Um estudante cristão do Reino Unido que foi expulso da Universidade de Sheffield por citar versículos da Bíblia e afirmar que a homossexualidade é uma "abominação" ganhou uma revisão judicial sobre o caso.
Segundo o jornal britânico 'Premier' relatou na última terça-feira (24), a controvérsia decorre da decisão da universidade de expulsar Felix Ngole, um estudante cristão que citou em publicações do Facebook, a passagem de Levítico 20:13, que diz: "Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles".
Ngole também teria defendido em postagens on-line, a tabeliã cristã de Kentucky (EUA), Kim Davis por ela ter decidido não emitir licenças de casamento para homossexuais após a legalização do casamento gay nos Estados Unidos em 2015.
Ngole vem discutindo a decisão da universidade e marcou uma pequena vitória na última terça-feira, quando o juiz do Supremo Tribunal James Lewis disse que era possível considerar que a medida adotada pela instituição de ensino era desproporcional.
O estudante está tentando fazer com que sua expulsão seja revogada, mas terá que esperar pela decisão em um julgamento que deve acontecer no segundo semestre de 2017.
Andrea Williams, do Centro Legal Cristão, que está apoiando Ngole neste caso, disse em 2016: "O Sr. Ngole trabalhou com aqueles que se identificam como homossexuais no passado e sempre os tratou com respeito, nunca os discriminou. Não há qualquer evidência que as visões bíblicas de Felix tenham impactado negativamente seu trabalho".
A Universidade tinha argumentado que o estudante transgrediu limites que o tornaram inadequado para atuar como assistente social - profissão que ele gostaria de seguir com a conclusão de seu curso superior.
Williams acrescentou, no entanto: "Nós nos acostumamos com os registradores, enfermeiras, professores, magistrados e conselheiros sendo disciplinados em seu trabalho por agir de acordo com a sua consciência, mas esta é a primeira vez que um estudante cristão foi impedido de trabalhar mesmo antes de ingressar na sua profissão escolhida para ajudar outras pessoas - simplesmente por manter os pontos de vista dos cristãos sobre o casamento e a sexualidade".
Ngole explicou em 2016 que ele estava simplesmente usando a mídia social para expressar suas opiniões.
"Nas minhas postagens do Facebook em questão, simplesmente expressei apoio à visão bíblica do casamento e da sexualidade", disse ele em uma declaração na época. "No entanto, fui advertido pela universidade por causa desses pontos de vista e eles decidiram unilateralmente encerrar a minha matrícula. Ao fazê-lo, eles também me impossibilitaram de continar o meu treinamento para a minha vocação escolhida".
Contexto
Vários cristãos têm entrado com processos judiciais neste mesmo perfil de combate à intolerância no Reino Unido. Muitos deles dizem que sofrem discriminação devido a suas opiniões religiosas.
Em um desses casos, uma enfermeira cristã com o nome de Sarah Kuteh foi demitida em junho de 2016 pelo Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra por se oferecer para orar com pacientes.
"Fui expulsa do hospital depois de tudo o que fiz durante todos os meus anos como enfermeira e me disseram que não podia nem falar com nenhum de meus colegas", disse Kuteh sobre a forma como foi penalizada. "Tudo o que eu tinha feito era cuidar dos pacientes. Como poderia ser prejudicial dizer a alguém sobre Jesus?"