Aos 59 anos, Dona Neusa Costa Moreira da Silva, está aprendendo a ler e escrever, mas a sua principal motivação para aprender é o que tem chamado a atenção de muitos: ler a Bíblia.
Ativa em sua congregação, da Igreja Assembleia de Deus, em Campo Mourão (PR), Dona Neusa integra um grupo de mais de 14 milhões de pessoas, a oitava maior população de adultos analfabetos do mundo. Mas ela não se conformou em permanecer nesta situação e se cadastrou em um programa de alfabetização de adultos do Estado.
Duas vezes por semana, ela pega seu caderno, lápis, borracha e apontador e se reúne com outras 14 mulheres de sua turma para aprender a ler e escrever em uma sala do Colégio Estadual Professor Darcy José Costa, em Campo Mourão.
"A gente não sabe ler e escrever. Fica muito dependente das outras pessoas. Chega uma carta, um talão de luz e de água e a gente não entende nada que tem ali. Agora vou ficar firme nos estudos para poder ler a Bíblia e os cânticos do hinário da igreja", diz ela.
A cerca de três quilômetros da escola onde Dona Neusa e suas colegas de turma estão sendo alfabetizadas, outra sala de aula é improvisada em um barracão, no Conjunto Residencial Fortunato Perdoncini. O lugar simples também está recheado de histórias de adultos que não desistiram do sonho de aprender a ler e escrever.
Exemplo disso, é a Dona Rosa Maria, 62 anos, que conta que só conseguiu aprender a ler e escrever alguma coisa quando mais nova, porque o fez escondida dos pais. Naquela época, a alfabetização era "um privilégio dos homens" na zona rural.
"Meu irmão mais velho "estudava e me ensinava em casa, tudo escondido”, revelou.
O programa Paraná Alfabetizado é uma ação do governo do Estado em parceria com o programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação.
O objetivo é reduzir o índice de analfabetismo em todo o Paraná e estimular os alfabetizando a continuar seus estudos.