Um ativista LGBT que anteriormente se mostrou favorável à ação contra uma padaria da Irlanda do Norte, que se recusou a fazer um bolo com uma mensagem a favor do casamento gay, surpreendeu a muitos, quando assumiu que mudou de idéia sobre o assunto.
Peter Tatchell, um proeminente ativista LGBT do Reino Unido, escreveu uma coluna para do jornal 'The Guardian' da última segunda-feira (1), que ele passou a defender os direitos dos donos e do gerente da padaria 'Ashers', em Belfast, Irlanda do Norte.
Tatchell disse que, mesmo discordando da opinião dos profissionais cristãos sobre a homossexualidade, no entanto, ele acredita que a empresa tenha o direito de se recusar a fazer um bolo pró casamento gay.
"Por mais que eu quisesse defender a comunidade gay, eu também quero defender a liberdade de consciência, de expressão e de religião", escreveu Tatchell.
"Na minha opinião, exigir que as empresas ajudem a promover ideias às quais se opõem é uma violação de suas liberdades. A discriminação contra as pessoas deve ser ilegal, mas é um direito delas, se opor a ideias".
Tatchell também argumentou que a decisão inicial contra a padaria no ano passado, que incluiu uma multa de cerca de 500 libras "estabelece um precedente preocupante", que pode levar a muitos outros incidentes preocupantes.
"Isso levanta questões, como: impressoras muçulmanas deveriam ser obrigadas a publicar caricaturas de Maomé ou os judeus seriam obrigados a publicar as palavras de alguém que nega o Holocausto. Ou até mesmo padeiros gays seriam obrigados a aceitar encomendas de bolos com insultos homofóbicos?", continuou Tatchell.
"Se o veredito da 'Ashers' permanecer o mesmo, isto pode, por exemplo, incentivar extremistas de direita exigir que as padarias e outras prestadoras de serviços facilitem a promoção de opiniões anti-imigrantes e anti-muçulmanas. Isto deixaria as empresas incapazes de se recusarem a decorar bolos ou imprimir cartazes com mensagens intolerantes".
Em 2014, a padaria 'Ashers' foi levada a tribunal pelo ativista LGBT Gareth Lee, após ter se recusado a fazer um bolo pró casamento gay, com os personagens da Vila Sésamo: Bert e Ernie.
Em maio do ano passado (2015), um juiz do Tribunal do condado de Belfast julgou os proprietários da 'Ashers', culpados de discriminação, concluindo que, embora os funcionários tenham crenças religiosas "genuínas e profundamente arraigadas", como um estabelecimento comercial, não estavam isentos da 'lei anti-discriminação'.
O Gerente Geral da 'Ashers', Daniel McArthur disse à BBC News que sua recusa não tinha nada a ver com a orientação sexual de Lee, mas sim com a mensagem específica que o ativista queria no bolo.
"Nós dissemos desde o início que o nosso problema era com a mensagem que estaria no bolo e não com o cliente. Não sabíamos qual era a orientação sexual do Sr. Lee e isto não era um fator relevante", disse McArthur .
"A decisão sugere que todos os empresários terão de estar dispostos a promover qualquer causa ou campanha, não importa o quanto eles não concordem com isso".