Um grupo indígena está atacando e incendiando igrejas no Chile. Devido ao aumento do número de cristãos na região de Araucanía, que fica localizada ao sul da capital Santiago, os radicais Weichan Auka Mapu já acabaram com 27 congregações.
Segundo informações da Organização Portas Abertas, o grupo defende os direitos dos mapuches, uma tribo ancestral que vivia no país antes da colonização espanhola. Atualmente, os mapuches são formados por 87% de cristãos, entre católicos e protestantes.
Entre 2015 e 2016, 20 igrejas foram queimadas pelo grupo radical. E neste ano, outras sete foram vítimas do ataque. Além de prejudicar os cristãos que se reuniam nas igrejas, a sociedade foi lesada, pois os locais serviam também como escolas e abrigos para pessoas deslocadas devido a desastres.
As igrejas acabavam ajudando os próprios mapuches. Juan Mella é o presidente do conselho de pastores da região e pastor de uma igreja queimada em julho. Ele lembra claramente o momento em que sua igreja de madeira virou um monte de cinzas. Segundo a Portas Abertas, ela havia sido construída há 15 anos com dinheiro levantado pelos próprios fiéis.
Apesar da gravidade dos ataques, apenas um foi mais notório. Homens mascarados invadiram o culto de domingo de uma igreja e a incendiaram. Este caso foi o único que resultou na prisão dos radicais. Quatro homens foram detidos e estão sendo investigados por possível ligação com o Weichan Auca Mapu.
O grupo extremista ainda exige a libertação de prisioneiros mapuches e reivindica a autoria dos ataques. Eles deixaram uma mensagem escrita na igreja: “Cristianismo, cúmplice da repressão do povo mapuche”.
Em setembro deste ano, mais quatro igrejas foram queimadas e outras congregações, ameaçadas. Tal ação fez com que a polícia colocasse guardas nas duas igrejas da região. O advogado de acusação dos quatro detidos, Luis Torres, comenta: “Além dos ataques, há os panfletos que eles deixam com suas exigências e justificativas do comportamento”.
A advogada de defesa, Pamela Nahuelcheo, pressionou o governo que por sua vez decidiu que os homens seriam acusados apenas por incêndio e não por terrorismo, em outubro. Desde então já houve duas audiências.
Em nota, o conselho de pastores de Araucanía comentou: “É responsabilidade do Estado garantir que eventos como esses não aconteçam novamente, assegurando que justiça seja feita aos responsáveis, assim como protegendo as vítimas e garantindo que a igreja seja reconstruída”.