Muitos católicos do Congo estão frequentando igrejas evangélicas, afirmando que os cultos são mais relevantes para suas necessidades, referindo-se a "curas milagrosas" e poder sobrenatural inexplicável. A maior comunidade católica romana da África reside no Congo e tem cerca de 40% dos 96 milhões de habitantes do país.
O Papa Francisco está na República Democrática do Congo (RDC) e passará mais dois dias visitando o continente africano. É a primeira visita de um papa desde 1985.
Segundo o site de notícias Reuters, atualmente há cerca de 30.000 igrejas avivalistas no Congo, também conhecidas como "igrejas do despertar".
Deo Malela, um católico de 28 anos, que frequenta regularmente uma igreja evangélica na cidade oriental de Beni, disse que “existem doenças para as quais você pode ir a hospitais e não encontra soluções, mas no culto você tem uma cura divina e milagrosa que não consegue explicar”.
O pastor Davis Alimasi, da igreja evangélica de Beni, disse à Reuters que as pessoas são atraídas para a igreja porque descobrem "verdade, cura e fé".
“O Espírito Santo se comunica com eles de várias maneiras,” acrescentou.
O movimento evangélico no Congo cresceu na década de 1980, quando Mobutu Sese Seko era o presidente do país. Na época, ele procurou rebater as críticas dos cidadãos católicos.
A fraternidade dos católicos
Malela informou que não se afastou da Igreja Católica, porque sente um forte senso de comunidade e "proteção política".
Enquanto o leste da RDC é atormentado por conflitos armados e violência, as igrejas evangélicas continuam a crescer.
Cristãos em cruzada evangelística no Congo. (Foto: Reprodução/Christ For All Nations)
A visita do papa à RDC busca aumentar a conscientização sobre o conflito de décadas que atinge o país.
De acordo com a agência de notícias francesa France-Presse (AFP), o papa lamentou a “crescente incapacidade do mundo de chorar”, diante do cenário caótico em que se encontra o país.
Conflitos na região do Congo
Entre as principais fontes de violência e terror da região, estão os vários grupos de milícias que possuem a mesma etnia, que têm como alvo civis e forças governamentais.
Esses grupos de milícia frequentemente lutam pelo controle de recursos como ouro, estanho e tungstênio e foram acusados de cometer abusos dos direitos humanos, incluindo estupro e assassinato.
No início deste mês, pelo menos 17 cristãos foram mortos e dezenas ficaram feridos em um atentado que atingiu uma igreja evangélica na cidade de Kasindi, na província de Kivu do Norte.
O grupo Forças Democráticas Aliadas (ADF) é considerado um dos grupos armados mais perigosos da República Democrática do Congo, responsável por milhares de mortes de civis e ataques a bomba.
Segundo a AFP, o grupo também está ativo na Uganda e prometeu aliança ao Estado Islâmico, assumindo a responsabilidade pelo atentado em Kasindi.
Desde 1999, a missão de manutenção da paz das Nações Unidas na RDC foi implantada na região para proteger civis. No entanto, tem enfrentado desafios para conter efetivamente a violência.