As tropas militares de Mianmar atacaram mais igrejas no estado de Chin, de maioria cristã, enquanto continuam a lutar contra os combatentes da resistência local.
De acordo com o jornal The Chindwin, no último domingo (28), o exército birmanês alvejou armas pesadas contra a Igreja Cristã de São Miguel e seu convento na cidade de Kanpalet. O ataque forçou os padres e irmãs a fugirem do local para uma área segura.
No dia seguinte, os militares voltaram ao convento e saquearam suprimentos médicos, sacas de arroz, objetos de valor, computador e dinheiro no valor de 50 lakhs (4.800 dólares).
Um pastor local, que permaneceu anônimo, relatou ao The Chindwin que a maioria das igrejas cristãs em Kanpalet já foram atacadas uma ou duas vezes pelas tropas militares. Segundo ele, algumas igrejas foram até mesmo bombardeadas com RPG, causando grandes danos.
Balas recolhidas no convento da Igreja Católica na cidade de Kanpalet. (Foto/ VanMaria Angel).
A Igreja Batista Emmanuel na cidade também foi quase totalmente saqueada pelo exército, de acordo com um membro da congregação.
O estado de Chin, onde mais de 90% da população é cristã, é o reduto das forças de resistência contra o governo militar, que tomou o poder de Mianmar através de um golpe, em fevereiro deste ano. Por este motivo, o exército birmanês enviou várias tropas para o estado, na fronteira com Bangladesh e Índia.
Igrejas e cristãos atingidos
Igreja destruída, após ataque das tropas militares em Mianmar. (Foto: International Christian Concern).
Desde a tomada do poder pelo exército em fevereiro deste ano, os ataques a cristãos, que representam cerca de 6% da população de maioria budista, aumentaram. A repressão que está acontecendo deixou as minorias religiosas étnicas em Chin e outros estados ainda mais vulneráveis.
Em junho, líderes da igreja no leste do estado de Karenni relataram ataques militares em pelo menos oito igrejas. Em setembro, uma igreja batista, no estado de Chin foi atingida por disparos da artilharia militar, na tentativa de conter a resistência no país.
Durante o ataque, um pastor batista acabou sendo atingido. Ele estava ajudando a apagar o incêndio em uma das casas, conforme relatou o International Christian Concern (ICC).
O ataque dos militares a edifícios de igrejas, propriedades e casas de civis é um insulto à religião e aos crentes”, disse a Convenção Batista Chin, em comunicado, no dia 19 de setembro.