pai e seus avós morreram em três meses. Quando a mãe de Raman se recusou a se casar de novo, seus parentes confiscaram todas as as propriedades e bens da família e forçaram Raman, sua mãe e sua irmã a deixarem a cidade. A família tentou começar uma nova vida em um novo lugar, mas não foi fácil.

"Minha mãe ganhava a vida com rituais de magia negra, mas quando começamos nossa nova vida, ela não tinha como ganhar dinheiro", lembrou Raman. "Vivíamos em uma cabana ao lado da estrada. Não era nem uma casa de verdade".

Depois de um ano, eles conseguiram se mudar para uma casa. Mas, ao mesmo tempo, Raman ficou doente. Sua doença o enfraqueceu e ele frequentemente desmaiava.

"Naquela época, eu estava determinado que não havia Deus, porque eu me questionava: 'Por que eu tenho que sofrer assim?'", contou.

Raman também começou a ouvir vozes sussurrando pensamentos sombrios e ordenando que ele praticasse atos terríveis, como atacar outras pessoas e até mesmo se matar. Ele se tornou um perigo para si mesmo e para os outros, então as outras pessoas em sua aldeia disseram à mãe de Raman para acorrentá-lo para evitar que ele machucasse alguém.

Ele ficou acorrentado por meses e ninguém sabia o que fazer para ajudá-lo.

Então, alguém disse à mãe: "Você deve levar seu filho à igreja". Já se vendo sem saída, a mãe levou o filho à igreja. Lá os cristãos oraram por Raman e, depois de um mês, ele ficou completamente curado e parou de ouvir vozes. Impactadas por esse milagre, a mãe e a irmã dele se entregaram a Jesus. Mas Raman, mesmo depois de experimentar essa cura, ainda não estava interessado em Deus.

"Como amava minha mãe, fui com ela e minha irmã à igreja, mas não acreditei", ele diz agora.

"Eu percebi que Jesus me curou"

Levou mais sete anos até Raman se tornar um crente - e isso não aconteceu sem sofrimento significativo. Ele estava andando de moto e bateu em um caminhão grande. Raman ficou gravemente ferido, a ponto de quase morrer; as pessoas da igreja onde sua mãe e sua irmã congregavam começaram a orar por Raman.

Durante 20 dias, não houve melhora visível. Os médicos disseram à mãe para levar seu filho para casa e mantê-lo em um quarto onde ele poderia ser cuidado - eles disseram que ele Raman nunca mais seria capaz de andar, falar ou fazer qualquer coisa fora de uma cama. A família da mãe de Raman disse a ela que isso aconteceu porque ela havia abandonado a magia negra.

Mas no dia 21, Raman acordou, sentou-se na cama, se levantou e andou.

"Deus lhe deu vida", disse o pastor ao celebrar a cura milagrosa do rapaz.

Mas isso ainda não era suficiente para Raman.

"Eu não acreditava nisso", diz ele. "Eu estava com uma aparência horrível, tinha cicatrizes no rosto e tinha que andar de muletas. Eu não me senti totalmente feliz. Quando as pessoas vieram me visitar, comecei a discutir com elas, questionando se Deus havia feito isso.

"Eu disse à minha mãe: 'Se Deus realmente me curou, então eu quero andar sem essas muletas'. Minha mãe orou por mim e ela me disse: 'Você tem que começar a andar'. Em uma semana, toda a força voltou para as minhas pernas. Foi nesse momento que percebi que Jesus me curou", relatou.

Agora, no lugar daquelas vozes malignas que outrora o atormentavam, Raman ouve a voz do Espírito Santo.

"Esta é uma voz tão diferente", disse ele. "Isso me dá paz."

Plantação de igrejas leva a perseguição
Desde o dia em que ele começou a seguir Jesus, Raman enfrentou oposição por causa de sua fé. Quando ele se tornou cristão, ele perdeu muitos amigos, que o acusaram de aceitar um Deus estranho.

"Eu me senti chateado com a reação deles", destacou. "Eu também estava decepcionado e sozinho".

Mas isso não o impediu de seguir o chamado que ele sentiu que Deus lhe dera. "Acredito que Deus me pediu para plantar igrejas em aldeias hindus em volta da minha própria cidade", diz ele. Raman então tornou-se pastor.

Ele se casou e mudou-se para uma nova aldeia com sua esposa, para começar a construir relacionamentos e realizar cultos. Depois de um ano, eles começaram a alugar um prédio onde sua igreja poderia se reunir.

"Deus começou a tocar os corações das pessoas", diz Raman.

No entanto, outros na cidade ficaram com inveja por causa do crescimento da igreja. Eles começaram a perturbar os cultos, atirando pedras no telhado para fazer barulho. Isso continuou por vários anos, mas Raman nunca parou de acreditar e realizar cultos na igreja.

Restauração

Vários anos depois, a perseguição se tornou mais violenta. Raman e sua esposa estavam esperando seu primeiro bebê, quando eles foram derrubados de sua moto por um membro de um grupo extremista.

"Minha esposa perdeu nosso bebê", diz Raman. "Não consegui fazer nada. Eu a trouxe para o hospital, mas não havia nada que pudessem fazer".

Esse foi um momento terrível para Raman e sua esposa. De alguma forma, eles conseguiram continuar com seu ministério. Depois de mais dois anos, Deus abençoou a família com uma menininha.

O ministério de Raman continuou a crescer. Ele ajudou a plantar igrejas nas aldeias vizinhas. "Neste momento, existem 30 igrejas com escolas dominicais", diz ele. "E em três aldeias há cultos da igreja”.

Coragem

Mas a perseguição que ele enfrentava também continuou. Em março de 2018, Raman chegou perto de perder a vida quando sua igreja foi atacada por um grupo de jovens, subornados por extremistas hindus.

"Uma noite eu estava orando na igreja", lembra ele. "Eu estava sozinho e tranquei a porta. Era meia-noite quando notei fumaça entrando na igreja. No momento em que abri a porta, a parte da frente da igreja já estava em chamas. Minha bicicleta, que eu uso para viajar para as aldeias vizinhas, também foi queimada. Eu tentei escapar da igreja, mas quando eu o fiz, alguma madeira em chamas caiu sobre mim".

"Foi realmente Deus quem me protegeu naquele dia. Eu tive problemas físicos após o incidente. E mais ainda, minha bicicleta se foi, a igreja quase se incendiou e não havia ninguém para nos ajudar", acrescentou.

Os parceiros locais da Portas Abertas (EUA) puderam ajudar Raman com algumas necessidades básicas e mantimentos para o pastor e sua família.

Algumas semanas após o incêndio, a igreja foi reconstruída e mais de 500 crianças foram ao prédio para uma Escola Bíblica de Férias. "Toda a glória a Deus", diz o pastor Raman. Com a ajuda dos apoiadores do Portas Abertas (EUA), a igreja conseguiu comprar um novo sistema de som para substituir o que foi perdido no incêndio, para que o trabalho desse tipo possa continuar.

Pastor Raman já se recuperou de seus ferimentos e está determinado a continuar levando o evangelho para sua nação. Ele pede orações pelo ministério da igreja para as crianças e por orientação, ao procurar plantar igrejas em 100 vilarejos ao redor de sua cidade.

"Eu quero ver a Índia como um país livre de todo mal", diz ele. "Quando a Índia começar a temer a Deus, as pessoas abandonarão seus caminhos errados. Eu sei que isso pode ser perigoso. Eu também sei que posso morrer. Mas não tenho medo".

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