Não é de hoje que termos como “cura gay” e outros assuntos relacionados à homossexualidade têm gerado discussões entre cristãos, militantes e homossexuais.
Na época em que foi proposta a lei que assegurava o direito de que psicólogos pudessem aconselhar e ajudar gays que manifestassem a vontade de mudar de comportamento quanto à sua sexualidade, Marco Feliciano foi acusado por muitos militantes LGBTT como o idealizador da chamada cura gay.
A recente cassação da psicóloga Marisa Lobo trouxe à tona de volta o assunto, em razão da profissional ter atendido e ajudado homossexuais que quiseram seguir outra orientação sexual.
Em uma conversa franca com o Portal Guiame, o Pr. Arlei Lopes buscou esclarecer questões como a “Cura Gay” e comprovar que é totalmente possível que o ser humano abandone as práticas da homossexualidade.
“Quero deixar claro que essa nomenclatura ‘Cura gay’ não existe, pois a homossexualidade não é doença”, destacou.
O nome do pastor chegou a ser divulgado em sites como o “IGAY” (IG) como sendo um dos ex-gays que têm apoiado Marisa Lobo e protestado contra a cassação do registro profissional da psicóloga cristã.
Ordenado pastor em 2004 pela Igreja Missão Evangélica Jaboque, atualmente Arlei cumpre o seu chamado específico na área de Restauração Emocional e Espiritual no Ministério Haima de Restauração e lidera o Ministério GAAP Brasil - Um grupo de apoio aos que lutam pela sua identidade sexual restaurada.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Portal Guiame: Em depoimento postado em seu perfil oficial do Facebook e também enviado a sites como o IG, você se denominou "ex-gay", o que vai contra muitas opiniões da nossa sociedade pós-moderna (de que gays nunca abandonam este comportamento). Quanto tempo levou para que este processo de transformação acontecesse em sua vida?
Pr. Arlei Lopes: Essas opiniões a que você se refere de que “gays nunca abandonam este comportamento” não refletem nossa sociedade, mas apenas parte dela, especialmente grupos isolados que disseminaram essa propaganda ideológica mentirosa. Já que a homossexualidade e a heterossexualidade são comportamentos sexuais apreendidos, podem, portanto, ser modificados.
Meu processo de restauração interior, não teve como objetivo central a sexualidade, a reorientação sexual foi apenas parte do processo de restauração das múltiplas feridas emocionais, psicológicas e comportamentais que sofri em minha infância (tais como abuso sexual, rejeição, ausência paterna, incesto emocional, entre outros). Estes fatores auxiliaram para o desenvolvimento do comportamento homossexual em minha vida. O processo de transformação foi ocorrendo gradativamente. Deus, através de sua Palavra, foi restaurando os traumas, as rejeições, os abusos, os vícios comportamentais e, como consequência desse processo de restauração em minha alma, fui me sentido livre das atrações homossexuais, isso deve ter levado uns 15 anos aproximadamente. Durante esse período, pude experimentar o amor de Deus revelado em Jesus Cristo. Este amor não é uma questão apenas de conhecimento e sim de vivência e ao entrarmos em contato direto com esse amor incondicional somos restaurados completamente e nos tornamos pessoas mais felizes e satisfeitas, pois é assim que me sinto hoje.
Guiame: Em seu depoimento, você também apoiou a psicóloga cristã, Marisa Lobo (erroneamente acusada de promover a "cura gay"). Como você poderia diferenciar este termo do processo pelo qual você passou?
Arlei: Quero deixar claro que essa nomenclatura “Cura gay” não existe, pois a homossexualidade não é doença. O que ocorre é o que a Psiquiatria chama de Orientação Sexual Egodistônica, isto é, pessoas cientes de sua preferência sexual, mas que desejam uma orientação sexual diferente por causa de transtornos psicológicos e comportamentais, que podem ser alterados. Hoje tenho contato pessoal com mais de 100 pessoas que deixaram a homossexualidade no Brasil, mostrando que existe sim a reorientação sexual. Em outros países, a restauração da sexualidade é algo visto com naturalidade. Porém, atualmente o conselho de psicologia está impedindo, pessoas como eu, e tantos outros de serem ajudadas pelos profissionais da psicologia; e por isso muitos têm recorrido à fé cristã para conseguir ajuda. As pessoas que queiram deixar de ser homossexuais têm o direito humano de fazê-lo, recebendo ajuda profissional como qualquer outro cidadão brasileiro, negar esse direito a essas pessoas é uma forma de coação e de autoritarismo não condizentes com o Estado Democrático de Direito.
Guiame: Atualmente, a Igreja tem sofrido com questões que vão além da prática homossexual. Pornografia, adultério e até mesmo pedofilia também se colocam atualmente como mazelas que não somente rondam como adentram o seu território. Em sua opinião, como a Igreja tem reagido a tudo isso, atualmente?
Arlei: Parte da igreja nunca soube lidar de maneira equilibrada sobre essas questões. Durante muito tempo, tudo era encarado apenas como questões espirituais, mas hoje essa perspectiva está sendo modificada. A visão sobre esses assuntos tem sido ampliada. Atualmente compreende-se que o ser humano precisa ser trabalhado nas três esferas, corpo, alma e espírito, para conseguir adquirir uma vida biopsicossocial e espiritual equilibrada. Essa compreensão, porém, tem sido adquirida de forma gradativa. Muitas falhas ainda são cometidas por esta parcela da igreja evangélica ao lidar com essas mazelas, mas temos buscado em Deus e obtido sucesso. Isso se dá também graças à ação de grupos de apoio que têm se levantado com esta missão e dado suporte aos ministérios que necessitam.
Guiame: É possível que a Igreja se posicione em relação à militância LGBTT sem que uma guerra seja armada?
Arlei: Acredito que sim, desde que sejam respeitadas crenças, valores morais e espirituais de ambos os lados. Porém, infelizmente, as pessoas que deixaram a homossexualidade são discriminadas pela militância LGBTT, já que estes não aceitam a reorientação sexual, agindo de forma arbitrária e preconceituosa, ignorando uma minoria que já abandonou a homossexualidade. A questão não é apenas esta, mas também o fato de existir preconceito em relação à fé cristã, já que aqueles que a seguem, o fazem por livre escolha.
Por João Neto – www.guiame.com.br