
Um avião da missão Samaritan's Purse, liderada pelo evangelista Franklin Graham, foi sequestrado durante uma entrega de suprimentos para o Sudão do Sul, na última terça-feira (2). Após o piloto conseguir pousar com segurança, o suspeito foi detido e não há registro de feridos graves.
A organização informou que a aeronave — um Cessna Grand Caravan usado exclusivamente em operações na África — seguia para Maiwut, levando medicamentos destinados a uma unidade médica móvel da missão sediada na Carolina do Norte (EUA).
Durante o trajeto, um homem armado que havia embarcado clandestinamente anunciou o sequestro. Além do piloto, um funcionário da organização também estava a bordo.
Na ocasião, o piloto conseguiu pousar em Wau, no Sudão do Sul, onde o Serviço Nacional de Segurança do país prendeu o suspeito.
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Franklin Graham lidera a missão que atua há anos no país. (Foto: Reprodução/Samaritan's Purse)
O sequestrador foi identificado como Yasir Mohammed Yusuf. Conforme a Associated Press, ele reside na Área Administrativa de Abyei, região rica em petróleo disputada entre Sudão e Sudão do Sul. O motivo da ação ainda é desconhecido, mas relatos indicam que Yusuf queria que o avião o levasse ao Chade, país vizinho.
Em nota, a Samaritan’s Purse declarou: “Louvamos a Deus por ninguém ter ficado gravemente ferido e somos gratos às forças de segurança pelo apoio e pela rápida atuação no local para resolver a situação e garantir um desfecho seguro”.
Outros episódios de risco
A Samaritan's Purse atua há anos no Sudão do Sul e já enfrentou outros episódios de risco. Em 2017, oito funcionários foram sequestrados na região de Mayendit, supostamente por rebeldes locais, mas acabaram libertados ilesos. Na época, a organização negou que tenha havido pagamento de resgate.
Recentemente, em novembro, um avião contratado pela organização caiu enquanto transportava duas toneladas de suprimentos de Juba para áreas afetadas por enchentes. Todas as três pessoas a bordo morreram.
A aeronave, operada pela Nari Air, caiu a aproximadamente 19 quilômetros da pista de pouso de Leer, no condado de Leer, localizado perto da fronteira com o Sudão.
Conflito no Sudão do Sul
Segundo a missão Portas Abertas, o Sudão do Sul está à beira de uma guerra civil e muitos temem que os cristãos sejam novamente alvos de violência.
O país conquistou independência do Sudão em 2011, mas entrou em um conflito civil violento, que só terminou com um pacto de paz em 2018.
A queda de um helicóptero do Exército, em março, após ser abatido por uma milícia conhecida como Exército Branco, no estado do Alto Nilo, desencadeou uma nova onda de tensão na região. A província, rica em petróleo, é alvo constante de disputas estratégicas entre grupos paramilitares locais e o Sudão, país vizinho.
Entre os envolvidos no conflito, destacam-se as Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo militar atuante no Sudão e amplamente denunciado por perseguição ativa contra cristãos.
Especialistas afirmam que o presidente Salva Kiir tem demonstrado sinais de aproximação com a liderança da RSF nos últimos meses. Para os cristãos sudaneses presos entre os dois lados da guerra civil, a situação é particularmente crítica: eles são alvo tanto das Forças Armadas do Sudão quanto da própria RSF — esta última frequentemente acusada de promover violência sexual em massa contra mulheres cristãs no país.
“Devemos notar a presença de outros atores armados operando independentemente das principais facções políticas; esses grupos podem explorar a instabilidade para aumentar a violência, incluindo o ataque a comunidades cristãs. O efeito combinado do colapso político e da violência oportunista poderia ameaçar gravemente a segurança e a sobrevivência dos cristãos no Sudão do Sul”, disse o analista da Lista Mundial da Perseguição 2025.
Enquanto isso, o país está em um impasse político: “Quando o Sudão do Sul conquistou independência do Sudão em 2011, os cristãos se tornaram a maioria da população. Eles não enfrentavam mais a perseguição que experimentaram sob o ex-presidente, Hassan al Bashir. Agora, apelamos à comunidade internacional para fazer tudo ao seu alcance para ajudar na restauração da paz e segurança no Sudão do Sul e à igreja global para orar pela igreja no Sudão do Sul e pela região mais ampla do Leste da África, para que sejam agentes de paz e reconciliação”, destacou uma porta-voz da Portas Abertas da África Subsaariana.
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