O Líbano está passando por uma das piores crises econômicas de sua história, desde 1850, e enfrenta uma escassez significativa de combustível, o que tem afetado o fornecimento e a fabricação de alimentos básicos, como o pão.
Relatos de necessidades e total desespero tem se espalhado pela mídia, principalmente com a perda de 90% do valor da moeda nacional. Isso significa que 75% da população está vivendo na pobreza, conforme o Mission Network News.
E mesmo nesse cenário de crise, a esperança tem se manifestado de maneira incrível. “Deus está se movendo e os corações estão mudando em meio ao desespero. Vimos o amadurecimento das pessoas”, disse Pierre Houssney, da Horizons International — organização que investe na evangelização de muçulmanos.
“Genuína sede espiritual”
Segundo Pierre, muitas pessoas estão abertas para receber o Evangelho. “Vimos uma genuína sede espiritual”, disse ao relatar que as barreiras tradicionais do povo estão desmoronando.
“As pessoas estão se abrindo para a esperança em Cristo. Um homem em Beirute, que trabalhava em uma prestigiosa empresa imobiliária, perguntou se a Horizons poderia ajudá-lo”, revelou o evangelista.
“Timidamente, ele me perguntou onde poderia se inscrever para receber uma porção de comida porque trabalha por comissão e não tem salário. Isso é inédito no Líbano. As pessoas eram tão orgulhosas de seu estilo de vida rico e nunca admitiriam precisar de ajuda”, explicou Pierre.
‘Cristãos estão servindo a comunidade’
Pierre também conta que os cristãos ortodoxos e os católicos eram muito resistentes e não se envolviam com os evangélicos. “Eles nos viam como uma seita e não participavam de nenhum tipo de atividade realizada pelos cristãos”, lembrou.
Além disso, o cristianismo está muito fora dos padrões religiosos conhecidos pelos muçulmanos. “Mas, em meio à crise, as pessoas precisam de líderes e estão conhecendo nossa visão de liderança, que é servir a comunidade”, disse.
Projetos da Igreja financiados pela AIS (Ajuda à Igreja que sofre) também estão dando aos cristãos a esperança de dias melhores, apesar da pobreza ao redor.
O que fez disparar a pobreza no Líbano?
Há dois anos, houve uma enorme explosão no porto de Beirute, que matou pelo menos 220 pessoas e feriu milhares, devastando partes da capital. Vários silos de grãos foram danificados e desmoronaram.
O acidente foi considerado “uma das maiores explosões não nucleares da história”, conforme o CNN News, e foi causada por enormes estoques de nitrato de amônio mantidos no local do porto e negligenciados desde 2013.
O primeiro-ministro na época disse ter sido informado sobre o composto químico, mas ninguém alertou a população sobre os perigos que ele representava. A investigação sobre a explosão está paralisada há mais de seis meses.
A situação no Líbano começou a se deteriorar em 2019. Em 2020, além da pandemia, houve a explosão no porto de Beirute e, desde então, o colapso econômico se instalou.