A Bíblia diz que “haverá fomes em vários lugares”, conforme Mateus 24 e, no livro de Apocalipse, diz que haverá um tempo de escassez extrema de alimentos, em todo o mundo, de acordo com Apocalipse 6, onde é descrito de forma simbólica, a passagem do “cavalo preto”, por ocasião da abertura do terceiro selo.
Diante das atuais notícias, podemos dizer que esse tempo está próximo? Uma reportagem recente da CBN News explica que ninguém pensava na “cadeia de suprimentos” antes de março de 2020, quando a pandemia de Covid-19 começou.
“Nós gostávamos de conseguir o que queríamos, quando queríamos. A pandemia mudou isso”, disse um empresário que destaca a escassez não só de alimentos, mas de vários recursos.
Outros entrevistados pela CBN citaram a falta de estoque em diversos segmentos e a incrível mudança no hábito de consumo.
Falta matéria prima, falta produção, falta tecnologia, falta quase tudo. Mas, está faltando algo que é vital para a vida humana: água e alimento. E, consequentemente, na realidade econômica, quando há escassez, o preço sobe e a pobreza aumenta.
A Bíblia e o mundo atual
De volta ao texto bíblico de Apocalipse 6, o terceiro selo anuncia exatamente a alta no preço dos alimentos, quando relata de maneira simbólica que o cavaleiro tinha na mão uma balança e uma voz dizia: “Um quilo de trigo por um denário, e três quilos de cevada por um denário, e não danifique o azeite e o vinho” (Ap 6.5-6).
Especialistas bíblicos explicam que o cavalo preto simboliza a escassez e que a balança era usada para pesar o alimento. O denário era uma moeda de prata que correspondia ao salário médio de um dia de alguém assalariado.
O trigo era o alimento principal no mundo antigo, e a cevada era o alimento mais barato, por isso mais acessível aos pobres. Em tempos normais, um denário poderia comprar de 12 a 16 quilos de alimento.
O texto profético, portanto, aponta para um período de situação tão crítica que as pessoas não serão capazes de comprar nem o alimento para o próprio sustento. Na época em que esse texto foi escrito, estes eram os principais alimentos das nações naquelas regiões, essenciais à vida comum, daí o motivo de serem citados nas Escrituras.
Tudo indica que a profecia aponta para um abalo muito grande na economia mundial, mas ainda não chega a ser uma catástrofe, por isso é um evento que não pertence à Grande Tribulação e sim ao “princípio das dores”, conforme alguns especialistas bíblicos.
Crianças do Anganwadi (centro infantil rural) do povoado de Rampuria, Rajastão, Índia. (Foto: Lys Arango/ACH)
Previsão de crise econômica e recessão
Ainda de acordo com a reportagem da CBN News, “as indústrias estão sendo obrigadas a pagar até três vezes mais pelos suprimentos do que no passado e, ainda assim, mal conseguem o suficiente para manter as portas abertas”.
“Coisas que costumavam custar 9 mil dólares para serem enviadas aumentaram muito e agora custam cerca de 20 mil”. Alguns estão prevendo que essa situação pode gerar uma crise econômica preocupante, inflação alta e, em seguida, a recessão.
O que colaborou para a alta no preço dos alimentos?
De acordo com a BBC News, o preço global dos alimentos, hoje, é um dos mais altos da História moderna e dispararam quase 33% em setembro de 2021, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O dado é do índice de preços de alimentos mensal da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO, que também identificou que os preços globais subiram mais de 3% desde julho, alcançando níveis que não eram vistos desde 2011.
O índice de preços dos alimentos é programado para registrar o resultado das alterações combinadas de preço numa gama de produtos alimentícios, entre eles azeites vegetais, cereais, carne e açúcar. Os preços são comparados mês a mês.
Há protestos acontecendo no Oriente Médio e Norte da África por causa do alto preço dos alimentos que contribuíram, inclusive, para a queda de vários governos, como por exemplo, Líbia e Egito.
Ainda de acordo com a BBC News, o que mais contribuiu para esse cenário foi o preço dos combustíveis, o clima e a pandemia por Covid-19. A alta do preço do petróleo, iniciada em 2020, afetou os preços de todos os produtos alimentícios do índice da FAO, ao elevar os custos de produção e transporte de alimentos.
A escassez de mão-de-obra como resultado da pandemia reduziu a disponibilidade de trabalhadores para cultivar, colher, processar e distribuir alimentos. Os consumidores não só têm de pagar mais caro por cada alimento, mas também têm renda que vale menos. Além disso, a capacidade tecnológica e organização socioeconômica não conseguem lidar com condições climáticas imprevisíveis e desfavoráveis.
Crianças do Anganwadi (centro infantil rural) do povoado de Rampuria, Rajastão, Índia. (Foto: Lys Arango/ACH)
Fome, sede e pobreza pelo mundo
Uma reportagem do Gazeta do Povo, do dia 30 de setembro, mostra que a Venezuela tem 94,5% da população vivendo na pobreza, ou seja, mais de três em cada quatro venezuelanos sofrem com a extrema pobreza e com renda insuficiente para garantir as suas necessidades alimentares.
As conclusões são da Pesquisa Nacional de Condições de Vida 2021, realizada pela Universidade Católica Andrés Bello (UCAB). “O empobrecimento tem sido dramático”, disse o economista venezuelano Pedro Palma, ao comparar os resultados do último levantamento aos dados de nove anos atrás, quando a porcentagem estava em 32,6% e a extrema pobreza em 9,3%.
Mas este é apenas um dos exemplos. Na Coreia do Norte, há relatos de pessoas morrendo de fome, em campos de quarentena e o ditador Kim Jong-un admitiu crise alimentar no país. Há muitas outras nações em situação semelhante.
Além da comida, falta água também e há guerras acontecendo por causa disso. A escassez de água afeta aproximadamente 40% da população mundial e, segundo estimativas das Nações Unidas e do Banco Mundial, secas poderiam colocar 700 milhões de pessoas em risco de deslocamento em 2030.
Muitos observadores como Van der Heijden estão preocupados pelo que poderia acontecer. “Se não há água, os políticos vão tentar controlar esse recurso e é possível que comecem a brigar por ele”, disse em entrevista à BBC News.
A crise da água tem estado todos os anos, desde 2012, entre os cinco maiores perigos na lista de Riscos Globais por Impacto do Foro Econômico Mundial. A maior parte dos conflitos está relacionada à agricultura que representa 70% do uso da água doce no planeta.
Na região de Sahel, na África, por exemplo, há registros frequentes de violentos enfrentamentos entre pastores e agricultores devido à escassez de água para seus animais e cultivos.
Como enfrentar os dias difíceis?
Não parece haver previsão de melhora, pelo menos, não por enquanto. Mas, há como enfrentar os dias difíceis e encarar as profecias bíblicas com naturalidade, afinal, elas fazem parte da Palavra de Deus e são para o bem de seus filhos.
Conforme Matheus Ortega, autor do livro “Economia do Reino”, em entrevista recente para o Guiame: “existe o papel do cristão em meio à desigualdade e injustiça social no mundo” e mesmo com notícias alarmantes “a Igreja pode se unir para estabelecer o Reino de Deus na Terra”.
Ortega, que trabalha com projetos sociais em países pobres, como Haiti e Namíbia, já atuou no combate à desigualdade social junto à ONU e disse ter enfrentado as duas faces da desigualdade social: “a extrema pobreza e riqueza abundante” e disse que foi através dessas experiências antagônicas que o seu novo livro surgiu — Economia do Reino.
É importante lembrar que, no Reino de Deus “não há rico nem pobre”, pois todos são um em Cristo Jesus. A desigualdade social que enfatiza tanto a pobreza e a fome no mundo não deve ser motivo de preocupação para os cristãos.
“Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor? ’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus.” (Provérbios 30.7-9)