Evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, prevê pesquisador

Segundo o demógrafo José Eustáquio, a substituição do catolicismo pela fé evangélica como principal religião do país deve sofrer um atraso de 17 anos.

Fonte: Guiame, com informações de BBC BrasilAtualizado: terça-feira, 10 de junho de 2025 às 13:15
Imagem ilustrativa. (Foto: Facebook/Igreja ADBLU).
Imagem ilustrativa. (Foto: Facebook/Igreja ADBLU).

Os evangélicos poderão ser maioria no Brasil em 2049, segundo uma nova projeção baseada no Censo de Religião 2022 do IBGE divulgado na semana passada.

O demógrafo José Eustáquio Alves, professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, prevê que a substituição do catolicismo pela fé evangélica como a principal religião do país deve sofrer um atraso de 17 anos.

Com a nova taxa de crescimento evangélico – de 5,2 pontos percentuais entre o Censo de 2010 e o de 2022 – e a de declínio católico – 8,4 pontos percentuais –, a transição religiosa do Brasil deve acontecer mais tarde do que antes projetado, apenas em 2049.

Antes dos dados do Censo 2022, Eustáquio calculava que a mudança aconteceria em 2032

"Pela minha projeção anterior, a Igreja Católica iria perder de 7 a 1, de goleada. E acabou que a Igreja Católica perdeu por 1 a 0", exemplificou o demógrafo.

José afirmou que a diferença entre as suas duas projeções acontece porque o Brasil passou 12 anos sem ter dados do IBGE sobre religião. Ele ainda observou que é possível fazer uma projeção e não uma previsão.

Para o professor, as taxas anuais do crescimento evangélico e da queda do catolicismo seguirão parecidas nos próximos anos.

"Ninguém sabe o que vai acontecer no futuro. Pode mudar tudo. Agora você tem de fazer alguma hipótese, então acho que é uma hipótese razoável. Se vamos supor, vamos supor que essa tendência de 2010 a 2022 se mantenha", observou.

Conforme o Censo de 2022, 26,9% da população brasileira é evangélica. O número representa um crescimento de 5,2 pontos percentuais, abaixo da taxa de alta de 6,5 pontos registrada entre os censos de 2000 e 2010.

Aumento de “desigrejados”

É a primeira desaceleração na tendência de crescimento evangélico desde os anos 1960, de acordo com o IBGE.

Sobre a suposta desaceleração, Eustácio avalia que o fenômeno pode ser explicado pelo aumento dos “evangélicos não praticantes”, conhecidos como “desigrejados” e também fatores técnicos do último Censo.

"O Censo 2022 foi muito problemático", disse, citando os atrasos devido à pandemia (o Censo deveria ter sido realizado em 2020) e a falta de recursos.

Por exemplo, o IBGE chegou a rever seus dados sobre o número de habitantes do Brasil. Pelo Censo 2022, o país tem 203 milhões de pessoas. Entretanto, em 2023, uma nova projeção indicou 210,8 milhões de pessoas.

"Obviamente, essas pessoas não foram entrevistadas. Então é preciso fazer estudos melhores para saber se essa falha de cobertura afetou esses números", concluiu José.

Evangélicos continuam avançando

Apesar do crescimento ter sido menor em relação às décadas anteriores, o cristianismo evangélico continua avançando, principalmente entre os jovens.

Em 2022, 47,4 milhões de brasileiros se declararam evangélicos. No grupo, as mulheres (55,4%) são maioria, enquanto 44,6% são homens. Em relação à cor, a maioria é parda (49%).

Por regiões, o Norte tem a maior parcela de evangélicos (36,8%), seguido pelo Centro-Oeste (31,4%), Sudeste (28%), Sul (23,7%) e Nordeste (22,5%).

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